XXIV - Desencontro Temporário

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Numa corrida desenfreada, Firefang deslocava-se como nunca o havia feito em toda a sua vida. O seu coração batia acelerado como um tambor que rufava incessantemente numa cerimónia importante. As patas batiam no chão com força e intensidade, deixando várias marcas na lama fresca que se acumulava no solo proveniente da humidade da noite.

Pela sua cabeça passavam-se todos os tipos de cenários. Nenhum era bom ou melhor, sabendo ela antemão que Ryan era um rapaz frágil mesmo transformado num vampiro. Ele poderia estar a ser ajudado por uma vampira que até possa ser amiga dele, mas as demonstrações de traição de Pandora foram mais conclusivas que nunca, quanto ao seu desejo tenebroso de querer matar o seu irmão a qualquer que fosse o custo. Por isso não queria de forma alguma arriscar estar longe dele.

- Raios Pandora! O poder afetou-te a cabeça de tal maneira, que te está a transformar aos poucos num monstro - gritou ela em pensamentos enquanto corria na sua forma de raposa.

Ashley desde o inicio que não confiara na sua filha Pandora, as suas atitude haviam-no demonstrado á muito tempo, só que a rainha das raposas não entendia o porquê de ela escrever na última carta que ele deveria de se encontrar com a própria irmã e protegê-la. Deu a entender á mesma de que deveria de existir uma mensagem escondida por detrás de tais palavras.

- Tenho a certeza que quiseste dizer alguma coisa ao Ryan, mas como é que devemos de saber o que é? - voltou a questionar-se em pensamentos.

Durante a sua corrida, Firefang detetou um aroma incrivelmente familiar. Naquele caso até foram dois, mas só um deles é que fora mais conclusivo. Todos estavam rodeados por outros cheiros como o álcool, suor e lúxuria. Não lhe agradou nem um pouco, quanto á ideia de Ryan ter estado ali perto mas sem fazer cerimónia, impôs força nas patas aumentando assim o impulso da sua movimentação conseguindo chegar mais rápido ao local designado.

Por detrás de um enorme algomerado de árvores, deparou-se com o que parecia ser uma espécie de edifício. Por fora o mesmo era bastante decrépito e apodrecido. As janelas mostravam estar todas quebradas ou cobertas de rachas, inclusive as madeiras que compunham a estrutura não estavam melhores. O sinal de acumulamento de bolor era bastante visível. Por cima da entrada onde saía a fraca iluminação refletida do interior daquele local, ela observara uma placa de madeira ainda maior. Nela estavam pintadas letras cor de laranja e de forma desleixada. Pelo aspeto, a pessoa que as fizera não estava minimamente interessada em beleza ou na decoração. Antes de entrar, voltou a transformar-se na sua forma humana caminhando em torno daquele edifício.

- O Barril Sorridente? - pronunciou ela achando o nome absolutamente ridículo - Espero que não apareça nenhum ser asqueroso do seu interior, oferecendo-me cobre para fazer coisas indecentes. Caso isso aconteça, eu arranco-lhe logo a cabeça - Sorriu-se gostando da ideia.

Dando uma ultima volta em redor daquele estabelecimento hediondo, Firefang decidiu entrar. Quando se aproximou para abrir a porta, as suas patas ao caminharem sobre o alpendre fizeram a madeira prenunciar-se com uns quantos ruídos. Colocou a mão na porta e entrou sem quaisquer mais demoras.

O interior fora tal e qual como ela imaginara. Muitos bêbados, cheiro a suor que era suficiente para provocar náuseas a qualquer um, assim como o homem que estava a servir por detrás do balcão que era realmente nojento.

Perante a sua beleza estonteante enquanto mulher-raposa, todos os que estavam presentes pararam tudo o que estavam a fazer, para admirar aquele ser belo. Firefang pouco ligou aos olhares, e caminhou diretamente para o balcão onde encontrou o mesmo homem que tanta repulsa lhe causava. Surpreendeu-se quando viu que ele era um anão. Fora difícil para ele aperceber-se daquele facto, porque este estava a usar um degrau grande que acompanhava todo o comprimento do balcão para ficar mais alto.
Esta sentou-se num dos bancos que lá estavam, e cruzou os seus braços em cima do balcão.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora