Pandora não sabia o que fazer ou dizer. Com um encontro que ela mesma considerava ter sido uma benção, estava a chegar ao fim. Ela sabia pela sua experiência, que Ryan não possuía quaisquer hipóteses de vencer o general numa batalha. Ele não havia gostado dele, e iria usar esse mesmo facto para desfazer o jovem vampiro.
Para evitar que o seu plano fosse desmascarado, Pandora esteve alguns largos minutos a dar todo o tipo de conselhos, ligados ao combate. Quais os tipos de socos ou pontapés a usar, qual a postura correta a manter para conseguir desviar dos ataques inimigos, tudo. Tudo e mais alguma coisa ela transmitiu ao seu irmãozinho, para que este não fosse bem sucedido, mas também não fosse tudo descoberto.
A sua alegria media-se pelo mesmo comprimento que compunha os corredores do castelo. Cada metro que caminhavam só fazia aumentar a sua gana de chegar ao trono, assim como Elegwen transformar-se-ia no seu braço direito. As iluminações ainda conferiam um brilho mais maquiavélico, aos olhos dela que observava o vazio de forma cega e sedenta por poder.
- Nunca pensei que pudesse ficar tão feliz - disse Pandora escapando-lhe em voz alta.
- Disseste feliz? - Perguntou Ryan confuso
- Sim... Quer dizer... Estou feliz por... - gaguejou em demasia procurando por uma desculpa apelativa - poderes demonstrar o quão bom és.
- Gostava de estar tão confiante como tu, mas apenas terei de dar o meu melhor.
- Verás que te sairás bem, não te preocupes, eu tenho fé em ti.
- Não tenho resposta para te dar. - esfregou a sua cabeça rindo-se - Quero começar o quanto antes, para que isto acabe o quanto antes.
- Claro que sim, correrá tudo bem depressa - concluíu num tom hipócrita não conseguindo ser perceptível para Ryan.
Com a sua confiança a ficar um pouco abalada, o jovem vampiro virou a sua atenção para a arena onde iria lutar. Lá, eram realizados todos e quaisquer tipos de combates.
Muitas das lutas eram para entretimento quer dos ricos ou líderes. Todas eram violentas e sangrentas, resultando quase sempre na morte de um dos lutadores. Mas isso não causou qualquer impacto na mente do jovem vampiro. De uma certa forma, era quase como se estivesse mentalizado para aquilo que o espera.
Nem uma ponta de medo estava visível no rosto do rapaz. A sua determinação, estava aliada ao facto de se ter transformado num vampiro, e do sofrimento que passara no mundo humano. Todo o seu psicológico parecia estar adaptado a qualquer tipo de sofrimento.
- Eu estarei numa das laterais das bancadas, que pertence á tribuna real. - explicou Pandora dando-lhe um beijo na testa - Desejo o melhor para ti... meu irmão.
As palavras da princesa foram como leves penas, que repousaram nos ombros do rapaz. Sentia alguma pena dela, mas novamente achava que o destino se havia encarregado de o levar até aquela situação, sendo que não havia nada que pudesse ser feito para alterar.
Ficando sozinho, isto porque Egelwen havia-se ido igualmente sentar nas bancadas, tomou alguns segundos para admirar aquele cenário em que estava metido.
A arena era um local enorme. Fora construída em formato oval, e possuía milhares de bancadas que davam visão para os mais brutais dos combates. No centro das bancadas e na fila mais elevada, ficava situada a tribuna real. Este era um local reservado apenas para os reis, soldados de patente alta e guardas pessoais.
Tudo estava num grande alvoroço, acabando por deixar o rapaz surpreso quanto á velocidade com que a noticía do combate se espalhara, permitindo que aquele local ficasse cheio de gente em tão pouco tempo.
Do lado oposto aparecera finalmente o seu oponente, o general Rumen. O local por onde entrara demonstrava ser bastante escuro, deixando apenas visível os seus olhos encarnados, como o mais puro dos sangues.
Era óbvio no rosto daquele vampiro, a vontade ardente de destruír o rapaz. Todo o seu corpo tremia de excitação, levando-o a abanar um pouco os ombros para aliviar a tensão. Antes que se desse o inicío de qualquer confronto, Pandora levantou-se do seu lugar na tribuna real, erguendo os seus braços no ar desejando fazer o típico discurso antes do combate começar.
- Para todos os que estão presentes aqui nesta Arena, eu agradeço a comparência de cada um de vós. Como já sabem a natureza deste combate, o general Rumen irá defrontar o meu irmão, querendo testar as suas capacidades enquanto potêncial líder. As regras são muito simples. Aquele que perder... será obrigado a abandonar Ardonos, para nunca mais voltar.
O anúncio das regras, fizera os ânimos de todos os que estavam a assistir, disparar de uma maneira exagerada. Apenas no ar se fazia ouvir o nome Rumen. Estavam a fazer de tudo para exercer pressão no rapaz, levando-os até a atirar com fruta podre para o fazer desistir a qualquer custo.
- Rapazola estás preparado? - perguntou Rumen com um sorriso malevolo no rosto lambendo os seus lábios.
Ryan nada disse, ficando apenas á espera que a sua irmã desse a ordem para começar. Mesmo sabendo que ia perder, desejava com todas as suas forças poder fazer um combate relativamente bom, não querendo partir com má memórias.
- Podem começar! - ordenou Pandora em voz alta.
As palavras ecoram na cabeça do jovem vampiro, servindo-lhe de combústivel para se mover. Diante de si o general desapareceu como um relâmpago, deixando-o em parte incerta. Ryan parou de imediato o seu avanço, não sabendo para onde é que ele havia ido.
- O que foi? Estás assustado? - perguntou Rumen aparecendo temporariamente atrás dele.
Ryan deu um soco no vazio, atingindo em absolutamente em nada. A sua falha fizera o seu oponente rir-se inumeras vezes, levando-o a achar aquele cenário deprimente.
- Rumen, não brinques e acaba com isso de uma vez por todas! - Gritou Pandora da tribuna real exibindo pela primeira vez uma expressão nova e assustadora. - Quando ganhares eu caso-me contigo!
Ryan foi apanhado de surpresa por tal ordem. Fora quase como se o seu corpo tivesse ficado congelado no tempo.
- O quê? - Ryan reagiu confuso
- Vês rapazinho, aqui ninguém gosta de ti, nem mesmo a tua irmã. - provocou o general avançando a correr na direção dele com a sua espada nas mãos - Agora desaparece!
Com os seus braços a cobrirem o seu rosto, ele não conseguia ver absolutamente nada. A sua imortalidade deu-lhe a sensação de ser realmente pequena, levando-o a temer pela sua sobrevivência.
Enquanto mergulhado naquele seu mar de pensamentos, diante de si surgiu alguém com grande velocidade. Fora um bocado difícil para ele conseguir perceber quem era. Só os seus cabelos cor carmesim, e a sua roupa negra é que denunciaram aquele ser.
Fora a estranha que o estava a ajudar. Não estava a perceber o porquê. Sem dar por si, caíu de joelhos ao chão, vendo ela a parar com grande facilidade a espada do general, com apenas as suas mãos.
- Cuidado! - gritou ela para ele - Ryan aguenta-te aí!
- Aguento-me? - Ryan franziu o sobrolho confuso - O que se passou...
Sem acabar a frase, ele sentiu uma dor dilacerante no seu ombro direito. Não dando por nada, o seu braço estava coberto de sangue e com um enorme corte.
Ainda á pouco, o general usara a espada como distração para baralhar o inexperiente vampiro, usando depois alguns projeteis guardados no seu corpo para o ferir. A experiência que ele estava a passar era de sono, dor e dormência. Toda a visão começou a falhar, fazendo o corpo cair no chão tal como se tratasse de um morto.
No final toda a visão ficou escura, apagando por completo não sabendo mais o que se estava a passar, entregando-se á verdadeira natureza da dor que estava a sentir.
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O Rei Vampiro - As Relíquias Perdidas
VampireUm rapaz chamado Ryan, mora numa pequena e pacata aldeia, onde se torna no foco de muitas atenções, sendo que nenhuma delas é das melhores. A sua enorme perspicácia e poder de advinhação, levam as pessoas a acharem-no uma aberração, outras acham que...