XX - O Barril Sorridente

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Sobre o caminho enlameado, Ryan e Kharis caminharam até á porta da bem dita taberna que surgira diante deles. Fora em boa altura, dado ao facto de ambos necessitarem de beber alguma coisa para restabelecerem um pouco das forças, bem como para tentarem extrair alguma informação que os pudesse ajudar.

Com cuidado a vampira colocou a sua mão na velha porta de madeira, exercendo depois força para abrir a mesma com cuidado. Ao entrarem, foi logo possível sentir o aroma a álcool e luxúria que se fazia sentir no ar. Todo o estabelecimento era velho, e aparentava necessitar de uma boa limpeza conseguindo o jovem vampiro dar por conta dos grãos de pó a caírem-lhe no ombro, assim que a porta se fechou atrás deles.

Os olhos de ambos varreram todo aquele cenário em que estavam. Do teto a pouco iluminação dava a sensação de estar a alumiar os mortos num cemitério, enquanto uma série de clientes se embebedavam no balcão. Kharis fez um breve sinal com a cabeça para Ryan, transmitindo-lhe para que tivesse calado.

As passadas foram calmas e coordenadas, entrando em conjunto com o relógio de parede que ficava por cima do balcão. O cheiro a álcool e suor conseguia provocar náuseas, e ficava pior a cada metro de chão que percorriam. Ryan manteve-se sempre ao lado de Kharis, caso fosse necessário ajuda nalguma coisa.

A servir os clientes, estava homem de estatura bastante baix mas musculada. Era um anão. Este tinha um bigode farfalhudo e desleixado, com uma cicatriz em forma de estrela numa das bochechas. As suas roupas estavam imundas, com várias nodoas de diversas cores com a do vinho a saltar mais á vista, graças á sua tonalidade vermelha escura.

- O que é que querem? - perguntou o homem com uma voz arrogante.

- Duas canecas de cerveja para mim e para o meu amigo - respondeu Kharis mantendo sempre uma postura calma, escondendo a sua identidade no escuro do capuz.

- Uma rapariga a beber álcool? - O homem sorriu com ideias depravadas na cabeça - Muito bem, que assim seja.

Ele ausentou-se dirigindo-se para o interior do bar, passando por duas portas de madeira, típicas de se ver em qualquer estabelecimento daquele genéro. Só o seu ruído velho e apodrecido causava irritação para ela.

- Este lugar é horrível - disse Kharis observando cautelosamente á sua volta.

- Concordo, mas o pior é mesmo o cheiro. Isto está impossível de se estar aqui muito tempo. - Ryan manteve-se discreto sem querer levantar mais suspeitas.

Os olhos da vampira foram chamados á atenção por uma placa de madeira bolorenta, que estava pregada a uma viga de madeira com pregos. As letras estavam desvanecidas e escritas á pressa, mas a informação era legível o suficiente para se ler. Ela servia para dizer que aquela taberna possuía quartos para alugar á noite. Kharis pensou logo de imediato que se aquela espelunca já era horrível, então os quartos deveriam de estar um autêntico pesadelo.

Não era necessário ser-se incrívelmente inteligente para se perceber isso, mas tal pensamento pouco lhe preocupava visto que queria não atraír muitas atenções.
Não foi necessário muito tempo, até o homem que os atendeu vir do interior da taberna transportando nas suas mãos duas canecas grandes de cerveja.

- São duas moedas de cobre - disse o homem continuando com a sua arrogância e hálito demolidor.

- Aqui está - respondeu Kharis deixando cair em cima do balcão uma pequena bolsa com vinte moedas de cobre - fica para pagar as cervejas e o aluguer de um quarto para esta noite.

Com um movimento desconfiado, o homem imundo agarrou na mesma bolsa de cabedal contando nas suas mãos a totalidade que lhe havia sido dito. As moedas deslizavam nas suas mãos gordurosas e rechondudas, exibindo o seu rosto um olhar hipnotizado, demonstrando o quanto amava o cobre.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora