XIX - A Procura

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A floresta assobiava suavemente uma bela melodia de primavera, dando permissão ás primeiras flores para desabrocharem. Do interior das tocas das árvores surgiam alguns pequenos animais em busca de alimento, correndendo em várias direções distintas.

Ryan mantinha-se deitado no chão, com os olhos fechados e ainda adormecido. A estranha colocava diversos panos no rosto do rapaz, estranhando o facto da pele dele estar quente. Acompanhado desta temperatura elevada, a cor tambem mostrava estar alterada, com um vermelho vivo tal como se estivesse com febre.

- Hmm - gemeu abrindo lentamente os olhos.

- Tem calma - respondeu ela com uma voz doce e meiga - está tudo bem. Eu vou te ajudar.

Com calma e cuidado, Ryan ergeu a sua cabeça olhando de um lado para o outro. A primeira coisa que os seus olhos meio empoeirados viram, foi o corpo de alguém. Não foi fácil de entender quem era, mas aos poucos percebeu de que se tratava da estranha.

O rosto continuava coberto, mas o brilho vermelho dos seus olhos destacou-se com facilidade no escuro do seu capuz. Por detrás das roupas dela, os raios de sol brilhavam intensamente conferindo uma pintura de leves contornos embelezados.

- Por favor... não me toques. - pediu Ryan levando a mão á cabeça sentindo dores.

- Porquê? Tu estás a necessitar de cuidados. - Voltou a empurrá-lo delicadamente para se deitar. - Não estás em condições algumas de fazer exigências...

- Já te disse para me deixares! - empurrou-a com alguma dificuldade - Eu não quero ajuda de ninguém!

- Mas que raio de reação é essa!? Eu salvei-te a vida, e é assim que me agradeçes? - perguntou indignada.

- Tu viste o que aconteceu ainda á pouco, não é verdade? - levantou-se do chão colocando as mãos para facilitar a tarefa - O ser em que eu começei a confiar mais, traíu-me sem qualquer piedade. Tantas foram as suas falinhas, que eu na minha ingenuidade acreditei.

A estranha levantou-se da posição para onde havia sido afastada. Era perto de uma árvore com ramos secos, e o solo era arenoso. Com atenção observou Ryan, deixando-o desabafar á vontade não o interrompendo uma única vez. Ela própria já havia sido traída por pessoas que de quem gostava bastante, acabando por ser extremamente doloroso.

- Não há ninguém que.. não conheça a princesa de Ardonos. - procurou pelas palavras certas tentando ganhar a sua confiança - A sua atitude prepotente e desumana, não a deixa passar despercebida pelos olhares atentos daqueles que a rodeiam.

- E tu conhêce-la para estares a falar assim? - perguntou Ryan num tom arrogante - Tu sequer sabes do que estás para aí a falar? Tu não imaginas o que é ser traído por aqueles que pensamos gostarem de nós!

- Eu não vou valorizar essa tua última frase, compreendendo o facto de estares desiludido. - caminhou para um lago de dimensões pequenas.

- Dares-me resposta? - riu-se da hipócrisia ainda não acreditando no que estava a ouvir - Desde que apareceste diante de mim nunca me disseste nada de jeito. Não me dizes como é que te chamas, não falas comigo ou com ninguém, e agora vens me falar de respostas?

A estranha baixou a cabeça, sabendo que não poderia revelar demasiados pormenores a estranhos. Estava-lhe grato por este ter salvo a sua vida, mas não iria confundiar as coisas.

- Tens razão. Foste tu que me salvaste não me abandonando ao desconhecido. Isso é algo que eu não esquecerei.

Ryan expirou, mostrando vestigíos de se querer acalmar.

- Não me podes ao menos dizer como te chamas ou mostrares-me o teu rosto?

- Kharis, é o meu nome - retirou cuidadosamente o capuz da sua cabeça - E esta... é a minha verdadeira aparência.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora