XV - Sala do Trono

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Pandora aproximava-se com a sua aia Neiva. A princesa caminhava de maneira bela e calma através dos grandes corredores do castelo, enquanto que a aia limitava-se a segui-la com a cabeça ligeiramente mais baixa.

Ardonos era um reino onde a escravidão, violência e violações eram totalmente proibidas, quem tentasse sequer cometer tais atos corria o risco de ser condenado á morte. As aias pertenciam ao grupo de seres que com mais facilidade eram atacadas. Muitas eram atraídas para florestas, becos das aldeias, assim como eram compradas pelo seu silêncio através dos mais abastados e poderosos, obrigando-as a cometer todo o tipo de atos sexuais que os compradores mais desejassem.

Novamente apesar de ser altamente proibido, elas não se podiam prenunciar á cerca dos crimes por duas razões muitos simples. A primeira passava por ninguém acreditar na palavra delas, por serem apenas reles criadas. A segunda era porque caso tentassem sequer fazer queixa, os que obrigaram a cometer os atos pagavam a assassinos profissionais na tentativa de as silênciar.

Como medida preventiva, Pandora mantém sempre os olhos abertos para que seres inocentes não fossem apanhados nessa mesma teia.

Antes de estar perto o suficiente do seu irmão, a princesa de Ardonos sorriu de uma maneira doce, espantando tudo e todos. Ryan fez o mesmo, e retribuiu o sorriso.

- Pandora o que fazes aqui? - Perguntou Ryan preocupado agarrando gentilmente nas mãos dela - Não devias de estar a tratar da ferida do teu braço, e a descansar um pouco?

- És igualzinho á mãe - Pandora cobriu um pouco da sua boca escondendo um breve sorriso - eu sou uma vampira Ryan, não pertenço á classe das humanas que são altamente frágeis e fracas.

- Posso então assumir que me achavas fraco, quando ainda era humano? - Perguntou fingindo-se sério.

- Nunca em toda a minha imortalidade, meu irmão - tentou fazer-se de séria entrando na brincadeira mas acabou por se desfazer em risos.

A aia foi quem mais espanto mostrou no seu rosto, abrindo ligeiramente mais os olhos do que era costume.

- Passa-se alguma coisa Neiva? - Perguntou Ryan curioso detetando a expressão da aia.

- De modo algum meu senhor - baixou o olhar - Apenas... fiquei surpresa por ver a minha senhora a rir-se. É algo muito raro.

- Neiva, quem te ouvir falar parece que eu ando sempre séria.

- Não me admiraria absolutamente nada - retorquiu Ryan pelo canto da boca.

Neiva riu-se timidamente.

- Achas-te piada minha querida? - Pandora voltou a entrar na brincadeira.

- Perdão minha senhora, eu apenas achei graça ao comentário do soberano, nada...

A princesa de Ardonos explodiu a rir-se quando se deparou com a cara atrapalhada da aia.

- Estaca a brincar contigo Neiva. Eu sei que andei durante muito tempo triste e em baixo, mas era perfeitamente normal afinal eu não via o meu irmão á anos. Penso que isso deixou todo o meu ser desmotivado, e os meus sentimentos baralhados.

- Eu sei senhora, e sei pelo que passou durante este tempo todo - Respondeu Neiva agarrando no seu peito sentindo a mesma sensação de impotência.

- Já algum tempo que me dizes isso - Pandora detetou alguma melancolia vinda da aia - Não há nada que queiras desabafar comigo?

Neiva não desejou contar nada ali naquele momento. Educadamente negou o que a sua senhora pedira, tratando-se de um assunto particular

Ryan olhou de forma aprofundadamente através do corredor que se estendia através da fonte do conselheiro. Um grupo de grandes soldados foi avistado á distância do lado esquerdo, enquanto que do lado direito direito seguia uma fila de homens de estatura um pouco mais alta que um humano. Ambos grupos dirigiram-se de forma coordenada para uma porta enorme e negra. No seu centro descansava a imagem de uma fera de grande porte. As suas pinças eram afiadas e a sua cauda pingava com várias gotas do que parecia ser veneno. Ryan entendeu logo de imediato que se tratava de um escorpião.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora