I - Encontro

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O relógio marcava as oito horas da noite, com os seus ponteiros a marcharem ritmadamente com cada segundo que passava. O seu som juntamente com a neve que caía, pareciam ter combinado ambas para criarem aquele ambiente de pura beleza e tranquilidade.

As crianças da vizinhança pareciam começar a juntar-se umas com as outras, para a tão acostumada noite de Halloween. Cada qual trazia nas suas mãozinhas, um saco de papel, ou um pequeno balde em forma de caveira. A sua utlidade era a que mais agradava á criançada, com o recolher dos doces, acompanhado pela famosa pergunta, Doce ou Travessura.
Neste mesmo local, morava um jovem rapaz chamado Ryan, mas os mais maldosos tinham por tendência esquecer-se do seu nome, alcunhando-o de cobarde.

Para ele o Halloween era totalmente diferente do das outras crianças, sendo que passava fechado em casa, tornando-o num alvo fácil das travessuras alheias.
Ryan era o típico jovem que desenvolvera uma baixa autoestima, dificultando em muito o dialogo com os outros vizinhos. A sua falta de confiança era o resultado das más experiências que sofrera, ao ser acusado inúmeras vezes de ser um monstro ou um bruxo, por causa da sua perspicácia e da elevada capacidade de advinhar o futuro.

Muitas eram as tentativas dos seus vizinhos em tentar comunicar, ou até mesmo aproximarem-se dele, mas o resultado acabava por ser sempre o mesmo. Corria para o interior de sua casa trancando-se nela, parecendo um animal a fugir de um caçador.

Mas á cerca de duas semanas atrás antes do Halloween, deu-se algo que mudara a sua rotina diária.
A porta de sua casa foi alegremente entoada pela bela melodia, que provinha da campainha. Sendo algo realmente fora do normal, este não teve outra alternativa senão dirigir-se para a abrir. As suas mãos tremiam, a sua testa suava em demasia, assim como os seus movimentos pareciam conferir-lhe uma postura robotizada. Abriu uma pequena frecha da porta, e colocou parte da sua face, tentando perceber quem seria.

- Quem é? - Perguntou ele com a sua voz trémula.

Havia sido um dos momentos que mais lhe espantara desde que ali vivia, isto porque nem sequer acreditava no que estava a ver. Á sua porta estava uma jovem tão bela, que parecia ter sido retirada de um conto de fadas.

Ela transportava na sua mão um pequeno caderno, típico das raparigas com dezenas de bonecadas e ursinhos, e na outra um pequeno carrinho, onde carregava vários frascos, estando eles cheios com todo o tipo de pequenos doces, que se tornaria no desejo de qualquer goloso. A sua beleza era imponente, deixando o jovem Ryan encantado com os seus belos cabelos loiros, e os olhos púrpura, que tanto brilho transmitiam.

- Olá, bom dia - cumprimentou a jovem de maneira cordial e de sorriso no rosto.
Para além de bela, também aparentava ser extremamente educada.

- Eu vendo de porta em porta vários doces...

Antes que ela pudesse terminar a sua apresentação, Ryan interrompeu-a.

- Peço desculpa, mas não estou interessado em nada.

- Mas a sério, tu tens aspeto de quem gosta de comer...

Com aquela sua saída, rapidamente a palavra educação, ganhara um significado diferente. Essa sua atitude deixara visível os olhos encarnados e húmidos do jovem Ryan. Sem mostrar qualquer piedade ou intenção de continuar aquela conversa ridícula, este fechou-lhe a porta com força na cara.

A rapariga apenas se limitou a ficar boquiaberta perante aquela reação, dizendo em voz baixa, "passou-se".
Com a sua primeira abordagem na vizinhança falhada, era de sua obrigação continuar a sua tarefa.
Quando se preparava para ir embora, ela foi surpreendida quando pode ouvir atrás de si algumas passadas
Todas pareciam estar-se a aproximar.
Eram alguns dos vizinhos do rapaz. Todos eles demonstravam expressões sérias, tristes, e outros apenas se limitavam a seguir uns aos outros.
A mulher mais velha que vinha á frente deles, foi quem dirigiu a palavra primeiro.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora