O Rei Vampiro - As Relíquias Perdidas

XII - Chegada do Herdeiro

Ardonos é um dos reinos que possuí a maior zona territorial. É habitado por cerca de quinze milhões de habitantes, entre eles das mais variadas raças. Vampiros, minotauros, elfos, são as raças em maior número.

O ponto marcante do império, passa pelas suas enormes riquezas, bem como as rotas de comércio que mantém com alguns dos seus alíados. Joias, ouro e animais eram a moeda de troca mais usada, mas devído aos recentes ataques aos reinos das redondezas a segurança dos portões principais tornou-se mais intensificada.

Para conseguirem entrar em Ardonos, os mercadores ou visitantes são submetidos a uma revista corporal completa. Leves toques eram feitos pelo corpo mas por cima das roupas, assim como as carroças eram minuciosamente revistadas não deixando escapar nem um jarro de sementes.

As torres de vigia, seguiam o comprimento de toda a muralha. Eram cerca de cento e cinquenta, com cada uma delas protegida por arqueiros inteiramente competentes, assim como uma poderosa besteira que disparava flechas de tamanho colossal e de longo alcançe.

O reino em si aguardava ansiosamente pelo dia em que o seu rei chegasse, para herdar o trono que Ashley deixara vago á cerca de trinta anos. Devido á longa espera, nenhum deles sentia-se confiante o suficiente para confiar num novo rei. Seria como uma criança sofrida das inúmeras tristezas da vida, confiar numa nova familia adotiva, e esse sentimento não conseguiria ser ultrapassado por um pequeno encontro. Para a função de representante do reino, Pandora fora aquela que desempenhara o papel mas como princesa, e não como rainha. Não era a posição que desejava desempenhar, não que lhe faltasse competência, mas o carinho que nutria pelo seu irmão era suficiente para esperar pelo seu retorno afim de o ver coroado rei.

Ninguém sabia que Ryan viria naquele dia. Seria uma surpresa para muitos, mas Pandora certeficar-se-ia que tudo seria realizado de uma maneira calma, e sem quaisquer conhecimentos de tal.

- Chegámos finalmente - disse Pandora caminhando através das poças de lama que se acumulavam da água da chuva.

- Princesa, sei que deseja entrar de maneira pacífica dentro do reino, mas como tenciona fazer isso com o seu irmão nos braços? - perguntou o homem caminhando a seu lado.

- Simples soldado - Pandora olhava para os portões do reino que se aproximavam á distância - quando saí, eu fiz questão de organizar um pelotão de soldados para nos escoltarem. Sei que a multidão não irá reagir bem, mas por enquanto é prioritário não estarmos expostos a grandes concentrações de pessoas. Apesar de termos umas fortes defesas, nunca é demais precaver.

- Concordo Princesa - disse o soldado sorrindo-se.

Ryan repousava nos braços de sua irmã, com o seu rosto pálido apoiado nos braços dela. Os olhos mantinham-se fechados, a boca seca como palha, assim como a sua mente divagava num sono profundo. Fragmentos de acontecimentos surgiam no seu psicológico, como um fio de lã tecendo o seu caminho até formar uma peça de roupa.

Pandora pretendia deixá-lo descansar, querendo que ele recuperasse a energia despendida. Não escondia o facto de aquela transformação a preocupar. Esteve fora dos seus planos, os poderes negros responderem de uma maneira tão violenta, fazendo com que desencadeasse uma reação daquela magnitude.

- Princesa - o guarda notou na expressão preocupada que aparecia no rosto dela - Sei que há algo que a preocupa.

- Pensei que já estivesses na guarda á tempo suficiente para me conheceres. Eu sou uma vampira que não se deixa assustar ou afetar por estes imprevistos.

Ryan começou-se a mexer enquanto no colo dela, surpreendendo-os aos dois. A sua voz parecia a de uma pessoa que acabara de acordar, abrindo os olhos com alguma dificuldade.

- Mano, já estás acordado? - reagiu surpresa a olhar para ele.

O jovem vampiro fez sinal para que ela o colocasse no chão. Pandora dobrou-se um pouco, deixando os pés dele tocarem no chão para se colocar de pé. Este rodou o seu pescoço de um lado para o outro assim como as costas, produzindo uma série de estalos voltando ao normal.

- Porque estava eu no teu colo? - passou a mão no seu próprio pescoço.

Pandora olhou para ele confuso.

- Não te lembras do que se passou?

- Passou-se alguma coisa que eu deva de saber? - perguntou curioso.

A princesa de Ardonos não iria contar o que se havia passado, não pelo menos até a cabeça do rapaz estar mais estabilizada e calma.

- Não, mas a meio do caminho encontrá-mos esta rapariga. - Pandora apontou para a vampira que havia tocado no rosto de Ryan - Achei que tivesses alguma ideia do que querias fazer com ela.

- Ela está de capuz, eu não lhe consigo ver o rosto - Ryan aproximou-se.

- É algo que me intriga igualmente. Já me apeteceu retirar-lhe, mas eu quis mesmo esperar que tu acordasses. - respondeu Pandora circulando em torno da vampira desconhecida - O veneno que eu te injetei, sobre carregou o teu corpo em demasia fazendo com que desmaisses. Lamento meu irmão.

- São pormenores irrelevantes Pandora. - Ryan sorriu enruscando o braço ao de sua irmã - Eu sei que gostas de mim e me respeitas, eu jamais iria censurar a tua atitude visto que foi para o meu próprio bem.

Curioso, o recém transformado aproximou-se da misteriosa mulher que cobria o seu rosto com o capuz. Ele não se recordava, mas Ryan já havia visto o rosto belo daquela mulher só não se lembrava. Os breves minutos que sofrera o desequilibrio dos seus poderes, fizera com que parte do seu psicológico se esquecesse de tudo.

- Como te chamas? - perguntou Ryan aproximando-se dela.

O soldado que estava com eles tentou agarrar no capuz que ela usava, desejando arrancá-lo á força. A mulher sentiu a aura hóstil daquele homem, fazendo com que se encolhesse assustada.

- Não faças isso! - ordenou Ryan exibindo uma expressão séria.

- Mas senhor...

- Faz o que te foi dito - disse Pandora calmamente.

O soldado recolheu a sua mão, voltando á sua postura reta fazendo uma breve vénia com a cabeça mostrando arrependimento.

- Mano, o que desejas fazer com ela?

- Não a vou fazer prisioneira. Eu quero conversar com ela, tentar conhecê-la para saber na realidade quem é. - Ryan virou-se para as muralhas de Ardonos. - Para tal vou necessitar que me ajudes nestes assuntos. Não conheço os cantos á casa, para tal vou deixar nas tuas mãos para que trates bem dela.

- Como desejares meu irmão - Concluíu Pandora mostrando grande respeito.

Novamente voltaram a andar em direção ao reino, onde conseguiram avistar a grande comução dos mercadores á entrada do portão. Ninguém mostrava interesse na aproximação daquele sujeito estranho. A sua postura calma e olhos vermelhos penetrantes, intimidavam aqueles que o observavam, fazendo com que abrissem caminho. Pandora era igualmente intimidante, tanto pela sua postura séria assim como já era conhecida pelos seus metodos ortodoxos.

Duas fileiras de soldados caminhavam em paço acelerado em direção á princesa de Ardonos, parecendo ignorar por completo aquele sujeito que ali estava. De ambos os lados criaram uma barreira com os seus corpos, para que não deixassem ninguém se aproximar da atual líder do reino de Ardonos.

- Princesa, seja bem vinda de volta! - cumprimentou o general do exército

- Foi rápido, mas é bom regressar a casa.

- A sua satisfação é a mesma que a nossa. - colocaram todos o punho cerrado no peito - Permita que pergunte quem é o cavalheiro que a acompanha?

Pandora olhou para Ryan, sorrindo-se com orgulho por o ter ali perto dela.

- O cavalheiro encantador que me faz companhia, é o vosso futuro rei...