X - Inimigos á Porta

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Pandora saiu com Firefang da casa pequena onde haviam estado desde que chegaram. Elas correram entre as árvores de madeira grossa e robusta, conseguindo-se desviar com grande agilidade e elegância, tal como se fossem cisnes a dançar num lago de água límpida e cristalina.

Conforme foram avançando, a princesa de Ardonos conseguia ouvir as passadas dos inimigos, procurando por uma árvore alta e de porte grande. Ao fazê-lo, trepou com facilidade usando os seus dedos como ganchos para se prender á madeira. Firefang não deixou de ficar surpresa com aquela manobra, fazendo-a lembrar um autêntico primata.

- Princesa vê alguma coisa? - perguntou Firefang projetando a sua voz para que ela a ouvisse.

Pandora olhou em diversas direções, detetando uma série de discrepâncias na vegetação. A baixa vegetação dançava levemente ao sabor de movimentos quase sónicos, saltando da direita para a esquerda e vice-versa.

Ela saltou de imediato para baixo, juntando-se a Firefang que não possuía uma audição de longo alcançe, mas o seu faro nunca a enganava.

Cerca de quatro inimigos avançavam demasiado rápido para que olhos normais conseguissem ver, mas para elas aquilo era demasiado fácil.

- Raposa, vai pela esquerda, eu fico com a direita!

- Certo.

Firefang pulou por cima de um tronco velho e apodrecido que se atravessava no caminho, transformando-se por completo em raposa. Todo o seu corpo foi envolto em chamas ardentes, ficando coberta de pelo alaranjado e lustroso. Foi uma mudança na altura certa, porque logo de imediato apareceram dois inimigos diante dela.

- Casacas negras outra vez? - pensou para si - Não desistem.

Os olhos dos predadores eram impossiveis de passar despercebidos. Possuíam duas cores destintas, sendo vermelhos e dourados. Ao contrário do que os povos de Hadril pudessem pensar, os casacas negras não tinham defeito de nascença ou problemas de transformação mal sucedida pela coloração dos olhos. Tudo era fruto dos caminhos que decidiram tomar. Ao matar seres da mesma raça e ingerir o sangue de um vampiro que é igual ao seu, todo o organismo reage de forma violenta, dando a aparência e força que tanto os caractriza.

Firefang não se deixou intimidar e cravou as unhas no solo catapultando-se para a frente levando-a correr com extrema agilidade. Os dois casacas negras apareciam em várias posições e voltavam a aparecer, assemelhando-se a puros fantasmas. Ela sem se aperceber, ambos tinham unhas afiadas que com a deslocação efetuaram uma série de golpes não muito profundos na pele da raposa.

- Raios, que rápidos. - disse Firefang tentando-se concentrar.

Um deles pensou que ela estava distraída, e avançou para a matar de vez, mas fora surpreendido. Ela saltou para os troncos das árvores e correu entre elas, fazendo uma dança bela e de chamas ardentes que consumiu tudo em volta dos inimigos, não os deixando fugir.

Ela conseguia ouvir o dialeto que falavam entre ambos, conseguindo perceber a angústia com que estavam. Firefang não era de fazer inimigo algum sofrer, para isso voltou á sua forma normal e empunhou a sua foice. Com ela pulou para o centro das chamas e aplicou uma série de golpes neles, atingindo pernas, braços e terminando nos pescoços, desmembrando-os em vários pedaços.

Antes de ir ajudar Pandora, ela fez um pequeno estalido com os dedos, resultando na extinção de toda e qualquer chama.

- Pandora! - Firefang colocou as mãos perto da boca para se fazer ouvir - Princesa onde está!

A vampira veterana estava numa secção de floresta que até era bastante longe da onde a mulher-raposa estava, a única coisa que a ajudou a localizá-la foi um estrondo que ergeu bastante neve que estava no solo.

O Rei Vampiro - As Relíquias PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora