Lights On • Paulo Dybala

Daylight

Eu e Ágata chegamos no apartamento por volta das quatro horas da manhã. Meus pés doíam por causa do tempo em cima do salto alto, minha cabeça girava devido às luzes da boate e meus ouvidos ainda zumbiam graças a música alta.

A morena passou a viagem de táxi inteira querendo saber detalhes do que realmente havia acontecido na Cacao Torino, mas consegui sorrateiramente desviar das suas perguntas quando entramos no meu quarto, tentando não fazer nenhum barulho, já que meu pai dormia a poucos metros de nós.

- Você realmente não vai me contar como que aconteceu? - Ágata insistia enquanto tirava a roupa apertada no banheiro, vestindo um blusão que eu tinha emprestado.

- Eu já disse o que aconteceu, Ágata. Ele me beijou e pronto. - disse tentando parecer não ligar muito para o caso.

- Isso eu já sei, o que eu quero saber é dos detalhes. - ela se aproximou, deitando do lado esquerdo da cama de casal. - A La Joya da Juventus beija bem? Tem pegada boa? Aquela cara de menino atrevido faz jus ou é apenas fachada?

- Eu não me lembro direito como aconteceu. Eu tava meio bêbada, tinha muita gente ao redor e quando dei por mim já tinha beijado o cara. Apenas isso... Agora podemos mudar de assunto?

Ágata não me respondeu, apenas bufou irritada, se cobrindo com o edredom ao mesmo tempo em que caminhei até o banheiro, entrando e fechando a porta atrás de mim.

Eu sabia que a mentira não tinha colado para a garota, já que nem eu mesma conseguia expressar algum tipo de verdade nas palavras que havia dito. A realidade era que eu me lembrava. Lembrava até demais de todos os mínimos detalhes de Paulo Dybala.

Dos seus olhos e da sua expressão intensa me seguindo por toda a noite. Dos seus dedos entrelaçados em minha cintura. Dos seus lábios que pareciam ter um encaixe único nos meus. Da sua respiração ofegante no meu rosto. Do cheiro delicioso de seu perfume amadeirado. Do gosto do seu beijo, que era uma mistura inebriante de menta com alguma bebida doce que ele tinha tomado momentos antes.

Eu lembrava de absolutamente tudo, como se ficasse repetindo em câmera lenta na minha cabeça.

Fui embora do clube sem dar nenhuma explicação ou informação minha para Paulo, mas era melhor assim. Provavelmente quando ele acordar, já não irá mais lembrar de mim e vida que segue. Foi apenas um lance de uma noite só e eu estava satisfeita com isso.

Tirei meu vestido curto jogando-o no chão, soltando o rabo de cavalo do meu cabelo, entrando em seguida no box do banheiro. A água morna dançou pelo meu corpo, aliviando um pouco o cansaço, tirando também o suor junto com o cheiro das bebidas fortes que eu havia tomado. E de certa forma, lá dentro do meu subconsciente, eu também esperava que a água tirasse qualquer resquício dele do meu corpo.

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- Ragazze, vocês estão vivas? Já são onze horas da manhã.

A voz de Massimiliano invadiu o quarto escuro junto com as batidas tímidas na porta. Ele provavelmente estaria interessado em saber se estávamos bem depois de eu ter saído para uma boate pela primeira vez desde que cheguei em Turim.

Minha cabeça ainda estava zonza enquanto eu pegava o celular de cima do criado mudo, olhando as horas e checando as notificações. Me levantei da cama com cuidado, sentindo o chão frio provocar arrepios nos meus pés, abrindo as cortinas da janela deixando os raios de sol clarearem todo o quarto. Eu amava poder acordar todos os dias já podendo ter essa vista maravilhosa da luz solar iluminando todo o ambiente.

- Já vamos levantar papà. - andei até o lado de Ágata, que estava completamente desmaiada, balançando seu ombro para despertá-la. A garota resmungou, jogando um travesseiro em minha direção.