Tan fácil

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Eu estava de pé, de frente para a porta do apartamento de Paulo a uns cinco minutos, decidindo se tocava ou não a campainha. Toda a explosão de coragem que eu tive quando estava me vestindo e vindo para cá, se esvaiu de mim, ficando ali apenas minhas dúvidas e incertezas.

O que você está pensando, Fiorella? Isso com certeza não vai acabar bem. No final das contas, você vai se machucar e magoar o jogador.

Mas, por outro lado, eu sei que gosto dele. Gosto da sua presença, gosto dos joguinhos bobos, gosto da suas feições. Do olhar de menino que ele tem, do sorriso simpático que brincam nos lábios finos, e até mesmo da ruguinha que aparece no meio da sua testa toda vez que ele muda de expressão.

Durante todos os dias após a sessão de fotos, Paulo me mandou mensagens, seja puxando assunto ou mensagens simples como ''espero que tenha um bom dia''. Foi praticamente inevitável não me render ao papo, e com poucas conversas acabei descobrindo várias coisas sobre o jogador, desde as mais sérias até aquelas peculiaridades bobas.

Ele me contou sobre sua família, sobre como foi lidar com a perda de seu pai e como sua influência fez com que seu interesse pelo futebol crescesse. Soube também que Paulo adora comer porcarias, apesar de não poder fazer isso constantemente, gosta de passar horas jogando videogame com com seus amigos e irmãos, que é viciado em pebolim, e que não pode tomar nada com muita cafeína, porque isso o deixa mais elétrico do que normalmente ele é.

Sua vontade em saber mais sobre mim também era nítido e pela primeira vez na vida, eu consegui me abrir para alguém com uma facilidade que eu mesma estranhei. Comentei com ele sobre como foi me mudar da Itália para a Inglaterra, sobre meu curso e até mesmo sobre o divórcio dos meus pais. Esse último tópico eu falei apenas por cima, não querendo aprofundar muito o assunto, já que era algo que eu não gostava de entrar em detalhes, mas Paulo pareceu entender, não insistindo para saber sobre isso.

Devo confessar que durante esses dias, toda vez que meu celular apitava alguma notificação, parte de mim esperava que fosse alguma nova mensagem. Aquele formigamento no estômago que todo mundo falava estava acontecendo comigo, e eu ainda não sabia como lidar totalmente com isso. Eu estava disposta a ser mais aberta, até digamos que disposta a tentar, mas aquele resquício da sensação de que poderia tudo dar errado ainda estava em mim, me bloqueando as vezes, como nesse exato momento.

Em todas as conversas, ele fazia questão de dizer que estava me esperando na sua casa, para comemorar o seu aniversário. Paulo parecia realmente empolgado e esperançoso com a possibilidade da minha presença e de certa forma eu não queria decepcioná-lo. Ele me avisou que seria algo pequeno, com poucas pessoas e que eu não precisaria me preocupar em relação a exposição, tentando me mais aliviada. Porém, querendo ou não, ir a sua casa já era um passo e tanto, afinal sua família estaria lá e eu não sabia se isso ia ser muito constrangedor.

Respirei fundo antes de tocar a campainha. Paulo morava em um prédio bem parecido com o que eu morava. O porteiro acabou me deixando subir sem problemas, já que estava de sobreaviso que teria uma festa no apartamento do jogador. A porta se abriu e eu dei de cara com Gustavo Dybala, irmão mais velho de Paulo.

- Você realmente veio. - Gustavo foi o primeiro a falar, fazendo um gesto para que eu entrasse. Abri um sorriso tímido, sem entender o que ele queria dizer. - Eu e os rapazes tínhamos apostado que você não ia aparecer.

- Bom saber. - soltei uma risada baixa. - E quem acabou ganhou a aposta? - perguntei, entrando na diversão da brincadeira.

- A única pessoa que disse que você ia aparecer foi o Paulo. - Gustavo riu. - E a mamá. Mas acho que ela só não queria decepcionar o filho no dia do seu aniversário.

Lights On • Paulo DybalaOnde histórias criam vida. Descubra agora