Ruin

8K 503 275
                                    

2 semanas depois.

Não estava sendo fácil tirar Paulo Dybala dos meus pensamentos.

Mesmo tendo consciência de que isso não seria uma tarefa simples, principalmente nos primeiros dias longe de Turim, nunca pude imaginar que eu não conseguiria passar nem um minuto sequer sem pensar nele ao longo dessas duas semanas.

Não saber como ele estava, não saber o que ele estava fazendo naquele exato momento ou até mesmo como ele tinha se saído nos últimos jogos da Juventus, tudo isso criava uma angústia enorme dentro da minha cabeça e do meu estômago.

Me peguei diversas vezes olhando para o celular, esperando sua mensagem no horário típico pós treino, onde ele sempre perguntava sobre como estava minha aula na faculdade. Porém logo a realidade caía em meus ombros, me dando conta de tudo que havia acontecido e que sua mensagem de texto não chegaria.

A saudade é um sentimento que nunca para de doer. Ela corrói de dentro para fora. Existem vários tipos de saudades, já tinha experimentado algumas delas durante a vida, mas agora eu tinha descoberto duas coisas sobre mim mesma: que a saudade mais dolorida é a de quem se ama, e sim, eu amava aquele maldito jogador.

Eu sentia falta da sua presença, dos seus beijos, dos seus carinhos, do seu cheiro, daquele sorriso de lado que ele dava toda vez que iria falar alguma coisa para me provocar. Sentia falta das nossas noites deitados no sofá vendo filme, do jeito como ele gostava de brincar com meus dedos entrelaçados nos seus e da sua carinha de menino carente toda vez que deitava em meu colo, pedindo para eu fazer carinho em seus cabelos finos.

Se antes eu pensava que sair da Itália iria ajudar a melhorar meu estado de espírito ou até mesmo conseguir superar e esquecer Dybala, agora percebia o quão errada estava, pois a cada instante essa inquietude ficava pior. Precisei sair da minha zona de conforto para finalmente começar a entender o que se passava dentro da minha mente e do meu coração, mas agora infelizmente era tarde demais.

Paulo não parou de me seguir nas redes sociais, mas fez questão de apagar todas as fotos relacionadas a nós dois do seu Instagram. Eu compreendia sua mágoa, mas nunca quis que o mesmo acabasse me odiando no final das contas. Ainda assim, sabia que era uma forma dele seguir em frente e respeitava isso.

Não tê-lo ao meu lado era um machucado em exposto, que sangrava abertamente para qualquer pessoa ver e sabia que Paulo também se sentia assim, principalmente com as diversas especulações. Eu tinha conseguido fugir do meio do furacão, já ele não podia ter esse privilégio. Ao longo desses quatorze dias, evitei qualquer tipo de contato com sites e notícias, ficando apenas em meu Instagram onde compartilhava algumas fotos que tirava em Londres.

Deixar para trás minha rotina na cidade italiana era outra coisa que não estava sendo fácil. Eu já estava acostumada com minha casa, com meus amigos, com minha faculdade, até mesmo com o quiosque da praça principal e com a cafeteria onde costumava passar a tarde estudando. Eram as pequenas coisas do dia a dia que já estavam entrelaçadas dentro de mim, fazendo aquela sensação de vazio e estranheza parecer ainda mais forte. Nunca na vida pensei que iria me sentir deslocada estando em Londres, na casa da minha mãe, mas era isso que eu sentia no momento.

A saudade de Massimiliano também era algo que estava sempre ali, mas era amenizada pois o mesmo não me deixou de lado.

Max ligava todos os dias, perguntava como eu estava, sobre as coisas que eu estava fazendo na cidade e até mesmo umas perguntas soltas sobre dona Glória, porém nunca mencionava nada relacionado ao jogador ou sobre como estava o clima em Turim. Meu pai entendia que eu precisava de um tempo e respeitava isso, mas a minha vontade de perguntar sobre como Paulo estava era enorme e às vezes o questionamento chegava na ponta da língua, mas me controlava e desviava do assunto.

Lights On • Paulo DybalaOnde histórias criam vida. Descubra agora