What lovers do

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Era hora do intervalo, eu estava sentada como sempre em uma das mesinhas que ficavam na lanchonete de frente pra faculdade, esperando Ágata chegar. Enquanto tomava meu café, sentindo minha cabeça latejar, eu me perguntava porquê diabos eu tinha aceitado ir para uma festa de Halloween com a garota na noite passada. A morena estava animada pois encontraria o tal cara que ela estava ficando.

Eu não costumava sentir ressaca ou algo do tipo, mas hoje minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, provavelmente culpa do tal ponche que eu tinha tomado na festa. A única coisa boa dessa noite foi que a maioria das pessoas que estavam lá frequentavam a universidade de Turim e pude me enturmar mais, até mesmo conheci um rapaz que está estudando na mesma turma que eu.

Avistei Ágata se aproximando, indo primeiro na lanchonete, fazendo um pedido para um dos atendentes. Depois ela andou em minha direção, sentando na cadeira que estava de frente para a minha. A garota usava um óculos escuro preto, seu cabelo estava bagunçado num coque frouxo e aparentava estar tão ruim quanto eu.

- Você já experimentou a sensação da morte? - ela sussurrou, colocando uma das mãos na testa. - É exatamente isso que eu tô sentindo. Isso só pode ser o pedágio da morte, e eu já estou com o pé na frente da cancela.

Soltei uma risada baixa, tocando a mão da garota que estava em cima da mesa. O atendente se aproximou da gente, colocando um copo de café duplo na frente de Ágata.

Depois do jogo, eu não tinha comentado absolutamente nada com a garota, e ela também não tinha notado nada de estranho. Quando voltei para seu lado no lounge do Allianz, ela me perguntou para onde eu tinha ido, e eu acabei dizendo que estava no banheiro. Não sei como, mas Ágata não avistou Paulo naquele dia, me dando um alívio enorme, já que eu não sabia o que ela poderia fazer se tivesse visto ele lá.

Eu não gostava de omitir as coisas para Ágata, afinal ela era a única pessoa que eu poderia contar o que estava acontecendo. Mas também me sentia pressionada, porque eu sabia que ela iria passar dias me enchendo sobre o assunto. Eu já estava bastante confusa sobre meus sentimentos e ter alguém do meu lado tentando me influenciar não iria me ajudar.

- Eu preciso te contar uma coisa. - interrompi a garota, que estava falando sobre algo da festa de ontem. Ágata me encarou desconfiada, seus olhos verdes quase lendo minha mente.

- No dia do jogo, eu encontrei o jogador pelos corredores do Allianz. - comecei a contar, vendo a morena arregalar os olhos. - Ele me chamou pra sair, mas eu recusei. Antes que você venha me dar algum sermão, por favor tenta entender meu lado.

- Por que você não me contou isso antes? - Ágata perguntou, e eu pude sentir um tom chateado em sua voz. Ok, eu sei que ela tem o direito de ficar aborrecida por eu não ter comentado antes.

- Eu tô muito confusa e estava insegura de contar pra você antes. - disse, tomando um gole do meu café, esperando que minha amiga não ficasse brava.

- Olha, eu entendo você ter guardado isso pra você e eu prometi que não iria mais ficar brincando com esse assunto, mas Fiorella, você tem que parar de pensar demais. - Ágata dizia brincando com seu copo de café. - Para de tentar ficar se policiando, se repreendendo. Você pode tá perdendo a chance de encontrar alguém incrível.

- Eu sei disso. Não quero começar algo sem saber exatamente o que eu quero. Mas você já pensou no tanto de coisa que vai me rondar se eu me envolver com esse cara?

- Então para de pensar! Você pode tá perdendo momentos ótimos com ele apenas por estar com medo de ter a vida exposta. - a garota me repreendeu.

Lights On • Paulo DybalaOnde histórias criam vida. Descubra agora