Capítulo 22

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Luisa

Ela estava deitada naquela cama gélida, pálida, sua cabeça sem o lenço estava cheia de marcas, um tubo ocupava o lugar do sorriso que outrora me fizera apaixonar, suas mãos estavam frias e sem vida, as unhas roxas pela pouca oxigenação, quem a via daquele jeito a achava serena, de um jeito até bonito se olhasse por outro ângulo. Cada célula minha gritava desesperada, meu corpo ainda doía, meu coração batia devagar e de um jeito doloroso.

A pior coisa era ve-la daquele jeito e não poder fazer nada, absolutamente nada. Às vezes fico pensando o que seria da minha vida se eu não tivesse a conhecido, se eu nunca tivesse entrado naquela loja, se Amanda não tivesse me dado a chance de me aproximar da Ally, se nada tivesse sido como foi.

Minha vida passou a ter mais sentido depois da chegada dela, cada segundo que passamos juntos cada sorriso, cada abraço, foram momentos únicos, e eu levarei para o resto da minha vida.

– Eu quero você longe daqui. – Lya fala. – Você não tem o direito de estar aqui nesse momento.

– Você acha mesmo que ela ia querer você aqui nesse momento? Você a abandonou, a deixou para viver sua vida, vai cuidar da sua filha que está lá na sua casa, ou vai abandonar ela com o pai também e fugir com um garotão de novo? Pra tempos depois você voltar e ver a sua filha morrendo em uma cama de hospital e não poder fazer nada, você não teve participação nenhuma aqui Lya. Presta atenção a sua volta, veja onde você está, olhe para essa cama. – grito. – Olhe e veja sua filha morrendo.

Lya chorava, eu fui dura nas palavras, mas eu estava cansada dessa mulher querer me por para baixo.

– EU SEI QUE EU A ABANDONEI. – grita. – NÃO PRECISA ME LEMBRAR DISSO TODA HORA.

– Então entenda, que parte do que está acontecendo com a Allysson e sua culpa. – Joseph aparece na porta. – entenda que você matou metade dala quando foi embora, e a outra metade está indo também. Minha filhinha... – as duas últimas palavras saem em um sussurro.

Meu coração estava apertado dentro do peito, minha alma parecia que iria saltar de dentro de mim, eu não me conformava em ficar ali só olhando, deixando-a.

Eu, em toda a minha vida, nunca amei ninguém assim, não como eu amo a Allysson, não quando tudo nela completa tudo em mim, não quando cada célula do meu corpo necessita de cada parte do corpo dela, o cheiro dela que me fazia ir a lugares inimagináveis, eu preciso dela tanto como preciso de ar para respirar.

E eu a perderia?

Minha mãe veio me ver. Ficou comigo, acho que ela chorou mais do que eu.

– Oh filha, dói tanto em mim ver você sofrendo desse jeito. – ela disse assim que chegou ao hospital.

Eu estava com saudade da minha mãe, minha mãe é a minha razão de continuar, é minha razão de querer sempre o melhor. Ela ficou assim, abraçada, colada a mim, durante todo o tempo, depois conversou com o Joseph e acredito que eles tenham se entendido.

Meu coração já esgotou a cota de sofrimento.

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Allysson

Quando me disseram que eu iria fazer uma cirurgia é que eu tinha 75% de chances de não aguentar, e 80% de chance de não dar certo. E que cada segundo contava, por incrível que pareça eu não me desesperei.

Eu só conheci os meus irmãos (e talvez futuros salvadores) por fotos, eles pareciam com o meu pai, mas era visível a aparência deles com a Lavínia. João Miguel era mais parecido com o meu pai do que a Maria, ela tinha também alguns traços fortes do meu pai, mas era mais parecida com a mãe.

Isso é Amor (Romance Lésbico) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora