Você É Tudo Que Eu Tenho! - Concluído.

Capítulo 2

---

Sentada no sofá da sala, observei o relógio que marcava 22:51. O silêncio confortável da casa me envolvia, interrompido apenas pela presença suave de Valentina, que repousava a cabeça em meu colo.

— Mamãe, quando vamos pintar o meu quarto? — sua curiosidade tranquila preenchia o ambiente enquanto acariciava seus cabelos dourados.

— Em breve, meu amor — respondi, com uma voz serena, enquanto continuava a deslizar os dedos pelos fios macios.

Ela, fiel à sua natureza espontânea, rapidamente mudou de assunto.

— Hoje a professora disse que haverá uma excursão. A senhora me deixa ir? — Sua vozinha ansiosa ecoou pela sala.

— E quando será essa excursão? — perguntei, buscando entender mais detalhes.

— Ela não mencionou a data, mas eu acho que vai ser logo — respondeu, a confiança em suas palavras refletindo a inocência de uma infância despreocupada.

— Vou verificar direitinho, está bem? — assegurei, esboçando um sorriso ao contemplar aqueles olhos curiosos que pareciam carregar o peso do universo.

— Sim, mamãe — Valentina retribuiu o sorriso, sua pureza desarmante iluminando o ambiente.

Nesse instante, a porta se abriu e Chloe irrompeu com sua energia contagiante.

— Boa noite, meus amores!

Valentina, sempre exuberante, saltou do sofá e correu para os braços da tia.

— Titia! — exclamou, envolvendo-se em um abraço caloroso, enquanto Chloe a recebia com um sorriso largo e afetuoso.

— Esta garotinha está ficando cada vez mais pesada! — brincou Chloe, fingindo esforço para sustentá-la.

— A mamãe disse a mesma coisa! — gargalhou Valentina, contagiando o ambiente com sua alegria.

Era hora de dormir, então me aproximei para guiá-la até seu quarto.

— Está na hora, filha. Despeça-se da sua tia.

— Boa noite, titia! — Valentina disse, com um olhar sonolento.

— Boa noite, loirinha! Durma com os anjinhos — respondeu Chloe, beijando a testa da sobrinha com carinho.

Valentina se virou para mim, com aquele afeto sincero que sempre me emocionava.

— Boa noite, mamãe. Eu te amo muito.

— Boa noite, meu anjinho. Eu te amo ainda mais. E não se esqueça de escovar os dentinhos, hein? — avisei, sorrindo.

— Tá bom, mamãe! — respondeu ela, seguindo em direção ao seu quarto com passinhos leves.

Assim que Valentina desapareceu de vista, Chloe voltou sua atenção para mim, acomodando-se no sofá ao meu lado.

— Como foi o trabalho hoje? — perguntei, já antecipando uma de suas respostas exageradas.

— Ah, tirando o episódio em que quase matei meu chefe, foi tranquilo — respondeu Chloe, com seu habitual tom sarcástico.

— Quase o quê? — inquiri, sorrindo diante da irreverência de minha irmã.

— Quase matei meu chefe — repetiu ela, com um sorriso travesso nos lábios.

— Tenho até medo de saber o porquê — brinquei, rindo.

— Porque ele é um folgado, mandão... — suspirou, revirando os olhos. — Manda quem pode, obedece quem tem juízo, não é o que dizem?

— Pois é, Chloe, você sabe que é verdade — respondi, ajeitando-me confortavelmente no sofá.

— Bem, juízo é o que me falta — comentou, fazendo-nos rir ainda mais.

— Não brinque com fogo para não se queimar — alertei, a risada ainda ecoando em minha voz.

Chloe, entretanto, logo desviou do assunto, como era seu costume.

— Ah, a Liam me ligou hoje — mencionou casualmente.

— Aquela sua amiga que mora longe? — indaguei, surpresa.

— Ela mesma.

— E o que ela queria? — perguntei, curiosa.

— Nada demais. Só disse que, se souber de alguma vaga de emprego, vai me avisar — respondeu, acomodando-se no sofá ao meu lado.

— Obrigada por isso — agradeci, sabendo que Chloe sempre pensava em mim.

— Não foi nada — disse ela com um sorriso. — Mas, mudando de assunto... O que você preparou de jantar?

— Lasanha, seu prato preferido — respondi, observando seu olhar brilhar de imediato.

— Humm... você sabe como me conquistar — ela lambeu os lábios de maneira quase teatral. — Mas, sinceramente, prefiro comer antes de tomar banho.

Dei de ombros, rindo, enquanto ela se levantava e caminhava em direção à cozinha. Enquanto preparava seu prato, nossa conversa fluiu por assuntos triviais, preenchendo o ar com a familiaridade que tornava tudo mais leve e acolhedor.

---