Você É Tudo Que Eu Tenho! - Concluído.

Capítulo 11

Acordei alguns minutos antes do habitual, um fenômeno tão raro que quase considerei uma epifania. Decidi descer para preparar meu café da manhã. Remexi na geladeira e retirei as sobras de pizza — um prato que sempre se mostrou mais inspirador do que o trivial cereal matutino. Enquanto isso, coloquei um café forte para ferver; minha forma de encarar o dia com uma dose extra de vigor.

— Bom dia. — A voz suave de Chloe me surpreendeu ao entrar na cozinha.

— Bom dia. O que a traz acordada a esta hora? Uma revelação divina? — Perguntei, notando os olhos vermelhos e inchados que denunciavam uma noite mal dormida, como se ela tivesse travado uma batalha contra os sonhos.

— Passei a noite em claro, não consegui dormir. — Ela suspirou, exausta, como se tivesse acabado de correr uma maratona de pensamentos.

— O que aconteceu? — Empurrei uma cadeira para que ela se sentasse, minha preocupação instantaneamente aguçada.

— Não sei ao certo. — Ela respirou fundo, como se estivesse organizando um discurso de defesa. — Simplesmente não consegui dormir.

— Teve algum pesadelo? Ou estava pensando no Sebastian? — A menção do nome dele me fez estremecer, embora eu soubesse que Chloe evitava falar sobre ele como se fosse uma doença contagiosa.

— Sebastian? Por que eu pensaria nele? — Ela franziu o cenho, como se eu tivesse mencionado o nome de Voldemort.

— É, tem razão... por que eu pensaria? — murmurei, tomando um gole do meu café, que agora parecia mais um elixir da vida.

— Talvez seja só insônia. — Ela respondeu, seu olhar perdido em um abismo de pensamentos. — Mas, enfim... e o Scott, ele te ligou?

— Sim, ele vai passar hoje no meu trabalho para me buscar. Disse que queria conversar pessoalmente.

— Ah, que fofo. — Ela sorriu, mas logo lançou um olhar de detetive particular em minha direção. — Te buscar no trabalho?

— Não faça essa cara, Chloe. Não há nada de mais nisso. — Retrucou, tentando evitar suas insinuações.

— Eu não disse nada. — Ela ergueu as mãos como uma criminosa se entregando, mas o sorriso travesso ainda estava lá.

— Te conheço apenas pelo olhar. — Sorri, me levantando da mesa. — Vou me arrumar. — Toquei seu ombro levemente e a deixei sozinha na cozinha, onde ela provavelmente ia pensar na vida e na estratégia de como evitar Sebastian.

Subi para o meu quarto e organizei a roupa que usaria naquele dia sobre a cama, como se estivesse escolhendo um traje para um desfile. Depois, segui direto para o banho. Quando terminei e me vesti, Chloe me observou com um brilho de aprovação nos olhos.

— Fiu fiu! — Ela brincou, me analisando dos pés à cabeça como uma juíza de um concurso de beleza.

— Gostou?

— Sim, você está deslumbrante! — Ela se aproximou, ajeitando os meus cabelos com um toque carinhoso, quase como se estivesse preparando uma obra-prima.

— Já estou indo. Fique com Deus e, por favor, evite o Sebastian. — Beijei sua testa e saí de casa apressada, meu coração acelerado com a expectativa. Chamei um táxi e, em breve, estava a caminho da mansão Drummond.

Ao chegar, cumprimentei Charles, o segurança do portão, com um sorriso que só não era mais radiante porque ele não era o Scott.

— Olá, Charles. Bom dia!

— Bom dia, Manu. — Ele retribuiu o sorriso enquanto eu atravessava os jardins em direção à imponente casa. Assim que entrei, as meninas já estavam a postos, como se esperassem a chegada de uma diva.

— Oi, Manu! — Sam veio correndo me abraçar.

— Oi, como vai? — Respondi, abraçando-a de volta, enquanto me perguntava se minha presença estava mesmo provocando essa empolgação ou se era só a adrenalina da manhã.

Cumprimentei as outras meninas e subi rapidamente para me trocar, vestindo o uniforme que me aguardava no quarto. O dia prometia ser longo, mas a expectativa de Scott me buscar mais tarde fazia meu coração ansiar por uma dose de emoção que só poderia ser superada por um salto de paraquedas — ou talvez por um passeio em um carro esportivo.

Conforme as horas se desenrolavam, uma mistura de ansiedade e expectativa permeava o ar. A rotina parecia mais vibrante, como se eu estivesse à beira de um novo capítulo em um romance cheio de reviravoltas.

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