Capítulo 18

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Ao abrir os olhos naquela manhã, fui imediatamente tomada por uma enxaqueca avassaladora, tão intensa que parecia reverberar em cada parte do meu corpo. Valentina, ainda adormecida ao meu lado, permanecia em sua tranquilidade inocente. Caminhei até ela com cuidado, temendo acordá-la, e deixei um beijo suave em sua testa. A presença dela sempre trazia uma sensação de calma, mesmo nos momentos mais difíceis.

Enquanto descia, encontrei Chloe já acordada, a preparar o café da manhã. O aroma acolhedor se espalhava pela casa, criando um contraste com a dor pulsante em minha cabeça.

— Desculpe, Manu. — Chloe disse, ao notar minha presença. — Ontem eu estava tão cansada que acabei não conseguindo te esperar.

— Está tudo bem, Chloe. Você fez o certo.

Ela me lançou um sorriso cúmplice, e senti o alívio de não ter que lidar com mais uma preocupação.

— E como foi na casa dos pais de Scott? — ela perguntou, com uma curiosidade leve, enquanto se servia de café.

— Foi bom. — Respondi, com um leve sorriso. — A família dele é adorável, especialmente sua mãe. Ela tem um coração enorme e me acolheu com muita gentileza.

— Ah, que sorte a sua. — Chloe riu. — Nem todo mundo tem a sorte de ter uma sogra assim. — Ela me olhou de canto, como se lembrasse de algo. — Falo isso por experiência própria, lembra da mãe de Sebastian? Misericórdia, aquela mulher era um terror!

— Não fale assim, Chloe, também não é pra tanto. — Balancei a cabeça, tentando conter a risada, mas ela continuou firme em sua opinião.

— Ah, é sim. Você não conheceu a peça. — Seus olhos se arregalaram como se dissesse: "Acredite em mim!"

Mudando o tom, Chloe logo retomou o assunto que mais lhe interessava:

— Mas me conte, você conversou com Scott sobre a viagem com o seu chefe?

— Sim, conversei. — Senti o peso da conversa da noite anterior retornar, mas tentei manter a tranquilidade. — No começo, ele não ficou muito animado com a ideia, mas depois entendeu que esse trabalho é importante para mim. Ele aceitou, no fim das contas.

— Que bom. — Chloe sorriu, satisfeita com a resposta. — E o que ele sugeriu para a Valentina enquanto você estiver fora?

— Ele quer que ela fique com a mãe dele durante esse período. E, sinceramente, a mãe dele adorou a ideia.

Chloe fez uma expressão exagerada de tristeza.

— E eu? Como vou ficar sem a minha loirinha? — Ela brincou, com uma mão dramática no peito.

— Vai ser por uma boa causa, Chloe. — Respondi, sorrindo. — Além disso, a mãe do Scott se sente muito sozinha quando o padrasto dele está no trabalho. Valentina vai ser uma ótima companhia. E, claro, sempre que você quiser vê-la, é só avisar.

— Ah, claro. Mas não vou aguentar ficar muito tempo longe da minha loirinha. — Ela piscou, arrancando uma risada de mim.

Após o café, subi para o quarto, me despedi rapidamente da Chloe e da Valentina, que ainda dormia profundamente, e segui para o trabalho. Ao chegar à mansão Drummond, vesti meu uniforme e comecei meus afazeres, até que Adélia passou por mim com pressa.

— Te espero na minha sala — disse ela, com sua costumeira firmeza, antes de desaparecer no corredor.

Imediatamente, deixei o que estava fazendo e a segui. O tom em sua voz indicava urgência. Assim que entrei na sala, a encontrei já sentada, com uma expressão de quem carregava o peso do mundo nos ombros.

— Sei que te dei dois dias para pensar, Manu, mas precisamos agir rápido. — Respirou fundo, como quem tenta conter a tensão. — Já tem sua resposta?

— Tenho — respondi, tentando manter a confiança na voz. — Eu aceito.

Adélia abriu um sorriso aliviado.

— Ótimo! — disse ela. — Então partirão amanhã para a Colômbia.

— Amanhã? — A surpresa me pegou de guarda baixa. Eu esperava um pouco mais de tempo.

— Sim. — Ela foi direta. — Como você já deu sua resposta, não podemos mais esperar. Quanto antes partirem, menos tempo terão de ficar por lá.

— E quanto tempo ficaremos? — Perguntei, ainda processando a rapidez dos acontecimentos.

— No máximo três semanas — respondeu ela, entregando-me duas pastas. — Vocês ficarão em um hotel com todas as despesas pagas. — Sua voz soava prática, como se aquilo fosse apenas mais um detalhe corriqueiro.

Peguei as pastas que ela me ofereceu.

— Nessa pasta — ela apontou para uma delas — está tudo o que você precisa saber sobre meu filho. Peço, por favor, que leia com atenção. É muito importante.

— E a outra? — Perguntei, curiosa.

— Essa é para você. — Ela disse com um olhar mais suave. — Quero que preencha, para que ambos se conheçam melhor.

— Tudo bem. — Assenti, forçando um sorriso que não escondia completamente a apreensão crescente.

Adélia agradeceu, e eu me preparei para sair, mas a dúvida sobre o que Ethan achava de tudo aquilo não me deixou partir em silêncio.

— E o senhor Ethan? O que ele acha de tudo isso?

Adélia suspirou, visivelmente mais cansada.

— Ele ainda está processando a ideia, mas sabe que é o melhor a se fazer no momento. Tenho certeza de que, com o tempo, ele entenderá a importância dessa viagem.

Eu saí de sua sala com o peso das expectativas e responsabilidades nas costas. O que antes parecia uma oportunidade empolgante agora me deixava ansiosa.

Você É Tudo Que Eu Tenho! - Concluído.Onde histórias criam vida. Descubra agora