Capítulo 32

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A noite se fechava em torno de nós, como um manto silencioso que parecia refletir a tensão crescente. Ethan ainda permanecia diante de mim, a expressão grave, os olhos firmes como se já estivesse traçando mentalmente cada movimento que faríamos a seguir. Havia nele uma força tranquila, uma resolução silenciosa que me oferecia um consolo inesperado, mas eu sabia que, por dentro, ele queimava com a mesma raiva que me consumia.

— Precisamos ser cuidadosos — murmurei, as palavras saindo quase em um sussurro. — Petrick não é um homem qualquer. Ele não vai hesitar em jogar sujo, e se tentarmos confrontá-lo sem um plano, tudo isso pode se voltar contra nós.

Ethan assentiu, os músculos da mandíbula se contraindo levemente. — Sei disso. E é por isso que vamos agir com inteligência. — Ele se aproximou, os olhos escuros pousando nos meus com intensidade. — Mas também sei que ele não vai escapar ileso dessa.

Eu podia sentir a raiva fervilhando sob sua superfície, como uma correnteza invisível prestes a romper suas margens. Aquele lado protetor de Ethan, que sempre me fez sentir segura, agora se transformava em algo mais — uma força implacável, pronta para agir.

— O que você está pensando? — Perguntei, hesitante, observando seus olhos que pareciam fixos em algum ponto distante, como se já estivesse visualizando o desenrolar dos próximos passos.

— Precisamos descobrir mais sobre ele, sobre suas fraquezas, e usá-las ao nosso favor. — Ele se afastou, caminhando pela sala com passos firmes. — Petrick acredita que pode nos manipular, mas ele subestima o que somos capazes de fazer. Se ele pensa que tem o controle, vamos mostrar que ele está enganado.

— E como faremos isso? — Minha voz ecoou com uma ponta de ansiedade.

Ethan se voltou para mim, um sorriso calculado moldando seus lábios. — Conheço pessoas que podem nos ajudar a descobrir mais sobre Petrick. Informações que ele não gostaria que viessem à tona. — Seus olhos brilharam com uma confiança nova. — Se ele quer jogar, vamos entrar nesse jogo de cabeça erguida.

Eu observei, admirada, a transformação em sua postura. Ethan não era apenas um homem apaixonado; ele agora parecia um estrategista implacável, alguém que não apenas enfrentaria um adversário, mas o desmantelaria peça por peça. E, ao vê-lo assim, senti algo se acender dentro de mim — uma chama de determinação que começava a crescer.

— Tudo bem. — Concordei, tomando uma decisão firme. — Vamos descobrir o que pudermos sobre ele. Se Petrick pensa que pode nos dividir com essas mentiras, ele não faz ideia de quão forte nós somos juntos.

Ethan sorriu de forma reconfortante, aproximando-se de mim e envolvendo minhas mãos nas dele. Aquele contato, tão simples e tão poderoso, parecia selar um pacto entre nós.

— Vamos passar por isso, Manu — ele disse suavemente, seus olhos capturando os meus com uma sinceridade inabalável. — Eu não vou deixar que ninguém destrua o que construímos.

O peso de suas palavras reverberou dentro de mim, dissipando qualquer hesitação que ainda restava. Ao lado de Ethan, eu sentia que, não importa o que Petrick tentasse, nós estaríamos prontos para enfrentá-lo. Porque, no fim das contas, nossa força não estava nas circunstâncias, mas na forma como decidíamos enfrentá-las, juntos.

Nos dias que se seguiram, Ethan manteve sua palavra. Ele havia contatado discretamente algumas de suas conexões — pessoas de confiança que poderiam vasculhar o passado de Petrick em busca de qualquer sombra, qualquer desvio que pudesse ser explorado. Eu sabia que esse era um jogo perigoso, mas também sabia que não tínhamos escolha. Se Petrick estava disposto a manipular nossas vidas para alcançar seus próprios fins, precisávamos estar à altura.

Enquanto isso, mantínhamos as aparências. Eu continuei com meu trabalho, atendendo às minhas obrigações com uma calma ensaiada, mas por dentro, a ansiedade crescia. Cada sorriso que eu oferecia em eventos, cada palavra trocada em reuniões, era uma máscara cuidadosamente colocada para esconder o turbilhão que girava dentro de mim.

Ethan, por outro lado, parecia mais focado do que nunca. Ele manteve sua postura firme, não permitindo que o desespero de Petrick afetasse suas decisões. Sempre que nos encontrávamos à noite, em nossa suíte, a conversa invariavelmente voltava para os próximos passos. Estávamos sempre calculando, ponderando, antecipando os movimentos de Petrick como se fosse uma partida de xadrez. E, a cada dia, sentíamos que o cerco estava se fechando.

Foi em uma dessas noites, quando já começávamos a pensar que nossas investigações talvez não dessem fruto, que Ethan entrou em casa com um olhar carregado de vitória.

— Conseguimos. — Ele disse, sua voz firme, mas baixa.

Me levantei de imediato, o coração batendo acelerado. — O que descobriram?

Ethan se aproximou lentamente, segurando um envelope em suas mãos. O peso do momento parecia ecoar em cada movimento. Ele o entregou nas minhas mãos, e abri com cuidado, sentindo minhas mãos levemente trêmulas.

Dentro, havia documentos, fotos... provas. O passado de Petrick estava ali, exposto de maneira irrefutável. Suas fraudes financeiras, seus acordos ilícitos, todos os detalhes que ele jamais poderia querer que viessem à tona.

Olhei para Ethan, que agora me observava com uma expressão que misturava triunfo e alívio. — Com isso, temos uma vantagem. Ele não vai poder nos ameaçar mais. Não sem arriscar sua própria ruína.

Meus olhos percorreram os documentos mais uma vez, agora com uma nova compreensão da dimensão do que tínhamos em mãos. Petrick jogara sujo, mas nós não estávamos indefesos. E, pela primeira vez em dias, senti que o controle voltava a estar em nossas mãos.

— Ele não vai nos derrubar. — Eu disse, com convicção. — Não agora.

Ethan sorriu. — Isso é só o começo. — As palavras dele flutuaram no ar, uma promessa de que, juntos, venceríamos qualquer batalha que surgisse.

E, naquele momento, soube que estávamos prontos para o que quer que viesse a seguir.

Você É Tudo Que Eu Tenho! - Concluído.Onde histórias criam vida. Descubra agora