Ela contra Ela

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Era fim de tarde, o sol se punha enquanto o zig-zag da cadeira de balanço o lembrava de como andava Bouganville.

Um vai e vem de ondas que não remavam mais ao seu favor.

O prefeito tomou mais uma dose de wisk enquanto a empregada o observava curiosa na sala. Aquele homem inabalável não parecia estar alí.

-Desculpe incomodá-lo prefeito, mas beber esta hora não ira alterar o efeito dos remédios?

Ele demorou alguns segundos para responder enquanto ela aguardava estática.

- Porque você me chamou de prefeito? Você sempre me chamou de Nadir.

Disse sem olhar para trás, enquanto tomava outra dose.

-Disse para o senhor não se esquecer quem é. _ respondeu ela.

- A questão não é quem eu sou Helena, a questão é quem eu deveria ter sido, por hoje você esta liberada.

Liberada? Era quinta feira, só ia para casa aos sábados, então se retirou rapidamente antes que ele mudasse de idéia.

O prefeito aguardou enquanto ela trancava a porta, não sem antes de lhe dar as ultimas instruções sobre remédios e seus horários.

Como se o homem mais importante da região fosse apenas uma criança.

Mal ela se retirou e logo a casa se fez um retrato fiél do que sua vida havia se tornado.

VAZIA

Agora sentado em uma luxuosa poltrona de couro, fumando um charuto, observava um dos tantos porta retratos que repousa em uma estante na sala.

Os filhos ainda criança se juntavam ao pai em uma fotografia antiga.

Mas faltava alguém.

Mais uma lembrança de sua falência como pai.

Ele os olhava pensando qual dos quatro suportaria o fardo de sua sucessão.

Mesmo que alguém lhe faltasse a imagem.

Derick estava na foto com o mesmo jeito obedecido de quem fica na pose ordenada pelo fotógrafo.

Fazia a mesma pose que via nos santinhos de propaganda do pai nas eleições anteriores.

Damian exibia a pose de galã que o acompanhava, enquanto Vitória estava ao lado sem interesse algum naquilo.

O prefeito observava o olhar contraditório e desafiador da menina.

Ela certamente não poderia sucedê-lo, mas superá-lo e corrigir seus erros.

Esvaziar o fardo.

Mas ainda faltava alguém, que poderia mudar o destino de todos.

O prefeito repousou ali acompanhado de mais algumas doses. Eram onze e meia da noite quando se retirou deixando a porta do quarto semi aberta.

E o quando o sono finalmente o venceu, o telefone tocou o acordando, uma chamada que mudaria sua vida para sempre.

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- Zero zero Um_ dizia a voz do outro lado.

O prefeito se recompôs rapidamente.

Entre a sonolência e a urgência a adrenalina fala mais alto.

Um contato da Rede uma hora dessas? Algo grande está acontecendo.

-Zero Um Zero, o que está havendo.

- Zero Um dois, na escuta.

- Recebemos notícias preocupantes, se o senhor não puder lidar com a situação teremos que executar o protocolo E15.

Revolução ou CriseOnde histórias criam vida. Descubra agora