Sentada no banco de passageiros Marta observava Vitória dirigindo, mesmo ela que também era uma boa motorista teve que admitir que aquela garota era uma condutora profissional.
Imaginou que talvez fosse uma conversa tranquila, ela conhecia aquela música, gostava dela também, o som do veículo de Vitória tocava Alucinação, Marta também escutava essas canções em seu escritório.
Mas o carro fechado com as duas candidatas também tinha algumas peculiaridades.
Marta usava um blazer preto escuro, sapatos sociais, pouca maquiagem e aquele ar de mulher distinta.
Vitória de calça Jeans e camisa preta parecia mais uma adolescente do que propriamente candidata a prefeitura, Marta observava o tênis Al Star cano alto, imundo e velho.
Mesmo sendo uma das pessoas mais ricas da região Vitória não tinha o perfil de autoridade, mas demonstrava uma personalidade muito forte tanto na maneira de se vestir quanto ao volante.
Será que se perdesse as eleições a cidade minguaria com as atitudes de uma adolescente mimada ou com a ousadia de uma jovem mulher?
Revolução ou Crise?
O perfume fraco e amadeirado dela competia com a flagrância doce que Marta usava, deixando claro que cada uma defenderia seu lado, pensava enquanto a olhava com atenção.
Mas não era apenas a canção. Vitória estava mesmo submersa em pensamentos, aquele momento seria crucial pra ela também, se lembrou das palavras do pai.
"Você será ótima em debates"
Nesse instante deixou escapar sem querer um pequeno sorriso, o mesmo que ele abriu quando a entregou as chaves, e também o olhar de admiração que ele lhe deu naquele dia a encheu de motivação e confiança, sentiu novamente aquela sensação de cumplicidade.
Escutou em sua mente as palavras do pai dizendo naquele dia.
"Eu também odeio"
E sabia que ele não se referia apenas a política, sabia que também estava se referindo A Rede.
Chegou o momento que ele havia lhe dito e pela primeira vez sentiu orgulho de ser filha daquele homem.
Mas Marta estava ali a observando, era a hora das duas decidirem o futuro de Bouganville.
Era a hora de mostrar quem era Vitória Dantes.
-Estou mal vestida ou quer algumas dicas? Disse ela sem desviar o olhar da direção. Desculpe se me visto sozinha, meus acessores não são estilistas afeminados.
Marta que antes tinha uma boa impressão da garota se sentiu ofendida, não por insinuar que alguém a ensinava a se vestir, mas pelo comentário agressivo sobre o amigo, porém entendeu o ponto que a adversária queria abordar, ela realmente não se vestia assim e atendia todas as sugestões que Alexander a dava mesmo não que não se importasse com aparências, mas ele já tinha provado sua fidelidade e não permitiria ninguém rebaixar o amigo daquela forma.
-Alexander realmente tem definido meus trages senhorita , aprendi a delegar tarefas a pessoas capacitadas, isso faz parte de ser prefeita você não acha?
- Acho, acho que o sistema adora pessoas como esse rapaz que comanda a senhora.
Marta a olhou viu que estava em um debate do qual não se sabia qual seria a vencedora, se é que haveria vencedora e derrotada, pelo menos poderia ter uma conversa franca, sem interrupções e pessoas pra avaliar, poderiam ser verdadeiras e dizer o que realmente pensavam, saberia o que reservaria a Bouganville pela voz das duas mulheres, sem fofocas, jornalistas e atletas do disse me disse.
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Revolução ou Crise
Algemene fictieUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...