Enquanto as viaturas estavam a caminho Emir pediu a Linda que o ajudasse com os arquivos na delegacia, apesar da bagunça, quase não haviam informações sobre os crimes recentes.
O mais hilário era que depois de uma década sem o delegado registrar sabe-se lá porque os crimes e homicídios da cidade, o primeiro séria justamente o assassinato do próprio homem da lei que desconfiava o policial, nunca andara nela.
-Não deveríamos começar pelo homem do oficina mecânica e seu filho, que estão desaparecidos a mais tempo? perguntou Linda.
- Não, preciso do registro da morte do delegado para justificar a mobilização de tantas viaturas, e também para a nomeação de outro, a cidade não pode ficar sem um representante da lei. E quanto aos dois desaparecidos um dos rapazes que vieram comigo já foram a casa para buscar fotos e documentos para registrarmos também, não temos nenhuma informação oficial sobre eles.
Por favor Linda recolha qualquer anotação do delegado para compararmos as letras. Algo me diz que os problemas não morreram com ele.
- Você não pode sair daqui, disse Vitória já dando meia volta e dirigindo de volta para a clínica, colocaram reforço policial atrás de você.
Davi estava sem saber o que pensar, uma parte dele dizia pra se entregar mas a outra tinha medo, estava confiando no julgamento de Vitória, tinha decidido confiar nela, mas queria discutir as possibilidades.
- Sabe, derepente seja melhor eu conversar com o advogado do amigo do meu pai, eu posso me defender. E percebeu o quanto ela ficou impaciente.
-Será que você não percebe a gravidade da situação? A polícia está procurando um homem que matou um delegado. Eles não vão conversar com você, eles o tratam como perigoso, tem ordens para atirar se te encontrar. Você se esconde aqui até eles desistirem das buscas e depois procura o advogado amigo do seu pai, não podemos correr esse risco.
Viu que ela tinha razão não tinha pensado nisso, tinha acabado de matar um delegado, legítima defesa ou não ele teria que provar, também tinha ido lá armado.
-Porque está arriscando tanto por mim? Porquê esta ajudando um homem pobre e ferido, correndo o risco de também ser presa e perder as eleições.
- Sabia que em algum momento me perguntaria isso, disse ela o olhando pelo retrovisor, Não sei o que está acontecendo mais eu te conheço e sei que você nunca quis matar ninguém, e eu não posso permitir uma pessoa inocente ser assassinada sem fazer nada.
Os dois abaixaram um pouco a cabeça pra disfarçar as lágrimas que demonstravam a gravidade da situação. Davi se questionava se era realmente inocente, optou por matar o delegado, sua memória o lembrava que poderia ter fugido e deixado o homem preso até ser encontrado.
- E acho que estou apaixonada por você. Disse ela interrompendo seus pensamentos.
- Você não entende, não posso te prejudicar, se estiverem me caçando dessa forma você esta correndo perigo também, e a eleição você tem a eleição.
Eles seguiram o caminho de volta em silêncio, quando Davi entrou na clínica Vitória parou na porta e a trancou do lado de fora.
- Me desculpe mas eu não vou permitir que te façam mal, vou a cidade ver o que está acontecendo e volto a noite.
●●●●●●●Linda nunca tinha se sentido atarefada como naquele dia.
Marta a liberou para ajudar o policial Emir, mas tinha lhe passado outra porções absurdas de relatórios e pesquisas, mas aquele era seu mundo , nunca tinha se sentido tão motivada pela importância que tinha virado seu trabalho, era seu sonho ser reconhecida.
O cérebro girando a mil enquanto detalhava cada título, nomes e rodapés, comparava datas e recibos. O delegado esperava nunca terem o descoberto e morreu pensando nisso, tantas provas de pagamentos de diversos nomes, alguns fora do absurdo, a grande quantidade de fotos de crianças.
Linda foi foleando foleando, até que tomou um baque que quase caiu da cadeira, a criança que seu pai tentara adotar estava entre elas.
Ao que parece o delegado era traficante de crianças e seu pai poderia ser acusado de cúmplice, por alguns instantes ficou sem saber o que fazer então decidiu analisá-las primeiro antes de tomar decisões e deduções.
Ela não cometeria erros também.
Retirou pasta, conferiu cada assinatura, seria um longo trabalho para Linda.
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Revolução ou Crise
Ficción GeneralUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...