- E você minha filha já sabe quando terei a honra de realizar a cerimônia do seu casório?
Disse o padre com doçura e cinismo ao mesmo tempo.
- É mais fácil o senhor se casar do que eu padre, disse Vitória se retirando em direção ao outro lado da praça.
O padre obviamente não esperava uma resposta tão ríspida e se recompôs observando se mais alguém tinha visto.
- Me desculpe padre, disse o prefeito apertando o passo para acompanhá-la.
Vitória era uma menina linda, mas tinha uma personalidade explosiva, viu desde pequena o sistema encabeçado pelo pai e sentia uma revolta enorme pelas pessoas mais simples que se contentavam com mimos.
Enquanto a própria família enriquecia com A Rede.
- VITORIA, gritava o prefeito atrás da filha, Vitória que modos são esses, uma menina de familia falando assim com um padre....
- Se o senhor demorar muito pai eu mesmo vou dirigindo.
- Era só o que me faltava, uma mulher querendo dirigir minha cidade e outra querendo dirigir meu carro, disse o prefeito sentando-se ao volante.
- A questão pai é que a cidade não é sua e o carro é da prefeitura, disse ela colocando fones no ouvido como se não tivesse interesse na conversa, o prefeito os arrancou com uma expressão de raiva.
- Você esta lado de quem afinal Vitória, te encarreguei de trabalhar no comitê de campanha e você nem sequer aparece por lá.
- Não estou do lado de ninguém, não te apoio porque é meu pai nem apoio ela por ser mulher, trabalho apenas na clinica veterinária, os animais são os habitantes mais interessantes daqui.
O prefeito a encarou com um olhar de decepção devolvendo os fones, arrancou o carro voltando o olhar para a janela, uma das mãos puxou o freio de mão para dar o último aceno para o filho mais velho enquanto o carro voltava a andar lentamente.
- O que eu fiz de errado pra você menina, disse ele baixinho como se estivesse pensando alto e desabafando ao mesmo tempo.
- Para mim o senhor não fez nada de errado pai, mas um prefeito tem que fazer para todos, mas enfim tenho uma coisa muito importante pra fazer e vamos pai não enrola.
-O que pode ser mais importante nessa cidade que as eleições.
- Nada pai, nada. Disse Vitória desistindo daquela conversa inútil, pensando nos nos dias e nas pessoas que encontrou.
- Que sorriso é esse Vitória, Disse o prefeito surpreendendo-a que num momento raro da vida ficou constrangida.
-Nada pai, como disse não é nada, vamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Revolução ou Crise
Ficción GeneralUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...