A produção da fábrica estava a todo vapor, o que significava companhia até tarde aos vigilantes.
Estavam na fase de curar a lã deixá-la ao ponto de costura, uma caldeira gigante deixava o imenso branco, parecendo um algodão doce, misturado com produtos químicos de limpeza e purificação.
- Sua irmã estava linda hoje, câmbio. Disse algum vigia brincalhão ao rádio.
-Vá dormir vagabundo. Respondeu a voz do outro.
A vantagem de se trabalhar em uma confecção a noite, principalmente em uma cidade pacata é que sempre haveria um fardo de algodão ou malhas, macio o suficiente para tirar um bom cochilo.
Mas dessa vez estavam enganados.
A cidade não estava pacata e não era uma boa noite de cochilo.
Eliel colocou o rádio do lado e ajustou seu Walkman no último volume com o som de Counting Crows seu favorito e se preparou para uma dormida até as três da manha.
Jair olhou para o relógio, era pouco mais de onze da noite, estava lendo Diário da Região, que falava sobre a importância das eleições, e uns desaparecimentos, escutou um barulho, levantou imediatamente deixando o jornal e jurou ter visto um vulto.
Algum funcionário ainda estaria fazendo hora extra?
Se levantou da cadeira e chamou Eliel no rádio.
- Eliel você escutou alguma coisa ai- Câmbio
-Sim Jair. Câmbio
-O que caramba?
Escutou o chiado e então, ficou ancioso, viu que o colega mexia em alguma coisa.
🎵🎶🎸Mister Jons and, tell each other fairy tales"
" Sha la la la la Hunrun"🎸🎶🎶🎶- Estou falando sério porra! Se irritou com Eliel desligando o rádio, voltando a se sentar.
Por volta de meia noite e meia ouviu outro ruído, dessa vez mais alto, pensou em chamar o companheiro novamente no rádio, mas estava sem paciência aquela noite e sabia que Eliel provavelmente estaria roncando aquela altura.
Pegou o revólver e foi procurar quem quer que fosse o intruso, possivelmente um gato perdido na fábrica.
Começou pela área que dava acesso a parte administrativa, onde poderia estar alguma quantia em dinheiro.
Tentou pensar como um ladrão.
Escutou o ruído novamente, tão fraco que percebeu que se houvesse alguém ali estaria nos fundos, roubando fios de cobre talvez, passou por seis setores diferentes até chegar a parte de traz onde ficava a caldeira.
Nesse momento levou um susto quando as luzes ao redor da imensa caldeira gigante se apagaram.
Parou por um instante, ficou imóvel para escutar alguma coisa e ao mesmo não entregar sua localização, tateou a cintura mas não tinha trazido o rádio pra contactar Eliel.
Apesar de saber que ele faria um barulho descomunal naquele silêncio sepulcral, porém voltar a guarita pra buscá-lo daria chance de fuga ao invasor.
Aquela missão a partir de agora é definitivamente apenas sua.
Foi primeiro aos interruptores e percebeu que estavam todos ligados menos os ao redor da caldeira e os ligou, viu de onde estava um clarão atrás das catracas de acesso e foi andando lentamente em direção a elas.
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Revolução ou Crise
General FictionUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...