A útima cartada

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O assassino andava pelo centro enquanto preparava a última cartada. 

Já não havia como voltar atrás, mas sabia que deveria ser mais cuidadoso pelo número de viaturas, pelo menos deviam estar atrás de um rapaz.

Enquanto ele iria atrás da candidata, seria o golpe final.

Vitória encostou o carro e seguiu andando pela cidade a pé.

Algumas pessoas vinham cumprimentá-la pedindo vaga na prefeitura, demonstrando pêsames, fazendo fofocas, puxando saco e tudo aquilo que ela conhecia e desprezava no mundo da política.

Algumas perguntavam se ela sabia o que estava acontecendo na fábrica, e decidiu que iria lá, mas antes precisava ir a delegacia, parou em frente a porta e percebeu pelo alvoroço, que realmente a cidade estava polvorosa, só tinha visto tanto movimento quando foi estudar na capital.

Entrou e encontrou uma moça bonita e de tão concentrada que demorou a perceber sua presença.  

Achou que estava em uma cidade grande onde as pessoas são tão atarefadas que se esquecem de se relacionar com as outras, foi quando Linda a tirou daquelas memórias perguntando se ela precisava de alguma coisa.

O sotaque de interior de Linda a trazia de volta a Bouganville.

- Vim procurar o delegado, mentiu sabendo que ele estava morto, preciso saber notícias do homicídio do meu irmão.

A garota respondeu objetivamente dizendo que o caso seria tratado pelo novo delegado a ser designado a cidade.

Já que o antigo havia morrido.

Respondeu secamente para não perder o foco em suas pesquisas.

-Encontrei com muitas viaturas no caminho, perguntei a um policial ele disse que estavam fazendo buscas na aérea.

Insistiu Vitória na tentativa de tirar alguma informação da menina.

- Sim.

Vitória entendeu que ela estava ocupada, apenas anotou seu nome e deixou o número de telefone, pedindo  para entregar ao novo delegado para que entrasse em contato em caso de novidades.

Linda continuava a trabalhar no caso com mais e mais euforia.

  Informações apareciam a todo momento, e ela decidiu fazer um relatório completo, queria até resolver o caso sozinha, mas precisava ter certeza de que sua família não seria prejudicada, seu pai não sabia que o garoto era rapitado.

Reparou que apesar de dezenas de fotos de crianças, apesar de serem brancas, negras , mulatas e ruivas, todas tinham algo em comum.

Eram meninos.

Em uma região de predominância feminina vender garotos parecia cruel, mas um bom negócio.

Comparou assinaturas e caligrafias mas nenhuma batia com o bilhete deixado pra trás por Davi enquanto travava a batalha com o delegado, ao que parecia não seria tão fácil.

O telefone tocou, Marta estava nadando em papéis timbrados de diversos bancos em cima da mesa, estava confusa com tantos números, coisa que Linda entenderia facilmente, mas numa crise como aquela caberia a diretora encontrar uma solução pra um problema tão delicado.

O telefone gritou, gritou até que Marta parou e o atendeu.

- Boa noite, mas a fábrica está fechada.

- Eu sei , respondeu de imediato a voz do outro lado, era uma voz feminina como a maioria dos 75% da cidade, preciso conversar com você pessoalmente e agora

Revolução ou CriseOnde histórias criam vida. Descubra agora