Ao deitar Marta questionava a si mesma, caso vencesse, se seria a legítima representante daquela cidade, óbvio que tentaria fazer o melhor, mas... Será que indagava a voz da maioria?Será que queriam mesmo se tornar uma cidade próspera e moderna?
Muitas vezes sentia que não.
Por mais que olhares hostis vindo claramente dos homens tentavam sem sucesso a opromir, o entusiasmo das jovens a fortaleciam na mesma proporção.
Seu quarto era uma mistura de móveis improvisados e relíquias pessoais.
Ela olhou no relógio ao se deitar.
Eram Onze e meia da noite.
Pensou como seria Bouganville se realizasse esse sonho e repousou com um tom de otimismo, com a consciência de alguém que sabe que colherá algo bom, por que está plantando.
As Três da manhã tudo mudou.
Seja lá o que for que Marta estivesse plantando, não colheria essa noite.
Não mesmo.
Para quem dormia pensando em dias melhores, a realidade bateu forma a cara.
Jamais havia recebido ligações aquele horário.
Ela chegou a fábrica correndo e apesar de tarde da madrugada, já havia uma multidão em frente ao portão principal.
Entre carros na rua havia um furgão, com o slogan de uma agência de notícias.
Diário da Região.
A questão é, quando um carro de uma tv ou rádio vai a altas até uma cidade pequena como Bouganville, as notícias difícilmente seriam boas.
Enquanto tentava distinguir funcionários e conhecidos viu que uma viatura a esperava na entrada.
Olhou rapidamente para a placa de outra cidade.
Apesar das roupas desarrajandas, daquelas de quem acorda de um sonho para uma dura realidade, a postura de Marta parece ter sido o suficiente para o policial distinguila dentre o cinturão de curiosos.
Enquanto caminhava até ela, o policial se perguntava quem seria aquela mulher.
- Boa noite, senhora Marta?
Disse ele com a farda extremamente bem passada.
Ela assentiu com a cabeça.
- Até que ponto a senhora está a par do incidente? Disse ele.
-Sei apenas o que o senhor me disser.
Respondeu ela.
- Bom me parece que algumas te direi e outras iremos descobrir juntos, temos um vigia morto e o outro disse que não viu nada, já isolamos a área.
Terminou ele.
Marta o olhou rapidamente voltando o olhar para a fábrica.
- Como assim não viu nada? Morto como? Relutava ainda confusa.
- Já temos algum suspeito?
Dessa vez perguntou o repórter que Marta conhecia bem, não poderia conversar com duas pessoas na praça sem que o homem a escoltasse com rabiscos em pranchetas.
- Bom a causa da morte ainda será confirmada pela perícia e os legistas.
O policial assumiu como se estivesse poupando Marta.
Mas respondeu olhando para ela e ignorando o jornalista.
-Já isolamos a área, pela marca no pescoço quebrado parece estrangulamento, já o outro pelas marcas de coberta no rosto parece que não viu mesmo devia estar dormindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Revolução ou Crise
Fiksi UmumUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...