Por mais que não tivesse nada a ver com o crime, Davi teve que sair cedo de casa por conta do velório de Carmen, o viúvo o considerava culpado por ter falado que ela era testemunha.
Com todo respeito, ela contava coisas a todo mundo, mas é claro que não poderia explicá-lo naquele momento.
Ela saiu espalhando essa história pra todos e ele mesmo a repreendeu, o assassino teve a sorte da única testemunha ser justamente uma fofoqueira.
De quebra mais uma vez ele teve que visitar o delegado, que devia estar agitado.
Uma onda de violência assolou a cidade que sempre foi pacata, seu trabalho sempre foi apartar brigas de buteco ou em campinhos de futebol.
As coisas estavam quentes.
Quando chegou a delegacia, para sua tristeza a moça linda não estava mais lá, no seu lugar havia uma placa escrita:
"AGUARDE NA RECEPÇÃO"
Não pareceu um troca justa mas se sentou e aguardou como orientado.
O delegado percebeu sua presença no momento que encostou na cadeira, como se tivesse um sentido de caçador.
- Senhor Abraão por favor entre, disse ele dando sinal pra deixar a porta da sala entreaberta caso chegasse alguém.
Enquanto caminhava em direção a cadeira que ele apontou não pôde deixar de perceber o quanto sua camisa estava surrada, pelo visto o delegado esteve trabalhando horas a fio em alguma coisa.
- Bom senhor Abraão quantas pessoas terão que morrer para o senhor dizer o que sabe, essa senhora apenas conversou com você e aparece morta.
Disse francamente, no momento em que se sentaram.
Naquele momento ficou tão acuado que não soube o que responder, não seria páreo pra ele e o medo era de ir preso, condenado injustamente.
- Vamos senhor Abraão me diga a verdade, insistia o delegado com ainda mais veemência.
Quando pensou em pedir um advogado, dois homens entraram na delegacia, o delegado pediu para que eles se apresentassem.
-Bom dia meu nome é Jhonatan Santos advogado.
O delegado encarou Davi surpreso.
- Um advogado, o senhor quem é? Disse apontando para o outro homem.
- Boa noite senhor, Teodoro mas todos me chamam de Téo.
O Delegado se levantou e olhou nos olhos do homem seriamente.
- Uma delegacia não é lugar de apelidos senhor, por favor quero saber seu sobrenome.
O homem caminhou até onde estava a cadeira de Davi, colocou a mãos em seus ombros e disse:
- Nesse caso senhor delegado, pode me chamar de Abraão.
E assim, com seu pai ali percebeu que não estava sozinho.
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A sala ficou numa troca de olhares silenciosa até os homens mostrarem porque estavam alí, o delegado já não era o único abençoado com a experiência naquela sala.
-Senhor delegado, começou o pai de Davi, gostaria de saber o porquê da intimação ao meu filho?
O delegado olhou o homem de cima a baixo, o senhor Téo Teodoro ou sabe-se lá o quê, era claramente um homem do campo mas pela forma como falara e mesmo sua postura o dizia que aquele homem não era matuto, leigo e que não ficara nervoso como o filho jovem adulto.
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Revolução ou Crise
Fiksi UmumUma pequena cidade tradicional dos anos 90 em revolução. Desaparecimentos misteriosos em sequência. Uma grande conspiração. Marta enfrentará uma batalha política num jogo de assassinos calculistas, mas também não estará sozinha. A cidade é de m...