Universidade Part. VII

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Aparentemente estava tudo normal no campus, tudo estava acontecendo como acontecia todos os dias. O que se diferenciava não vinha do externo, eram questões mui particulares da menina. Desconhecia demais o que a rondava, não que o sentimento partisse dos outros, ela incomodava-se pela a insegurança reprimida em si.

Há, pelo menos, uma semana Luna não ia às aulas. Ficou longe de tudo que estava nesse outro lado de sua nova vida. Por conselho das mães, naturalmente. Remoeu-se o tempo inteiro, buscava refúgio no colo das mesmas, Miguel voltara naquele mesmo final de semana. O problema não estava com ele.

O rapaz pôde nada fazer além de olhar para a irmã, umedecer os lábios não sabendo o que dizer, bater-se (mentalmente) por contribuir no atrapalho e se despedir num abraço. Ele estava muito certo de sentir-se incompleto nos dias que ela não estivesse lá.

Por fim, a morena ficou em casa se distraindo com o que pudesse. Sem sucesso, se caso o objetivo fosse não sofrer por estar longe de 'uma certa' ruiva. As mães pensaram que ela iria chorar, se acabar em prantos naquela mesma noite em diante. Não chorou, ficou abatida apenas.

Após a Alina sair da casa às pressas, depois da confusão, Luna foi correndo ao seu quarto sem saber como reagir. Não era nada do que ela havia imaginado, se parecia muito com as brigas causadas pelas mães quando a mesma era criança. Camila e Lauren sempre que se encontravam resultava numa briga enorme, hoje é visível que era amor reprimido, uma frustração familiar. Porém, era apavorante.

Todos aqueles momentos vinham com força em sua mente, os gritos das mães, os avós se metendo para resolver... Os olhares de desapontamento... As lembranças não eram das melhores, ela nunca lembrara nada de ruim antes, foi um gatilho pressionado.

Sentou-se no chão, escorada na parede. Ficou dormente, quis chorar em algum ponto. Tudo o que veio foi sua expressão apática. Consequente dormiu, seu irmão a levou até a cama quando decidiu-se corajoso a abrir a porta. O medo de todos na casa era vê-la chorando, este medo que gerou o pesadelo.

Ao passar dos dias Camila foi tentando puxar as orelhas de Lauren, confessou à ela a vergonha de sua infantilidade. Lauren não é ruim, só está com medo e não lhe entra na cabeça um espaçamento enorme para que sua filha fosse magoada. Acabou que sua Camz desistiu do assunto, não daria em nada por enquanto. Focaram em tentar mimar a mocinha que ficara, até com maiores cuidados do que com os pequenos. Virou frequente Matty correndo de um lado para o outro com o cachorro atrás dele, e o seu bicho de pelúcia em mãos implorando para que sua irmã não ficasse triste.

Sorria fraco e concordava em brincar com ele.

Antes de mandar a menina arrumar as coisas para voltar, sua Mãe 'Lo deixou claro que ela deveria fazer o que quisesse a respeito do relacionamento, apenas o que quisesse. Não que ela gostasse da ideia, Laur ainda odiava a 'Ferrugem' e não aceitara de maneira alguma que sua menininha namorasse, ainda não, ela a parecia tão... Frágil.

Para que não voltasse com as mãos abanando a deu de presente um broche para usar num dia especial, bem simples. Só o que pôde fazer para agradá-la e não entristecesse.

Continua a insistir de que tudo se sucedeu desta maneira por ser uma péssima ideia, prometeu apenas que tentaria se acostumar (até mesmo tentar gostar de Ferrugem, o que não falou diretamente para que não ficasse na dívida moral, também por achar impossível).

— Pirralha! — a voz gritou próximo.

Olhou sobre o ombro em meio a multidão.

— 'Guel! — exclamou vendo seu irmão.

O rapaz não era de sorrir fácil, naquele momento, curtido de saudade se deixou sorrir largo. Foi depressa abraçar a irmã e apertá-la contra si, dividiram o mesmo útero, espaço não era tão necessário assim. Por mais que estivessem em regiões diferentes de um mesmo lugar não parecia certo estarem distantes demais. A distância de alguns blocos bastava.

Onde Devo Estar (Spin-Off) (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora