Onde Devo Estar (Spin-Off) (Intersexual)

Inesperado

Foram duas ordens.

Camila deixou soar sua voz frígida.

Ordenou para o par de jovens subissem para o quarto, e que sua esposa permanecesse na área social cuidando dos filhos menores. Lauren de nada poderia contestar contra sua mulher, engoliu a seco algumas vezes... Pensou mil vezes no que ela diria às duas moças.

Seria um sermão? Não... Um sermão de absolutamente nada serviria. Já tem uma coisinha florescendo no ventre da mais nova.

Jesus Cristo!

Apenas o pensamento disto haveria de deixar ambas as mães loucas, Luna mal conseguia pensar.

No andar de cima o clima estava mais receoso, não tenso como imaginariam os leigos, havia uma ansiedade peculiar em libertar as palavras presas no peito. Haveria de ser ali, pôr todas as cartas na mesa sem abusar da sorte, era muito sério e exato.

A ruiva subiu para o quarto de Luna junto à mesma. Por nenhum segundo ambas se soltaram, as mãos dadas e dedos entrelaçados. Alina sempre acompanhando sua namorada, indo logo atrás da mesma. Por fim, em seu quarto havia apenas o silêncio das duas, intrusa somente a curiosidade da ucraniana sobre as quatro paredes que as cercavam.

Não havia as visto na última visita.

Também não a esperava ver por achar que seria a primeira e última visita!

As duas sentaram-se sobre a cama, aninhadas. Luna olhando para dentro de si enquanto Kovalenko simplesmente olhava em volta.

Entraram no quarto segundos depois.

— Sentem-se. — a voz firme de Camila soou.

Alina que estava para explorar as intimidades do quarto deu um pulo em si fixando os olhos na silhueta recente. Luna só deu o olhar repentino contando que estava distante, sem muitos pensamentos, porém, também sem muita realidade.

Camila puxou delicadamente uma cadeira no quanto do recinto e a pôs em frente à ambas, sentaram-se na ponta do colchão, desta vez sem tocar-lhe as mãos sequer, era totalmente formal.

A latina as enfitou com bastante seriedade, certo pesar na expressão, mas com suas forças fez-se fria. Umedeceu os lábios sentindo as palavras todas vindo.

— Têm alguma ideia no que isso muda na vida inteira de vocês? — soltou a indagação no ar.

As jovens não se encaram, olharam para seus colos, ainda transtornadas. A clássica face do jovem que fez travessura e arrependeu-se, aplica-se perfeitamente para batidas de carro, notas baixas ou fugas que deram errado... Porém terrível para quem terá um filho. Alina percebendo isso levantou a cabeça, engoliu a seco assentindo.

Luna ficou com sua carinha desconsolada.

— Criar um filho não é brincar com bonecas, não é como mimar um carro... — falou sugestivamente. — Ter uma criança é complicado, toda a sua vida está em função desse novo ser humano... É uma vida que está em sua responsabilidade. — enfatizou. — Entendem isso?

— Sim, senhora. — Alina falou agarrando discretamente a mão de Luna.

— 'Lu... — quis fraquejar com o apelido da filha. — Seus estudos estão começando agora... Você... Você... Pode acabar trancando a faculdade, sabia? Parando de estudar, tendo que trabalhar. — seus pulmões travaram da angústia em seu peito. — Sua mãe e eu vamos fazer o possível para que não sofra, porém... Se tu não arcar com as consequências os desastres serão maiores. Estou tão em conflito. Nós temos o que é preciso pra te poupar do sofrimento, e ao mesmo tempo não podemos te livrar porque é uma lição que tu precisas aprender! Para ser mulher, para ser independente, para criar um filho!