A Voz

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Yo, sentiram minha falta? Não? ok!


Esfregou os pés, virou o corpo para o lado, inspirou o aroma dos travesseiros. Grunhiu de moleza enquanto seu corpo lentamente despertava, os pensamentos vinham mesmo que abstratos. Enfim, Luna coçou seus olhos exibindo um beicinho manhoso. Certa carícia veio subindo por sua coxa, terminou esfregando seu braço com imensa delicadeza.

— Bom dia, minha vida.

Foi esse o primeiro som de sua consciência, sua turva visão focou na ruiva que sorria meio cansada, mal lembrando dos acontecimentos do dia anterior, certamente por estar ainda acordando e sentindo o mundo em sua volta. De normal reação, sorriu em conjunto (de certa maneira mais genuína).

— Eu trouxe café-da-manhã pra você. — complementou Alina.

A mesma cautelosamente trouxe até o colo de sua namorada uma bandeja com algumas opções, tudo muito fresco e com delicadeza em sua montagem. Os olhos da morena brilharam assim que viram aquelas belezuras em seu colo, poucas coisas a deixariam contente tão quanto comer (seria de se esperar sendo filha das mães que tem) e imediatamente foi enfiando a mão entre as comidas para se empanturrar. Mastigando e empurrando as laterais da boca.

— Obrigada, amor! — a menina exclamou de bochechas cheias; bateu palmas animadas; além de serem muitas coisas tinham um gosto delicioso.

Kovalenko tomou o lado de seu rosto em um dos palmos, suspirava e seu corpo parecia estremecer. Tanta coisa estaria pra acontecer com essa nova condição, tanta coisa mudaria individualmente e quanto um casal. Nada mais seria o mesmo, por sorte mudaria para todos os lados menos para a pior.

Alina nunca deixaria isso acontecer.

— 'Lu, precisamos conversar sobre algo bastante sério. — disse com pesar. — É sobre o teste que a gente fez ontem, lembra?

Luna assentiu preocupando-se.

— O que ele tem? — perguntou já sentindo sue coração palpitar.

A outra dama esfregou a nuca.

— Ele... Ele deu positivo. — engoliu a seco.

No mesmo instante largou o pedaço de comida em mãos, seu corpo tremeu, um milhão de coisas passaram em sua ingênua mente. As lágrimas lhe vieram assim como o miserável desespero. Tapou os ouvidos, contraiu-se choramingando, o pavor era nítido em seu rosto. Como uma criança no breu total.

— Não!... Não!... — prosseguiu com o mantra.

Alina segurou-a pelos pulsos chiando, a implorando para que mantivesse a calma. Não aguentaria ver sua pessoa favorita chorar novamente, partilharia da mesma dor ou até pior. O motivo de suas maiores alegrias de vida quando triste a doeria a morte.

— Por favor, meu anjo, não chora... Ei. — segurou as mãos da morena. — Vai ficar tudo bem, não se desespere... Eu estou aqui por você. — beijou seus dedos com enorme ternura.

— O que eu vamos fazer?! E minhas mamães?! E... A Universidade?! — sua voz falhou.

— Nada de negatividade, essa não é a Luna que eu conheço. — a afagou com um cafuné. — A primeira coisa que vamos fazer é ir falar com suas mães...

— Minhas mamães vão brigar! — começou a chorar novamente.

— Elas sempre dizem que te amam, não dizem?

— Sim...

— Então elas vão ajudar você independentemente de qualquer coisa, eles devem fazer isso, e eu não vou fazer o contrário. — tomou os lábios nos seus. — Confie em mim.

Onde Devo Estar (Spin-Off) (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora