Para todos aqueles que apoiaram e incentivaram a minha leitura e amor por esse vasto e incrível universo dos livros
Um grupo de amigos, como qualquer outro. Eles andavam pela calçada, brincando e zoando uns aos outros. Todos estavam animados; especialmente hoje, o último dia letivo do primeiro semestre. Eles voltavam para casa após o cansativo — porém, nem se comparava aos outros — dia de aula.
— E se formos tomar sorvete? — insistiu Alex mais uma vez. O grupo todo estava insistindo muito para que Wander saísse com eles para comemorar, mas, com certeza, o que mais tentava era Alex. Chegava a ser chato, aquilo.
— Não; já disse, vou direto para casa. — declinou Wander mais uma vez, da mesma forma que as tantas outras anteriores.
— Ah, qual é, Wander? Hoje tu tá muito chato! — reclamou Victor.
— Vamos parar de perder tempo com isso. Está claro que Wander tem outros planos para hoje. — pediu Rennon, que havia perdido as esperanças de convencê-lo — Mudando de assunto, vocês vão àquele tour pela cadeia local?
O assunto fez com que Wander se animasse mais. O sorriso, que sumira de sua boca pela chata insistência de seus amigos, voltou. Wander estava animado. Muito, muito, muito, muito animado! O garoto teve que se segurar para não sair de lá cantarolando e aos pulinhos.
— Eu vou, é claro. — respondeu Wander, feliz.
— Ótimo! — exclamou Victor — Sair para algum lugar legal com seus amigos você não quer, mas ir num passeio bobo de escola? Aí a história é outra.
— Larga de ser chato, Victor. Eu não vou.
— Wander, essa é a sua rua. — disse Rennon.
Wander saiu do transe e voltou a perceber onde estava. O Sol brilhava num límpido céu, o asfalto refletindo-o. As casas da cidade meio acabadas.
Wander se despediu dos amigos, virou a esquina e voltou a andar. Sem nada para fazer, ele ficava observando por onde passava. O quintal das casas que eram de grade, os portões enferrujados, as árvores, com suas desordenadas folhas saltando para lado de cá do muro.
Uma vez ou outra, Wander levava as costas de sua mão à sua testa, a fim de limpar-lhe o suor devido ao calor. Geralmente, o Brasil era sempre quente, mas hoje tudo parecia estar ainda pior. Provavelmente era a sua sensação térmica
Com o passar das quadras, as casas iam ficando mais bem cuidadas. Tinta nova nos muros, grama verde sendo aguada por regadores automáticos, campainhas ao lado dos portões, às vezes, até uma câmera aparecia.
E ele, finalmente, avistou sua casa. Ela se destacava das demais, não por ser mais rica ou mais bonita — nem de longe —, e, sim, por ser a única casa no estilo americano. Wander não sabia o porquê, mas sua mãe tinha um fascínio por coisas ao estilo americano. O estilo de casa, o jardim, os enfeites, o modo de como as reuniões de família eram feitas. Até mesmo o seu vocabulário. Ela ficava o tempo inteiro falando palavras em inglês, sendo essa, em sua opinião, a terceira matéria mais importante da escola.
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Alma de Golem (completo)
Science FictionUm garoto comum numa distopia, o que poderia dar errado? Wander, um adolescente dezesseis anos, está prestes a ter sua vida virada de cabeça para baixo graças a um tour de colégio pela cadeia local. Nesse mundo onde ele vive, as almas são encarnada...