Para todos aqueles que apoiaram e incentivaram a minha leitura e amor por esse vasto e incrível universo dos livros
Não havia tempo para reencontros. Em poucos minutos — ou menos — as naves já estariam ali. Wander mandou que sua namorada e seu melhor amigo os seguisse. Estavam sob ataque, isso já era de se esperar, mas o exército chegara antes do previsto.
Já era tarde demais, assim que os três saíram para a rua, viram que as naves estavam pousando, e bem no caminho até o abrigo! Eles teriam que lutar...
Todos haviam parado, estavam hesitantes, com medo de prosseguir em direção ao inimigo.
— Não parem! — Wander ouviu alguém gritar detrás de si. Era Marah, mostrando todo o seu instinto de líder aflorar — Continuem, continuem! Nós não somos o seu alvo, sem contar que os rebeldes já devem estar a caminho.
Aos poucos, as pessoas foram tomando coragem e voltaram a correr. Não demorou muito para que Wander, Rennon e Marah também começassem a maratona.
Durante uma certa distância, por sorte, eles não se depararam com nenhum soldado. Porém, logo eles se aproximariam das naves. Os três adolescentes corriam em último lugar.
Foi aí que o primeiro tiro foi perceptível aos seus ouvidos. E não parou por aí. A multidão começou a entrar em pânico e tentar fugir em todas as direções. Gritos agudos cortavam o ar juntamente com o som dos tiros. Era inevitável temer uma bala perdida, e ainda mais uma bala acertada. Pareciam baratas tontas
Wander tentava ignorar todos os pedidos de socorro, os quais ele não podia dar. Aquela sensação de impotência já era uma conhecida sua. O tour à cadeia lhe voltou à memória, e com aquilo, seu pai. Com tudo aquilo acontecendo, ele mal tivera tempo de pensar em seu pai. Nem se lembrara de pedir informações. Estaria ele bem? Vivo, ao menos? Ou fora capturado e morto pelo governo?
Um tiro ecoou muito próximo a ele, fazendo com que saísse de seus pensamentos e voltasse ao caos do momento. Um leve cheiro de fumaça pairando no ar. As pessoas iam caindo, mortas ou feridas, próximo a ele. "E se eu for o próximo?", temeu, mas sacudiu a cabeça na tentativa de afastar aquele pensamento.
— Por favor, alguém, nos ajude! — gritou uma voz feminina próxima de Wander.
O garoto iria ignorar, bem como fez anteriormente, e continuar correndo. Entretanto, um choro de um bebê mudou os seus planos. Involuntariamente, Wander olhou naquela direção. Uma mulher e seu bebê recém nascido, ainda de colo, estavam na mira de um soldado.
Aquilo fez com que o garoto se lembrasse da mãe. Fora assassinada pelo governo, mesmo sem ter nada a ver com todos os acontecimentos. Provavelmente, ela foi julgada como alguém que "sabia demais". E sua irmã, angustiada de outro estado, sem saber de nada que estava acontecendo ali.
O gatilho foi apertado. Wander deixou de divagar. A bala tilintou, porém, não acertou seu alvo, e sim, se alojou em outro lugar. O Golem de Terra era tido como o pior dos quatros, mas ele também tinha as suas vantagens; por exemplo: Ele era o ideal para a defesa.
Percebendo que seu plano fora interferido, o guarda se virou para Wander. A oportunidade perfeita para que a mulher e seu filho fugisse, e foi oque fizeram.
— Se me dá licença... — disse Wander, e se virou para voltar a correr.
Se enganou. Todos já haviam passado aquela parte e tudo oque restava na rua eram cadáveres de alguns aliados desconhecidos seus e vários soldados, que agora poderiam se focar completamente em um só alvo de uma vez. Ele não poderia prosseguir, então se virou e preparou-se para se refugiar em outro lugar, sozinho. Outro engano. O guarda que ele havia impedido de cometer um assassinato agora o cercara por trás.
Não havia saída, e se movesse um músculo ou desse qualquer ordem a seu golem, todas as armas apontadas para a sua cabeça atirariam.
Desistiu. Estava com medo. Desapareceu com o seu golem e resolveu se entregar como prisioneiro; era a única forma de sobreviver. Wander ergueu os braços em rendição e fechou os olhos.
— Garoto... — aquela voz era familiar. Wander abriu os olhos para ver se era realmente quem pensava ser — Junte-se a nós. Assim, será poupado. Eu te disse, não somos capazes de ir contra o governo. Você tem sorte, eles te deram uma nova chance, algo que nunca ocorreu antes! Aproveite.
Wander acertara. Quem o encarava de frente agora era Johnna, quem lhe levou para a execução. O covarde que se submeteu ao governo. Refletido naquilo Wander percebeu...
— Podem abaixar as armas, ele não vai recusar. — comandou o homem, e assim os outros fizeram.
"Idiotas...", pensou o garoto.
Olhando para Johnna e lembrando sobre a covardia, tanto a do inimigo quanto a própria, lembrou-se do quanto odiava aquilo. E numa explosão em ódio de um misto de tudo que estava acontecendo, principalmente o ódio de si mesmo, ele sentiu sua alma esquentar.
Começou a suar. O que diabos ele estava fazendo se entregando daquela forma, sem lutar?! Ele não iria se tornar um covarde como aquele que se encontrava a sua frente. E sua alma já fervia a esta altura do campeonato.
— Obrigado — disse Wander — Por me lembrar de que odeio todos vocês.
Num acesso extremo de raiva, o nosso protagonista libertou o seu golem novamente. Porém, dessa vez, ele era o eficaz para uma batalha ofensiva. Porque sua Alma era de Fogo, puramente um Fogo Incandescente, Quente como nunca ficara antes.
— A culpa disso tudo também é sua! — estourou Wander enquanto ordenava que seu golem atacasse aos soldados com seu esguicho de lava.
Como fora idiota. Só percebeu isso quando uma dor lancinante tomou o seu corpo, à partir de um ponto especifico da perna esquerda. Alguém covarde como Johnna não correria riscos daquela forma; um dos soldados fora instruído a atirar caso aquilo acontecesse.
A bala acertara em sua panturrilha e a dor só aumentava. Wander não conseguiu mais se sustentar e caiu no asfalto. Seus olhos pesaram e tudo escureceu de repente.
"Desculpe, irmã, mas não sei se posso prometer-te a minha volta..."
E junto com sua consciência, seu golem também se foi. Wander fora capturado.
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Alma de Golem (completo)
Fiksi IlmiahUm garoto comum numa distopia, o que poderia dar errado? Wander, um adolescente dezesseis anos, está prestes a ter sua vida virada de cabeça para baixo graças a um tour de colégio pela cadeia local. Nesse mundo onde ele vive, as almas são encarnada...