The House on the Hill

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Tom não se lembrava de ter adormecido, mas ele sabia que, se o havia feito, tinha dormido em sua cama, no dormitório de Hogwarts, e não em um sofá no meio de uma sala de visitas desconhecida. Bom, não totalmente desconhecida, mas como ele ainda não conhecia todos os detalhes do lugar, o garoto a considerava desconhecida, afinal, ele só estivera ali uma vez e não fora na melhor ocasião.

Talvez fosse por causa da memória da última vez que estivera ali que o rapaz logo se sentou e olhou em volta com os olhos arregalados assim que percebeu onde estava. O lugar parecia impecavelmente organizado e limpo, e a luz suave que entrava pelas janelas parecia fazer tudo brilhar, não deixando a vista nenhum vestígio de poeira. Era diferente da última vez - escuro, iluminado apenas pelas lamparinas ao lado do sofá - e Tom não sabia se essa mudança era boa ou ruim.

O bruxo levantou-se e lentamente foi até a porta, seu coração acelerando enquanto ele tentava esconder a ansiedade e procurava pela saída. Ele não tinha idéia de como acabara ali, mas ele não queria ficar por muito tempo, tinha que sair daquela casa antes que alguém...

Riddle deu um pulo e, instintivamente, pressionou-se contra a parede para evitar cair ao ver uma figura sombria parada perto da janela, atrás do piano de cauda no canto da sala. Sentindo seu coração quase sair pela boca, Tom estreitou os olhos, tentando focar a visão na pessoa ao lado da janela.

"O que diabos você está fazendo aqui?" o garoto sibilou, trancando o maxilar e sentindo o medo sumir, dando espaço para um tipo de raiva descontrolada. "Você não deveria estar aqui! Você deveria estar-!"

"A sete palmos debaixo da terra." Era estranho ouvir a voz daquele homem quando esta não estava em pânico ou quebrada por soluços. Era mais fácil não gostar dele quando ele parecia pateticamente desesperado... Não que aquele tom melancólico fosse melhor, agora ele parecia pateticamente miserável, mas Tom preferia o desespero àquela apatia patética.

"Ótimo," resmungou Tom, fechando os olhos e massageando as suas têmporas. "Estou sonhando com um trouxa estúpido."

"Não é bem um s-"

"Claro que é um sonho!" Riddle gritou e viu o homem encolher-se contra a janela. "Você está morto! Você já está morto por um ano! Eu vi. Eu mesmo fiz isso!"

O homem não se moveu. Estando contra a luz deixava impossível para Tom ver sua expressão, mas não era como se ele tivesse que ver como estava para saber que o rosto dele deveria estar uma máscara de preocupação exagerada. O rapaz olhou em volta outra vez. Tudo estava quieto demais, somente em um sonho um lugar seria tão silencioso.

"Preciso falar com você-"

"Oh, você precisa falar comigo!" Riddle riu, sacudindo a cabeça e voltando a andar, indo para a outra porta da sala, do lado oposto ao piano. "Depois de morto você quer falar comigo."

"Olhe, me desculpe." Tom agarrou a maçaneta, tentando girá-la, mas a porta estava trancada. "Mas eu realmente preciso-"

"Você começou a pedir desculpas depois que eu matei seus queridos papai e mamãe," disse Riddle, vendo como o homem parecia não se mexer do seu lugar ao lado da janela, como se ele estivesse protegido ali por alguma coisa, talvez o maldito piano. "Mas adivinhe? Eu não poderia me importar menos. Tudo o que eu quero é que você suma da minha vida, entende? Já é o suficiente ter que lembrar de você e da sua família toda vez que chamam o meu nome ou quando olho no espelho."

"Tom..."

"Você é patético, sabia?" perguntou o garoto, virando-se para olhar o outro de novo. "Tudo em você é patético: seu tom de voz, sua cara de tristeza estúpida, seus apelos, sua dependência de seus pais... Você é só um trouxa. Um trouxa nojento que está melhor morto. Eu fiz um favor a todos ao livrar o mundo de gente como você e seus pais."

Kolybel'nayaOnde histórias criam vida. Descubra agora