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Havia uma única coisa que Tom gostava quando o assunto era Quadribol: o jeito como o castelo ficava vazio nos dias das partidas. Isso significava que ele podia passar horas aproveitando o vazio acolhedor do lugar; a falta de alunos entupindo os corredores e o silêncio gostoso. Tom gostava de lugares quietos, sempre gostara, mesmo quando pequeno, quando era impossível achar silêncio em um orfanato cheio de crianças barulhentas. Quando chegara em Hogwarts, ele descobrira diversos lugares no castelo que outros alunos não conheciam, e esses eram seus locais favoritos quando ele não agüentava mais o barulho do Grande Salão ou a conversa no salão comunal da Sonserina.

Quando havia uma partida de Quadribol, era como se todo castelo se tornasse um desses lugares silenciosos e ele não conseguia não amar isso. Quando ele era novo em Hogwarts, os outros rapazes falavam tanto de Quadribol que ele chegou a ficar curioso sobre o esporta... Até a primeira aula de vôo, onde ele descobriu que voar realmente não era para ele. Depois da primeira partida, Riddle decidira que Quadribol era apenas mais um esporte inútil, com pessoas montadas em vassouras enquanto jogavam uma bola pelo ar e um infeliz tentava perseguir uma bolinha dourada. Não era tão diferente do handball trouxa.

Depois de descobrir a inutilidade do esporte, Tom passou a ficar no castelo quando os times se reuniam para jogar. Isso evitava a dor de cabeça que ele normalmente tinha caso ficasse no meio da multidão que não parava quieta e o permitia fazer algo útil, como, por exemplo, pesquisar sobre aquele tal Fyodor Basmanov e o seu grupinho de bruxos sanguinários que serviam Ivan IV – de tudo o que Merrythought falara na última aula, aquela fora a única parte que lhe parecera útil – enquanto esperava por Elston, que havia ido assistir o jogo. Tudo para espantar o tédio da espera.

Basmanov era um bruxo muito interessante, pelo que ele estava lendo. Jovem e poderoso, ele era um dos membros mais importantes da pequena policia secreta de Ivan, completamente devoto ao Tsar e que nunca pensava duas vezes antes de atirar uma maldição no inimigo. E também um ótimo Legilimente, pelo que A História da Magia Negra Pela Europa lhe dizia. Na verdade, todo o conceito dos oprichniks o estava deixando fascinado: um grupo de bruxos poderosos cujo dever era caçar traidores, varrendo-os para longe e mordendo-lhes os calcanhares, como o símbolo deles – a cabeça do cachorro e a vassoura – sugeria. Uma organização mágica com completo poder dentro de um governo trouxa. Melhor: uma organização de magia negra com mais poder do que qualquer um dentro de um governo trouxa.

Depois de uma boa hora lendo, a cabeça de Tom ergueu-se do livro assim que ele ouviu um leve cantarolar vindo das estantes atrás das quais ele se encontrava. Deixando o livro de lado, ele se levantou para tentar achar a fonte do barulho, pronto para pedir para que parassem com aquilo. Com uma frase pronta na ponta da língua o sonserino virou na curva da estante, forçando a si mesmo a engolir o seu pedido ao ver a figura translúcida da Dama Cinzenta flutuando perto de uma janela, quase invisível devido à luz do sol que adentrava através do vidro. Demorou um momento para que ela sentisse a sua presença e parasse de cantarolar, virando-se para ele.

"Boa tarde, Srta. Ravenclaw." O garoto curvou um pouco a cabeça, vendo o fantasma fazer a mesma coisa. "Como vai?"

"Bem," ela falou com uma voz vazia. Tom gostava daquela voz quieta e convencida dela. "Por que não está no campo com os outros?"

"Você sabe muito bem que eu não sou fã de Quadribol, milady." Um sorriso gentil apareceu em seus lábios enquanto ele se aproximava dela. "Prefiro usar esse tempo para estudar."

"Ainda me pergunto a razão de você não usar as cores da casa de minha mãe." A mulher lhe deu um sorriso fraco e voltou a olhar pela janela.

"Eu realmente aprecio a Corvinal, mas não posso negar que sou mais sonserino." Ele parou ao lado do fanasma, sentindo um rápido arrepio passar pelo seu corpo ao fazê-lo.

Kolybel'nayaOnde histórias criam vida. Descubra agora