Legilimency

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Uma semana se passou até que o próximo final de semana em Hogsmead chegasse. Hermione nunca pensou sete dias pudessem se alongar tanto e, quando finalmente chegou ao vilarejo naquele início de Março, a garota não pensou duas vezes antes de se despedir de Minerva e correr até o Cabeça de Javali, onde havia combinado de se encontrar com Ollivander.

O pub não havia mudado muito desde a última vez que entrara ali, no seu quinto ano e muitos anos no futuro: escuro, empoeirado e vazio. O barman estava ocupado com um livro atrás do balcão e ergueu o olhar por alguns segundos quando ela entrou no estabelecimento, antes de voltar a sua atenção para a leitura. Em um canto longe das janelas estava Ollivander, girando um café com uma colherinha encantada e com o olhar perdido dentro do líquido.

"Boa tarde," Hermione chamou, aproximando-se e sorrindo para o homem, que sobressaltou-se.

"Hermione." O rosto do fabricante de varinhas se iluminou com um sorriso enquanto ele se levantava para cumprimentá-la com um abraço. "Como você tem passado?"

"Estou bem," a garota falou, afastando-se e olhando rapidamente para o bar e vendo que o barman continuava desinteressado neles.

"Tenho novidades." O bruxo sentou-se outra vez, indicando para que ela fizesse o mesmo. "Como disse na carta, consegui falar com o Sr. Resande. Aparentemente, magia temporal é muito mais complicada do que imaginávamos."

"Nunca duvidei disso," a bruxa falou, puxando a varinha e acenando ao redor deles, colocando um feitiço para abafar o som e impedir que qualquer pessoa os ouvisse.

"Em primeiro lugar, o vira-tempo não pode ser consertado," disse Ollivander, sem hesitar e fazendo com que um buraco se abrisse no estômago de Hermione. Ele enfiou a mão dentro do casaco, tirando dali um saquinho de tecido e colocando-o em cima da mesa para que a garota pegasse. "Mas isso não significa que não há nenhuma forma para você voltar."

"C-Como...?" ela murmurou, esticando a mão para alcançar o pacotinho, sentindo os pedaços do vira-tempo ali dentro enquanto os olhos começavam a arder.

"Viagens no tempo podem ser feitas de diversas formas, não apenas com o uso de vira-tempos. Eles são apenas a forma mais fácil," o homem explicou, puxando a bolsa de couro que havia trazido consigo e apanhando um livro grosso e de capa azul escura, colocando-o sobre a mesa. "Mas existem rituais, feitiços, locais onde as linhas do tempo se confundem, magias que atraem pessoas para fora de seus tempos... É bem curioso."

Hermione encarou o bruxo por um momento, vendo como os olhos azuis claros dele brilhavam com uma intensidade assustadora. Sempre que ela via um corvinal com aquele brilho nos olhos, a garota sabia que o Chapéu havia feito certo em colocá-la na Grifinória: corvinais tinham tanta paixão pela curiosidade que chegava a assustar, eles eram mais movidos pelo desejo de descobrir do que pela razão.

"O bom de ser da minha casa é que você pode perguntar qualquer coisa para a maioria das pessoas que elas vão sempre achar que você só quer imaginar hipóteses alheias, para matar a curiosidade," disse Garrick, sorrindo. "Eu apresentei ao Sr. Resande a situação hipotética de um viajante no tempo e perguntei como essa pessoa faria para voltar ao seu tempo. Além de quebrado, o vira-tempo também não serviria para levá-la ao futuro... Ele só leva ao passado, você precisa viver o tempo até chegar no futuro."

"Eu não posso ultrapassar o sol," Hermione murmurou, lembrando-se da inscrição que havia nas hastes do primeiro vira-tempo que usou, ainda no terceiro ano.

"Isso mesmo... Agora, existem certos locais ao redor do mundo que são propícios a viagens no tempo. Eles não funcionam para todos e, na verdade, ninguém chegou à conclusão de como exatamente essas viagens ocorrem," ele continuou explicando. "Círculos de pedras, moledros, antigas construções ritualísticas... Coisas que marcam esses locais propensos a viagens no tempo."

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