O Dia de São Valentino nunca fora o feriado favorito de Tom. Na verdade, ele nunca realmente entendera o que era o tal Dia de São Valentino até chegar em Hogwarts e ver corujas voando com cartões cor-de-rosa, flores ou caixas de chocolate. Viver em um orfanato no meio de Londres implicava em associar o Natal com roupas novas, a páscoa com uma missa e ignorar completamente um dia tão frívolo quanto aquele que homenageava o tal Valentino.
Naquele dia 14 de Fevereiro de 1945, Tom se perguntava quais as chances de Abraxas ter planejado tudo o que havia acontecido na Floresta Proibida, pois seria muita coincidência dois dias depois, ser o tal dia de trocar presentes românticos. Se bem que Malfoy parecera tão surpreso quanto ele depois que voltaram para o castelo naquela noite e, até agora, nenhum dos três adolescentes havia tocado naquele assunto outra vez. O que era estranho, pois o rapaz achava que Abraxas fosse o tipo de pessoa que ficaria puxando o acontecimento em toda oportunidade que tivesse.
"Último passo!" disse Malfoy, naquela manhã de quarta-feira, enquanto preparava os últimos ingredientes que eles precisavam colocar na poção do amor que estavam preparando para o projeto de poções.
"Por favor, não estrague tudo agora," murmurou Hermione, mantendo-se a distância do caldeirão.
"Acho que Tom deveria fazer isso." Abraxas esticou a mão que segurava o pote cheio de ovos de Ashwinder congelados. "Ele fez todo o trabalho teórico, mas acho que é válido ele ter pelo menos um dedinho de participação na poção em si... Além de ter ficado de olho para que a gente não estragasse tudo, claro."
A grifinória olhou de um rapaz para o outro, antes de suspirar e assentir. Riddle soltou um muxoxo, largando a pena sobre a mesa e se levantando para ir até o caldeirão. A sala onde estavam era preenchida por uma fumaça densa e rosada que emanava da poção e parecia se recusar a sair pela janela aberta. Quando o rapaz esticou o pescoço para olhar o conteúdo do caldeirão, viu um líquido perolado borbulhando ali dentro... Parecia que estava tudo como deveria ser para aquela etapa da preparação.
"Vamos precisar levar isso até as masmorras depois," disse Hermione, finalmente se aproximando. "A temperatura lá embaixo é melhor para preservar a poção sem nenhuma alteração."
"Trouxe os frascos?" perguntou Malfoy.
As vozes dos colegas pareciam distante enquanto Riddle observava o líquido ali dentro. Slughorn havia falado que a Amortentia poderia ser uma das poções mais perigosas dentre aquelas que ele colocara no seu pequeno projeto, mas ali ela parecia... Apenas uma poção bonita.
O rapaz pegou o pote que o outro sonserino lhe oferecia e jogou o primeiro ovo na poção, que borbulhou um pouco mais. Depois, continuou jogando ovo por ovo, esperando um momento entre eles, como que para ver se notava alguma diferença no aspecto do líquido. Ele parecia ficar cada vez menos viscoso, perdendo a cor esbranquiçada e ficando translúcido. A fumaça cor-de-rosa também foi mudando, ficando mais branca e, ao invés de subir em grande quantidade, começou a se afilar até sobrar apenas um fio esbranquiçado de fumaça que subia em espirais do caldeirão.
"Estão sentindo?" perguntou Hermione, erguendo o rosto e inspirando fundo.
"O que exatamente?" perguntou Malfoy.
"Bom, eu sinto cheiro de grama recém-cortada e de pergaminho," a garota falou, fungando mais uma vez.
"O cheiro da Amortentia varia de pessoa para pessoa," Tom explicou, franzindo o cenho. "É como plantas que liberam um cheiro específico para atrair uma presa. Você sempre vai sentir o cheiro de algo que gosta muito."
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Kolybel'naya
FanfictionExistiam muitas coisas as quais Hermione nunca imaginara serem tão complexas: o tempo, a morte, os sonhos e, acima de tudo, o Lorde das Trevas. NOTA: Essa história começou a ser escrita em 2012 e foi terminada em 2017, postada originalmente no fanfi...