The Wizard from Far East

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Quando Tom Riddle lhe perguntou se ela gostaria de dividir um apartamento com ele em Londres, Hermione tentou entender quando foi que sua vida tomara um rumo tão estranho. No entanto, esquisito ou não, ela não tinha dinheiro e dividir o aluguel com alguém era uma ótima saída... Mesmo que esse alguém fosse um futuro Lorde das Trevas e o garoto com o qual ela já havia dormido algumas vezes junto com outro rapaz.

O lugar não era bonito. Minúsculo e escuro, com uma janela que dava para um beco e um vizinho que falava alto demais, o apartamento era um contraste gritante com o que eles haviam vivido durante os últimos dias em Hornsea, mas, de acordo com Riddle, fora o melhor que ele conseguira. E, no fundo, Hermione sabia que não era preciso muito esforço para transformar o lugar em, pelo menos, algo confortável. Abraxas, no entanto, continuava indignado com a escolha deles, mas isso não o impediu de passar algumas horas naquele 'muquifo', como ele gostava de chamar, todos os dias.

A vida depois de Hogwarts nunca fora algo que Hermione dera muita importância. Sua cabeça estava sempre preocupada com coisas como as provas, as tarefas de casa e, é claro, a ameaça de Lord Voldemort. Apesar de odiar admitir isso, sua vida acadêmica sempre fora mais voltada em aprender coisas para ajudar Harry e Ron do que para uma futura vida profissional, mas só agora que a garota notava isso: sobreviver um ano letivo era muito mais importante do que a ideia de uma vida pós-colégio. Dessa forma, era estranho estar finalmente graduada, pois não tinha ideia do que fazer, ainda mais na situação na qual estava.

A solução, por mais estranha que fosse, acabou sendo Ollivander.

"Eu podia ter alguma ajuda aqui," o homem lhe falou quando ela foi visitar em uma tarde abafada de Julho. "Sabe, para organizar a loja, mas se você quiser, posso tentar lhe ensinar uma coisa ou outra sobre varinhas."

"E correr o risco de ganhar um concorrente?" ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.

"Conheço as suas prioridades, Srta. Elston." Um sorriso genuíno apareceu no rosto do fabricante de varinhas. "Sei que não tem a intenção de abrir uma loja na minha frente para roubar a minha clientela."

Ela aceitou, para a surpresa de Malfoy e Riddle.

***

"São vinte galeões," disse Tom, vendo o nariz da senhora se franzir ao ouvir o preço.

"Isso não passa de uma velharia!"

"É um artigo antigo, sim, mas a magia contida nele é forte," ele explicou, gesticulando para o boneco de madeira que estava tentando vender.

No fundo, o rapaz queria perguntar qual a razão de ela querer comprar aquele artefato se ela achava que era apenas uma velharia, mas ele sabia que a primeira regra da Borgin & Burke's era 'o cliente sempre tem a razão' e a segunda era 'vide a primeira regra'. Nem que quisesse muito, não poderia mandar a Sra. Parkinson ir caçar semivistos no meio da floresta, então apenas sorriu e tentou contornar a situação com educação.

"Eu entenderia vinte galeões se fosse um amuleto feito em, não sei, prata ou cobre..."

"Talvez eu possa fazer por quinze galeões, senhora." Ele sorriu da maneira mais charmosa possível. "E também posso lhe dar uma indicação de um ótimo livro sobre amuletos e maldições polinésias, para que a senhora possa utilizá-lo melhor."

A bruxa fez um bico com os lábios pintados de vermelho, mas por fim acenou positivamente e puxou a bolsa bordada que trazia consigo. Riddle apenas continuou sorrindo enquanto arrumava o objeto dentro de uma embalagem, ouvindo o som dos galeões batendo contra o balcão de madeira.

Quando era pequeno, o rapaz não tinha a menor ideia do que faria com a sua vida depois que saísse do orfanato. Por um breve período, imaginou-se um médico como o Dr. Mazarovsky, mas isso não durou muito e logo Tom Riddle se contentou com o fato de que, um dia, iria acabar trabalhando como limpador de chaminés ou caseiro de algum lugar... Até Dumbledore aparecer. Mas, mesmo assim, os primeiros anos de Hogwarts sempre foram muito voltados a aprender e com pouca ênfase no futuro. Foi apenas na época dos NOMs que Riddle tentou se focar em uma área específica e tal área foi as Artes das Trevas e Teorias em Magia. Mas agora, ali estava ele, fazendo uma embalagem para uma senhora rica enquanto trabalhava em uma lojinha sucateada na Travessa do Tranco.

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