Dê-me o que mereço e seja feliz comigo

EU FUI FEITO PARA VOCÊ E VOCÊ PARA MIM

O dia de ação de graças chega e minha casa se enche novamente, Thor parece um pouco chateado, pois sua mãe não consegue ou não quer se enturmar conosco e passará o dia sozinha, depois que todos se vão, ele a visita e volta ainda mais chateado, diz que ela ficou com raiva, pois o pediu para dormir lá e ele não quis. No meio da noite acordamos com o seu celular tocando e Thor levanta assustado depois de atendê-lo.

– Minha mãe está no hospital.

– Calma, meu amor, você não pode sair assim! – Me preocupo com o seu desespero em se vestir.

– Foi por minha culpa, Angel, ela pediu para eu dormir lá porque estava se sentindo mal e eu não dei importância.

Ele se veste e vai ao banheiro, eu quero lhe acompanhar, mas agora tenho Íris e não posso, ligo para Erik e o coitado atende o telefone assustado, lhe digo o que está acontecendo e quando Thor está saindo de casa, ele sai da sua e diz que irá com o irmão e assim volto para o meu quarto mais tranquila, pego minha pequena deusa em seu berço, a coloco em minha cama e ao seu lado adormeço logo, pois não consigo me preocupar com estas crises de Lisa, sei que ela faz isso só para chamar a atenção de Thor. Depois do almoço, Thor liga dizendo que a mãe já recebeu alta e ele está a levando para casa, vou a casa de Erik e o espero chegar e assim que ele chega me conta que a mãe deixou de usar os seus remédios, mas por sorte foi socorrida a tempo. Volto para casa e passo a tarde à espera do meu marido que liga só a noite dizendo que irá dormir com a mãe, não reclamo e o trato com carinho e compreensão. Barbara se preocupa comigo, não quer me deixar sozinha, digo que ficarei bem, mas ela insiste e acaba ficando. Depois que começou a trabalhar aqui, não existe mais lanche, existe janta, ela diz que eu preciso me alimentar bem para amamentar a Íris. Coloco minha filha no berço depois do banho e de uma boa mamada e me sento à mesa.

– Senta aqui comigo, Barbara.

Ela está lavando as louças.

– Me sentar com você? – Ela me olha surpresa.

– Sim. Você já jantou?

– Não, vou jantar depois de retirar a mesa.

– De jeito nenhum, você vai me fazer companhia, vem – Puxo a cadeira ao lado da minha.

Barbara pega um prato, talheres e se senta ao meu lado um pouco sem graça.

– A Sra. Lisa nunca convidaria uma empregada para jantar na mesma mesa que ela.

– Pelo amor de Deus, Barbara, não me compare aquela mulher!

– Vocês não se dão bem, não é?

– E quem se dá bem com ela? Lisa é uma mulher muito amargurada, não dá espaço para ninguém entrar em seu mundo.

– É verdade. – Barbara começa perder a vergonha e leva uma garfada à boca.

– Você trabalhou muito tempo com ela, não foi?

Ela assente com a cabeça.

– Ela sempre foi assim?

– Sempre. Quando eu comecei a trabalhar naquela casa, o Thor era recém-nascido e a Sra. Lisa já era daquele jeito reservado. Já o Sr. Tom era um doce, com o tempo ele foi ficando sério também e não parecia nada feliz. Quando Thor completou dois anos, eles brigavam todos os dias, ela nem esperava o marido sentar quando chegava do serviço e já começava a cobrar as coisas e a jogar na cara dele que o pai dela era rico e que tudo ali era dela. O Sr. Tom chegou a pedir o divórcio, mas ai ela disse que estava grávida novamente e ele desistiu e teve toda paciência do mundo com ela enquanto carregava o Erik em seu útero, depois que ele nasceu, ela começou a tratar o Thor mal, não tinha um pingo de paciência com o garoto. Sr. Tom sempre que podia dava atenção ao filho, mas ele precisava trabalhar e o coitadinho ficava nas garras da mãe. Eu comecei a leva-lo comigo para a cozinha e lhe dar atenção, mas quando a mãe o via ali, tirava-o de modo brusco de meus braços. As brigas entre ela e o marido só aumentava e ela sempre dava um jeito de colocar a culpa em Thor, tinha coragem de dizer ao menino que tinha apenas três para quatro aninhos que ela e o pai estavam brigando por culpa dele. Os anos foram se passando e o Sr. Tom parecia não suportar ficar em casa, vivia viajando e um certo dia, a Sra. Lisa desconfiou que ele tinha um caso e contratou um detetive que lhe trouxe provas desse adultério, ela quebrou tudo dentro de casa na frente dos filhos e quando o marido chegou, a briga foi a mais horrível de todas. O Sr. Tom me pediu para cuidar dos meninos, pois ele iria sair de casa, Thor e Erik começaram a chorar e a implorar para o pai não ir. Ele disse a Sr. Lisa que não queria ir embora, mas a sua amante estava grávida e ele devia ajuda-la. Aquela mulher virou o capeta de saia e enquanto quebrava o que ainda tinha sobrado inteiro, disse que só o aceitaria se ele pagasse o aborto dessa amante e sumisse com ela. O Sr. Tom tentou convencê-la a deixa-lo ficar, disse que não iria matar o próprio filho, mas que a prometia que não voltaria ver a amante e nem este filho, apenas arcaria com uma boa pensão. A Sra. Lisa ficou ainda mais possessa e não parava de gritar e quebrar as coisas na frente dos próprios filhos e mandou o marido fazer a sua escolha; ela e os meninos ou a amante e o filho que ela esperava. O Sr. Tom abraçado aos filhos disse que não poderia abortar o irmão deles, Sra. Lisa arrancou as crianças dos braços do pai e disse que a sua escolha tinha sido feita e o expulsou de casa. Os meninos sofreram muito com a partida do pai e o mal temperamento da mãe que vivia dizendo que a culpa era deles. Os pobrezinhos não podiam fazer nada que ela os castigava e até chegava a bater, o Erik sempre foi mais esperto e fugia dela, mas o Thor ficava e acabava apanhando sozinho e sendo trancado no banheiro por horas. Ela falava quase todos os dias que ele era culpado pelas brigas que ela e o pai tiveram e que foi por causa dessas brigas que o pai tinha procurado uma amante e que agora ele iria amar mais esta família e esqueceria deles. Thor vivia deprimido e calado pelos cantos, por diversas vezes ele gritava a noite e quando eu corria para socorre-lo, a maldita da Lisa já estava o acordando com tapas, nem se importando que o filho estava tendo pesadelos. Quando ele estava entrando na adolescência tive medo que ele se enfiasse no mundo das drogas para fugir dos problemas que sua mãe lhe causava, a aconselhei a levá-lo ao psicólogo e fui despedida. Ela fez os filhos odiarem a própria irmã e mesmo depois de grandes, eles nunca quiseram conhecê-la, eles nunca passaram um final de semana com o pai, Thor e Erik sofreram muito e foi Deus que colocou você e o Dani na vida deles, pois duas pessoas tão boas como eles não mereciam mais nenhum tipo de sofrimento, eu sei que eles serão sempre muito felizes ao lado de vocês que sabem dar o amor que eles nunca tiveram.