A dor de um amor

Quatro

Já faz uma semana, desde o jantar que Amélia fez para anunciar sua gravidez. Uma semana, desde o dia em que ouvi aquela conversa esquisita, entre ela e Christian. Até hoje não parei de pensar nisso.

Amélia sabe sobre o meu caso com Christian, mas mesmo assim me manteve como empregada da casa. E ainda por cima, ela anda me tratando super bem, sempre me pergunta sobre minha gravidez, se o meu bebê está bem. Ela até me indicou um obstetra amigo dela para acompanhar minha gravidez.

Hoje terei minha primeira consulta com ele, Jack irá comigo. Mesmo eu falando que ele não precisava fazer isso. Mas ele insistiu, disse que quer fazer parte da vida do "filho" desde a barriga.

Pode parecer precipitado, mas eu me joguei de cabeça nesse meu relacionamento com Jack. Preciso dar um pai ao meu filho, e Jack é perfeito para exercer esse papel.

Estou no meu quarto me arrumando, para ir à consulta. Coloco um vestido simples e bem leve, pois hoje está bem quente. Paro em frente ao espelho, vejo meu reflexo e percebo que minha barriga está crescendo aos poucos. Fico fazendo carinho nela. Esse bebê, foi a única coisa verdadeira que Christian me deixou.

-Meu pontinho, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É através de você, que finalmente terei uma família.

Ficou falando sozinha, em frente ao espelho, olhando minha barriga. Quando levanto minha cabeça, vejo o reflexo de alguém me olhando, na brecha da porta que está entre aberta.

Me viro para ver melhor a pessoa, mas ela sai rápido, sem que eu veja seu rosto. Mas pelo que eu vi era um homem. Quem poderia ser? Será que era Jack e ficou com vergonha por ter sido pego no flagra, por isso saiu correndo? Só pode ter sido ele, melhor deixar isso de lado.

Pego minha bolsa e saio do quarto. Caminho em direção a cozinha, mas acabo esbarrando em alguém.

-Desculpa. Peço olhando para o chão.

-Tome mais cuidado enquanto anda Anástacia. Christian diz com sua voz rouca, que faz eu me arrepiar inteira.

-Irei tomar senhor. Digo sem olha-lo. Me surpreendo quando Christian pega em meu queixo, fazendo com que eu o olhe.

-Ana eu sinto tanto. Ele diz me olhando com os olhos tristes. -Sinto tanto por...

-Ana, cadê você? Vamos chegar atrasados na consulta. Jack me chama, interrompendo o que Christian iria dizer.

-É melhor você ir. O pai do seu filho está te procurando. Christian diz de forma grosseira e dessa vez me olhando com raiva e nojo.

Me dói ver a forma como ele olha para mim, é como se eu fosse uma vagabunda. Mas eu não sou isso, o único homem ao qual me entreguei foi ele.

Balanço minha cabeça para afastar esse pensamento, e ando em direção a voz de Jack, deixando Christian para trás.

-Onde você estava amor? Jack pergunta me abraçando.

-Estava me arrumando para a consulta Jack. Digo dando um pequeno sorriso.

-Está linda por sinal. Ele diz, fazendo com que eu fique vermelha.

-Obrigada. Digo sem graça. -Gail, você fez o sanduíche que eu pedi?

-Claro Ana. Afinal você precisa se alimentar direito, por causa desse pequeno bebê que você espera. Ela diz me entregando um sanduíche natural de frango.

-Obrigada Gail, nem tive tempo de almoçar. Falo dando uma mordida enorme no pão.

-Isso não pode acontecer Ana, nosso bebê tem que nascer saudável. Jack diz me repreendendo.

-Isso não vai mais acontecer Jack.

-Sabe, é tão estranho ver os dois juntos. Gail diz olhando atentamente pra nós dois. -Nunca vi vocês dois tão íntimos assim, para a Ana de repente aparecer grávida.

-A gente queria segredo na nossa relação sra Jones. Mas como Anástacia engravidou, achamos melhor assumirmos para todos nosso romance. Jack diz com raiva.

-É melhor irmos logo Jack. Não quero chegar atrasada para saber o sexo do meu pontinho. Tchau Gail. Digo me levantando da cadeira e indo dar um abraço nela.

-Cuidado com quem anda, minha menina. Ela diz em meu ouvido, me deixando confusa e sem saber o porque dela ter dito isso.

Saio de lá pensativa, será que Gail sabe algo sobre Jack? Talvez eu deva perguntar para ela mais tarde. Jack e eu entramos no carro a caminho do hospital, onde o amigo de Amélia trabalha.

Alguns minutos depois chegamos no hospital. Assim que falo meu nome para a recepcionista, ela me encaminha para o consultório do doutor José Rodrigues.

Quando entro no consultório, dr Rodrigues já me recebe com um sorriso enorme.

-Prazer Anástacia. Amélia disse que você é uma funcionária muito especial, por isso tenho que ter o maior cuidado com você e seu bebê. Ele diz ainda sorrindo, acho estranho tudo que ele me disse, e também não gosto de seu olhar sobre mim.

-O prazer é meu Dr Rodrigues. Digo estendendo minha mão para ele, que ao invés de aperta-la, a leva para sua boca deixando um beijo nela. Sinto um arrepio ruim passar por todo o meu corpo, mas deixo essa sensação de lado.

-Bom Anástacia, vamos começar a consulta? Ele pergunta se sentando em sua cadeira. Jack e eu nos sentamos em sua frente.

Nesse momento ele me pergunta tudo sobre minha gravidez, mostro todos os exames que já tinha feito no hospital público para ele. Dr Rodrigues olha todos os exames atentamente. E diz que está tudo bem comigo e meu bebê.

Depois disso, ele pede que eu me deite na maca, para começar o ultrassom. Me deito, levanto meu vestido e ele me dá um pano para eu cobrir minha calcinha. Logo ele põe um gel em minha barriga e começa o exame.

Fico olhando para o visor sem entender nada, não consigo identificar onde está meu pontinho.

-Estão conseguindo ver o bebê de vocês? Dr Rodrigues pergunta.

-Eu não vejo nada. Jack diz olhando para o visor, ainda procurando o bebê.

-Eu também não consigo vê-lo dr. Digo frustrada.

-Pois ele está bem aqui. O dr diz circulando onde meu bebê está. Dessa vez consigo ver meu pontinho, ele é tão pequenininho ainda. Lágrimas começam a sair de meus olhos, é muita emoção pra mim.

-Eu ainda não consigo ver nada. Jack diz com raiva. Ignoro o que ele disse e o médico também.

-Vai querer saber o sexo? Dr Rodrigues pergunta olhando para mim.

-É o que mais quero saber. Digo sorrindo feito boba.

-Parabéns você terá um menino. Ele diz com um sorriso esquisito.

Sorrio apesar disso, mas me sinto um pouco decepcionada, pois sentia que seria uma menina. Mas o sexo não importa, o importante é que meu bebê está bem e será muito amado por mim.

-Já garanto que será jogador de futebol. Jack diz sorrindo.

Depois que o ultrassom acaba, o médico ainda me receita algumas vitaminas para eu tomar. Saio do consultório com uma sensação muito estranha, como se algo fosse acontecer. De repente um sentimento de medo se instala em meu coração. Só peço a Deus que nada de ruim aconteça comigo e nem com meu pontinho.

Mais um capítulo para vocês minhas leitoras maravilhosas.

Mas iai gente, que sensação ruim será essa que Ana está sentindo? O que será que irá acontecer? Deixe suas apostas.