A mente humana é fascinante e bastante perigosa quando traumatizada. Esse é o caso de Aline, uma jovem com diversas tragédias do passado pronta para tentar seguir em frente.
Mudando para o município de Palmas, matando seus medos e se livrando de qu...
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Fazia uma semana certa em que havia completado 10 anos e eu estava feliz! Não ganhei nada, como sempre; sem bolos, festa, amigos, porém eu me sentia mais velha, quase uma adolescente, e isso era legal.
Meu pai chegou bêbado de novo e eu pude ouvi-lo gritar com mamãe sobre o local que estava e a hora de sua chegada. Sua voz era grave e agressiva, mas mamãe parecia furiosa demais para se importar com isso e não se limitou a baixar seu tom.
Tudo como sempre.
Ouço meu pai subir as escadas dessa vez mais alterado que o de costume. Estava brincando com Chuck, um urso que ganhei de meu primo Lucas, quando me assusto com a porta do meu quarto sendo escancarada. O barulho da madeira batendo na parede me fez largar Chuck e encarar a feição de meu pai.
Ele estava um trapo. Roupas suadas e rasgadas. Imundas. Um odor forte também lhe acompanhava fazendo meu estômago revirar. Sua face foi tomada por um sorriso perturbador que me deixou instantaneamente com medo.
— Vamos brincar filhinha?!
Ele se aproximou e eu tremi. Algo não me parecia certo.
— P-papai eu...
— Shiiiu...Só faz o que seu papi mandar — Ele me pega pelo braço com certa brutalidade.
— Papi? — Pergunto com lágrimas nos olhos.
— Sim. É assim que vai me chamar de agora em diante.
Ele me lança na cama enquanto remove seu cinto e eu tento fugir. Apenas tento já que ele me joga com mais força ao mesmo lugar.
— Já mandei ficar quieta — Ele retira sua calça e eu entro em desespero.
Enquanto ele joga seu peso encima de mim, me debato tentando me soltar e grito o mais alto que posso torcendo para mamãe tirá-lo daqui.
— ME SOLTA! MÃE! MAMÃE!!!
Lágrimas escorrem pelo meu rosto uma após a outra e meus socos não parecem afetar o homem que me agride. De repente uma dor aguda atinge entre minhas pernas e eu arqueio as costas para tentar afasta-la de mim.
— Awon... Filhinha... Tão apertada — Vagner diz com os olhos fechados e meu estômago dá voltas e mais voltas.
— MAMÃE! MÃE! ELE ESTÁ ME MACHUCANDO... — Ele ignora meus gritos e meu consciente começa a me avisar que ela não vêm, me deixando ainda mais assustada — PARA... P-POR FAVOR... ESTÁ DOENDO.
— Ah.... Sua voz é tão manhosa que vai me fazer gozar rápido... C-continua pro papi filha...
Ele não se importa com o que está me causando e eu grito cada vez mais. Quando percebe que não pararei de berrar, se levanta e apanha um canivete do seu bolço da calça. Ainda assustada engulo seco temendo o que está por vim.
— Sinto muito, mas você não está sendo uma menina boa para seu papi.
O homem me força a abrir a boca e sinto a terrível dor de ter parte da língua serrada. Aquela dor foi horrível, mas não tanto quanto a dor de não poder fazer o que eu mais amava; cantar. Então eu parei a partir daí. Parei de falar já que minha alma se calou.
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Lucas estava sentado a mais de vinte minutos com as mãos na cabeça. Mesmo depois que chegamos em casa ele continuava apavorado com o que viu.
— Como...? – Seus olhos fitam os meus — Você consegue falar?
Um suspiro longo sai de meus lábios e balanço a cabeça positivamente.
— Então por que não fala? E não contou para a polícia? Ou para alguém?
Reviro os olhos. A ingenuidade dele me deixava sem ânimo de manter uma conversa.
— ...D-dói... — Ele se assusta já que não esperava que algum dia me ouviria falar — ...mu-uito...
— Certo. E você seria a primeira suspeita de tudo — Parabéns pela descoberta Sherlock — Vou dar um jeito nisso. Sei que é inocente.
Sorrio em agradecimento e ele se levanta, caminha em direção ao seu quarto, mas algo o impede de prosseguir.
— Quer me contar como perdeu a língua? — Abaixo o olhar — Tudo bem. Quando se sentir confortável, estarei aqui.
E assim ele saiu.
Algo me fazia confiar nele e querê-lo por perto. Talvez até contaria algo sobre mim um dia. Mas não hoje, nem amanhã.
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