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A maneira como Nicole olhava intensamente para Lucas durante a refeição entregava seus sentimentos. Ao menos para quem observava de longe, afinal Lucas parecia não perceber do mesmo jeito. Eu acariciava a cabeça de Gato enquanto ele ronronava em meu colo.

De repente a porta da sala é escancarada mostrando um torço alto, forte e rígido.

— Filha você não abe o... — Sua voz grave ecoou pelos cantos de ambas as salas deixando Nicole desconcertada.

— P-Pai? Achei que estivesse de plantão — Ela confessa se levantando depressa da mesa e caminhando rumo a entrada.

O olhar firme do homem analisa todo o ambiente e para em Gato.

— Chefe? — Lucas se levanta rápido também. Eu observo aquela cena e confesso não saber se preciso me levantar ou devo continuar sentada.

— Como vai Lucas? — Pergunta sem interesse ainda de olhos em mim — Nicole é alérgica a bichos.

— Bem, obrigado — Diz cumprimentando com as mãos seu patrão.

Coincidência interessante.

— Tudo bem pai. Eu deixei que Lucas trouxesse o gato. Estou tentando me enturmar com Aline.

É um jeito peculiar de se enturmar visto que Nicole não se dirigiu a mim durante todo o jantar, mas não questionarei seus métodos de interação social.

— Jantarei com vocês — O homem avisa vindo em direção à mesa e o clima pesa um pouco a princípio, mas logo a tensão é substituída por uma conversa animada sobre o trabalho de Lucas e Calebe, o tal homem.

Fiquei mais à vontade quando finalmente pude sair daquele casa. Algo me faz duvidar deles e minha intuição não costuma falhar.

 Algo me faz duvidar deles e minha intuição não costuma falhar

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Lá estava eu; brincando com Chuck. Estava do lado de fora da casa tentando evitar a gritaria dos meus pais. Eu odiava os sábados, porque os dois tinham tempo disponível para brigarem um com outro.

Observava várias crianças rindo, me olhando e debochando da minha "esquisitice". Perguntava para minha pelúcia o que tenho de errado, quando Raquel apareceu.

— Eu conheço eles — A menina disse recebendo minha atenção — Quer saber o porque de não gostarem de você?

— Não — Respondi. Mas queria. Queria muito.

— Vou falar assim mesmo.

Eu quase agradeci mentalmente.

— Não gostam de você porque você foi um erro. Pergunte a quem quiser.

Encarei ela de volta.

— Não é verdade.

— É sim. Aceite o fato Aline. Nem a tia Bia quer ter você a chamando de mãe. Você é toda errada, toda diferente. Vive num mundo inventado e sabe porquê? Porque ninguém gosta de você desse mundo. Devia fazer um favor a todos e sumir.

Os Corpos de Palmas IOnde histórias criam vida. Descubra agora