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Entro em casa ficando imediatamente rígida. Lucas e Nicole estão conversando quando eu interrompo o "casalzinho".

Encaro um primo furiosa, e ele rapidamente levanta.

- Calma, ela veio ajudar.

Pego meu celular e digito depressa.

"Confia nela?".

- Lógico!

"Eu não".

- Aline, você não entenderia. Somos amigos desde criança.

"Ela é filha do policial que quer me colocar na cadeia".

- HEY! – Nicole nos chama se levantando – Eu estou aqui Aline, goste ou não e se tivesse que te entregar eu faria isso quando fui interrogada.

Num impulso empurro Nicole na parede prensando meu antebraço em seu pescoço.

- ALINE! – Lucas me puxa pela cintura e eu me afasto.

Nicole estava com medo mas sei que ela entendeu o recado. Eu sei que ela já me entregou uma vez, pode muito bem fazer isso de novo.

- Ela está do nosso lado – Lucas dizia sério.

- É MENIRA! – Eu solto sem pensar sentindo o gosto de ferro na boca.

- Ela fala? – Nicole encara meu primo perplexa e ele vem em minha direção.

- Abre a boca!

- Ucas eu...

- ABRE A PORRA DA BOCA!

Ele grita parecendo ameaçador, mas sei que só está preocupado. Eu obedeço deixando ele analisar.

- Porque não me disse isso, Lucas? Sabe o quanto ela pode...

- O segredo não é meu, Nicole. Por favor pega a caixa de primeiros socorros debaixo da pia do banheiro.

- Mas...

- Nicole – Nunca escutei esse tom áspero de Lucas. Posso dizer que estou surpresa – Ou me ajuda ou vai embora. Sem perguntas.

- Certo – A mulata responde enquanto o obedece.

Nicole pega a caixa analisando-a com cuidado, mas não encontra nada realmente de útil, então pega a própria bolsa e começa a tirar alguns equipamentos.

- Vem comigo – Ela segura a minha mão mas Lucas a encara – Relaxe. Eu preciso limpar a boca dela antes de colocar qualquer anestésico.

E assim seguimos para o banheiro.

- Lava a boca – Eu obedecia enquanto ela procurava mais remédios – Sei que fiz besteira.

Eu termino de higienizar minha boca para encara-la.

- Deu para notar que ouviu a conversa com meu pai – Ela diz abrindo a minha boca e aplicando um líquido em cima.

Minha primeira reação seria fingir dor, mas a ardência foi mínima.

- Não sente dor também? – Nicole sorri pegando outro liquido – Isto vai avaliar a dor enquanto o primeiro fará sua língua ou o que restou dela cicatrizar mais rápido.

Ela põe os dois frascos na pia.

- Vou deixar uma receita na mesa para quando acabar, ambos precisão de prescrição médica.

Quando ela vai sair eu seguro seu braço.

- Ermina...

- Shiiiu – Ela solta seu braço analisando novamente minha boca – Não força a fala. Sua língua não está curada.

Os Corpos de Palmas IOnde histórias criam vida. Descubra agora