5: Ela se chama Aline! Não Roda. Roda é feio, Aline não.

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     A festa estava rendendo até demais. Já era meia noite e nada. Pelo menos, as pessoas já estavam cansadas demais para pedir algo além de um copo de água.

    Percy passava pelas pessoas com bandejas cheias que sempre voltavam meio cheias e, mesmo assim, ele continuava a levar. Finalmente Grover o mandou para a cozinha para preparar drinques e colocar nas bandejas, o que era chato, mas era menos cansativo. Era sempre assim, desde seus 14 anos, em vez de ir a festas e bailes, ele trabalhava neles. Com a pequena empresa da mãe do Grover — que vinha sendo seu ganha pão desde a morte de seu pai, Pan — Percy estava sempre ajudando Grover a manter o negócio e, de bônus, ainda ganhava uma grana.

     Percy pensava tristemente em sua história de vida e na de Grover. Dois lutadores e dois amigos, que se encontraram por acaso na escola. A vida dos dois não era fácil, Grover era bem mais velho que Percy e muita das vezes o via como um irmão mais novo, os dois sempre estavam juntos, se apoiando e vencendo juntos. Foi Grover que ajudou Percy a sair das garras de Gabe, foi Percy que sempre incentivou Grover a tentar entrar para a polícia, os dois se ajudavam, quando um não tinha comida o outro dava, um brinquedo, uma roupa, um dinheiro. Tudo era compartilhado, não havia nada que um fazia sem o outro. Não importa o que acontecesse, um apoiava o outro e assim iam vivendo cada dia, com mais um desafio.

     Ele se perdeu em seus pensamentos quando uma menina correu para a bancada empurrando o braço de um garoto pequeno.

    — Pronto! Agora, pare de drama — ela resmungou, ela era negra, de cabelos lisos e negros. Era bonita e sexy, de um jeito um pouco exagerado, mas escondido por sua aparência infantil, usava um vestido amarelo e tomara que caia. Tinha uma aparência que dava detalhes de sua personalidade forte. — Viu? O garoto gato aqui deve saber onde tem um danone, não é?

    — Acho que posso achar algum por aqui — Percy respondeu, ao ver o tom brincalhão da jovem. Ele correu para geladeira, tinha de tudo, mas nada de um danone infelizmente. Até que viu de relance um danone com um pequeno papel colado em cima escrito: "danone do Tyson". Pegou-o. — Seu nome é Tyson, certo?

    — Sim... Agora, o danone! — ele ordenou, Percy riu e o entregou. — Obrigada.

    — De nada, e você é? — questionou, dirigindo-se a menina de olhos marcantes e verdes.

   — Aline... — ela respondeu com um sorriso galanteador. — Se eu não viajasse amanhã, com certeza adoraria conhece-lo mais.

   — Obrigado, mas tenho namorada — ele anunciou com um sorriso tímido.

   — Deixe ele, Roda! Ele é maneiro, parece o papai — Tyson declarou, com a boca cheia de danone de morango.

   — O que eu disse para você, hein?! — corrigiu Aline.

    — Que não se deve chamar Roda de Roda. Ela se chama Aline, não Roda. Roda é feio! Aline não — ele corrigiu-se, de forma automática, como se tentasse memorizar essa frase há décadas.

    — Viu? Já está aprendendo — disse Roda, quer dizer, Aline. — Até agora não me disse seu nome.

    — Percy.

    — O garoto que sujou a mamãe? Interessante — ela sorriu falsa.

    — Você é filha dela? Que legal... — se embolou em falar, envergonhado.

    — Pode deixar, ela não é tão chata como a tia — Tyson sorriu com seus olhos verdes-mar e óculos verdes. Percy não sabia exatamente porque um menino daquela idade usava óculos.

    — Tem razão, não sou — ela afirmou. — Além disso, obrigada, minha mãe estava precisando de um "chega para lá". Está insuportável hoje! Sabe, tenho que dar os parabéns para sua namorada por achar alguém tão inteligente.

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