60: Vou lutar para que ele me perdoe.

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  — Bom dia, mamãe! —  A enfermeira sorriu para Sally e ela a encarou parada, a enfermeira tinha na mão um pequeno menino que Sally só tinha visto de longe a horas atrás — Hora de amamentar. 

Sally olhou ao redor com um certo medo e viu Pan olhando-a com um pequeno sorriso e focando seu olhar no bebê que a enfermeira segurava. Aquele é seu filho, Sally, ela falava por dentro como se quisesse se convencer. 

A enfermeira com cuidado ajudou Sally a se levantar e sentar e pegar o menino no colo, ele dormia. Sally abriu o roupão para amamenta-lo e quando ele abriu os olhos Sally paralisou. O menino, que por ironia do destino chamou de Perseus, a encarou e ela ficou em pânico. Seus olhos eram verdes, verdes como o mar e ela odiava aquela cor, aquele rosto de bebê a fez ter vontade de chorar, ela tremeu ao ver que o menino era igual ao pai. Era um espelho que a machucava, ela o odiou naquele momento. 

  — Tira! —  Sally gritou, fazendo a enfermeira se assustar e Percy começou a chorar alto de susto. Pan se levantou assustado —  Tira ele! Eu não o quero, tira ele de perto de mim!! Agora!! Agora!!

Ela começou a chorar e balançar o menino, a enfermeira assustada rapidamente tirou ele do colo dela antes que machucasse o menino e tentou acalma-lo, mas ele continuou a chorar pedindo a mãe, pedindo socorro. Sally chorava e se debatia e Pan logo a segurou para que ela parasse.

Aquele menino, aquele menino a pertubava e ela o odiava. Completamente, ela se sentia nojenta. Ele era seu filho não era? Então porque ele tinha que ser tão parecido com ele? Sally viu seu pior pesadelo acontecer, ele era igual a ele e ia fazer o mesmo que ele, machuca-la, destruí-la, matá-la por dentro. Ela o odiava. Muito. 

As lágrimas rolavam, enquanto ela via Pan tentar acalma-la. Ela deitou-se novamente na cama enquanto via outros enfermeiros segura-la e aplicar algo em seu braço. Ela dormiu, enquanto pensava que iria acordar longe dali, em casa, sem nenhum bebê e sem nunca ter conhecido aqueles malditos olhos verdes. 

*** 

  —  Preciso que segure ele e o amamente Sally —  Pan pediu sentado ao seu lado.

—  Não quero! —  Sally gritou transtornada. Ela suspirou, não queria segura-lo, queria que ele sumisse. Era um sonho não era? Tinha que ser...

— Então use isso! —  Pan jogou um sugador para ela —  O menino não merece morrer de fome. 

Sally encarou o objeto em suas mãos tremulas, e não soube realmente o que fazer. 

— Preciso que tome uma decisão Sally, por favor, ele é apenas uma criança, não merece seu desprezo. 

Sally encarou os olhos de Pan e chorou, alto e sem parar, com as mãos tremendo e o coração transpirante. Ele é só um menino, mas para ela ele era a lembrança constante de seus erros. 

  —  Eu sou má, eu sei que sou horrível e por isso todos me odeiam mas eu não consigo Pan, eu o odeio tanto! Como posso odiar meu próprio sangue? Para mim, ele é um estranho. Eu deveria sentir amor? Só sinto mágoa, aquele menino me destruiu Pan, ele está me despedaçando... 

Sally tinha os olhos cheio de lágrimas e parecia um pouco louca para Pan, totalmente destruída. Pan sentiu a dor, o desespero e não pode deixar de sentir pavor. As dores dessa mulher, não iriam passar tão fácil. 

— Ela sempre esteve certa, eu sou um fracasso até mesmo com meu próprio filho, mas não posso fazer isso Pan. Não posso segura-lo sem ter vontade de o machucar e acabar com meus problemas. Desculpa, desculpa, desculpa...

 Sally tacou o sugador no chão e simplesmente se encolheu na cama de hospital cedendo as suas dores profundas. 

  — Eu vou avisar ao médico. — Pan saiu e Sally descobriu que no final ela sempre esteve sozinha. 

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