23: Eu vejo monstros a noite.

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Annabeth estava cansada daquilo, todos os dias se via triste e com raiva. Muita raiva. Sua madrasta a odiava, isso era fato. Mas depois do dia em que ela a corrigiu em uma conta ela ficou mil vezes pior. Suas palavras pareciam facas cortantes e que só faziam Annabeth chorar, todos os dias ela murmurava insultos agoniantes e sempre que podia a deixava pra baixo. Annie ficava sempre com aquela maldita palavra na cabeça 'nerd!'. Ela era só uma nerd, uma garota maldita, sim maldita. Uma garota que era tão carente que precisava de suborno da mãe para que o pai fica-se um mês com ela, pelo menos era o que pensava.

Por causa desses pensamentos cada vez mais os pesadelos pioravam, eles eram presentes de um tempo para cá, mas tinha melhorado até que sua madrasta fez questão de a insultar. Mesmo com todas as respirações e pensamentos positivos, quase todas as noites o monstro vinha. Ele era como uma memória constante que a assombrava e ela sempre acordava aos gritos para minutos depois ver sua madrasta reclamando do barulho intenso. Annabeth cansará disso, cansara de tanto mártir. Não veio a esse lugar para ficar pior, veio para melhorar.

Por isso tomou a decisão que só fez com que as coisas piorassem. Esperou ser noite, era sexta-feira: o dia em que seu pai chegava tão tarde que nem sua madrasta o esperava, era o dia que antecipava sua folga e que ele geralmente chegava cansado mas feliz por ser o fim de seu sofrimento. Ela então decidiu ser sincera com ele, assim talvez ele fala-se com sua esposa e ela pararia de machuca-la por dentro! Sim, ela tinha certeza que daria certo.

Desceu a escada correndo quando ouviu o barulho da porta se fechando, era a hora da verdade:

— Annabeth! O que faz acordada essa hora? — Seu pai perguntou.

— Pai, eu queria falar com você um negócio...

— Eu já sei Annabeth. Não precisa fazer isso. É muito feio sabia?

— O que? — Ela estava confusa.

Logo uma voz melosa falou atrás dela, sua madrasta. A fazendo tomar um susto:

— Amor, você chegou! — Então ela olhou para a menina. — O que faz acordada?

— Eu só... Eu só... — Sua voz foi meio chorona.

— Viu? Eu avisei... sempre tentando chamar a atenção! — Sua madrasta se apressou a falar.

— Annie, é muito feio contar mentiras. Olha, eu sei que você ainda é pequena mas pensei que fosse mais inteligente. Não gosto que fique falando para mim sobre minha esposa ok? Não precisa ficar falando que ela te trata mal só para eu te dar atenção. Está aqui para isso e sua mãe já aprontou tudo para que nada te falta-se.

— Eu não entendo...

— Daqui a pouco, ela vai colocar a culpa nós.

Annabeth paralisou, tudo aquilo era terrível demais, manipulado demais, doloroso demais. Annie se sentiu um bebê e com esse pensamento, lembranças a atingiram. Lembranças dolorosas, memórias inesquecíveis e brutalmente terríveis. De seus monstros...

— Pare! — A menina gritou. Seu rosto estava em lágrimas. Ele a machucará, acreditar na esposa mais do que na filha, mesmo que, no fundo soubesse do coração amargo e visse os sinais de maus tratos da madrasta. Annabeth só queria um pai... — Já chega! Pare, eu te imploro, só pare.

— Viu? Ela está se fazendo de vitima. Te espera no meio da noite para reclamar de mim e ainda fica querendo chamar a sua atenção a qualquer custo. Menina mimada! Acha que pode ter tudo que quer só porque é especial!

Mas Annabeth não queria ouvir, estava profundamente triste. Seus sentimentos estavam conflitantes, ela veio para aquele lugar em busca de paz, de amor. Achou que vindo para cá, ela perderia o medo e seus pesadelos passariam. Achava que se vinhe-se poderia mostrar seu amor ao seu pai, e ele se sentiria orgulhoso o bastante para sentir amor por ela. Que ele poderia se arrepender de tê-la abandonado e eles seriam felizes. Pobre criança, sonhará com o inalcançável. Ela só queria um final feliz, onde poderia visitar e brincar com seus irmãos e onde acharia seu refugio bem longe de seus pesadelos.

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