25: Não vê o que está diante dos seus olhos?

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Annabeth se sentou no sofá incomodada, não conseguia entender ao certo como essa viajem acabou a trazendo para aquele apartamento. Percy estava ao seu lado enquanto ela memorizava cada detalhe da casa de seu meio-irmão. Tudo muito limpo, a porta entre-aberta do quarto, louça para dois na pia, cômodos minúsculo. Aparentemente uma casa de dois universitários organizados e nerd's. Mas seu meio-irmão não tinha idade para estar numa universidade, o que era de se estranhar pela escrivania cheia de anotações no meio da sala relacionadas a mestrados e trabalhos.

O que a fez ter uma simples linha de pensamento: seu irmão morava com uma universitária (ou universitário). Mas a pergunta é: o que um garoto tão novo está fazendo morando sozinho? Ela não sabia dizer...

— Você vai sempre vê-lo? — a pergunta de Annie saiu involuntariamente.

— Todos os sábados, depois do trabalho. — sua resposta era fria. — O que fazia lá? Por que aparecer depois de tanto tempo?

— Seu pai me ligou por alguns meses, muitos meses, e eu nunca atendi. Seu pai foi insistente, mas nunca atendi. Um amigo me convenceu de saber o porque de tudo aquilo e eu descobrir, não tinha ideia do que tinha acontecido, na verdade, depois que da minha vinda pela primeira vez nunca mais procurei saber nada de vocês. Eu só não... queria ter nada a ver com ele.

— O que ele fez a você?

E Annie contou, cada detalhe sórdido, cada misera palavra que sua mente não deixou que esquece-se. Percy que estava sentada ao seu lado ficou realmente assustado e com raiva, queria destruir todos eles, como eles ousaram fazer mal a ela? Notou então que já havia passado, aqueles sentimentos que a marcaram viraram somente memórias ruins que deviam ser apagadas, Annabeth não estava mais presa a elas, não depois de ter vindo até aqui.

— Meu irmão e eu, éramos unha e carne sabe? Tão diferentes, ele era animado, sempre sorrindo e sempre envolta de mulheres, como era pegador! Meu irmão era incrível. Eu era o contrário, antissocial, calado, fechado. Cada um enfrentava a si mesmo do jeito que aprendeu. Mas a nossa família, sempre foi desestruturada, nossa mãe é doida! Doida igual pedra, superprotetora demais, regulando nossas saídas, mexendo com nossa vida. Ela brigava muito com ambos, nós sentíamos sufocados. Ironia não é? Ela perde seu filho do único jeito que ela não podia protege-lo, na ida para a escola.

— Ele se foi... nosso mundo se destruiu, tudo virou uma bola de neve. Ela começou a me proteger cada vez mais com medo que eu fosse embora e começou a colocar a culpa em todos pela morte dele, principalmente no meu pai. Dizia que se ele tivesse dado mais atenção ao seus filhos, eles teriam preferido estudar em casa e ficar protegidos, eu sei, loucura mesmo. As brigas viraram constantes e tudo virou um inferno e a cada dia eu via minha mãe piorar até que ela descobriu, bem o que foi não vou comentar, mas isso a fez enlouquecer de vez e tentar se matar. Meu pai se separou dela e conseguiu coloca-la num hospital psiquiátrico, nome bonito, significado nada legal. Não consegui viver naquela casa, era uma prisão para mim, tudo me lembrava aquele inferno então peguei minha coisas e aluguei o apartamento com um amigo, meu pai manda dinheiro, eu estudo e trabalho, um paraíso de paz e é perto do cemitério, assim posso sempre visita-lo. Eu sei deprimente, mas é bom. Construí uma vida aqui.

— Sua história é bem pior que a minha, não me orgulho de sofrer por algo tão banal quando você sofre tanta dor. Acho que enlouqueceria se fosse comigo e...

— Deus não dá uma cruz em que não possamos carregar, eu sei lá, acho que sofrimento é sofrimento não importa o tipo. Doí do mesmo jeito. Não precisamos ficar disputando qual dor é pior, nenhuma merece ser sentida.

— Está certo — Percy pela primeira vez falou. — Vocês são parecidos, acho que seu irmão estaria orgulhoso de ver vocês juntos aqui.

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