52: Quando os gritos vão parar?

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É necessário que todos ouçam a música antes de avançar a leitura, aviso de amigo, o tiro vai ser mais forte!

As crianças ouviram os gritos altos saindo do quarto do casal, Alice ficou furiosa e sentiu seu coração bater forte em seu peito, os gritos sofridos de sua mãe deixaram o ar doloroso enquanto seu amado pai chegava em casa com aquele maldito cheiro de perfume barato. Seu irmão mais velho ouviu a briga em silêncio e quando viu que os gritos se cessaram começou a xingar seu pai, xingar a vida, enquanto seu irmão tinha olhos escuros pelo ódio que mantinha, havia um gosto amargo na boca de Alice, o gosto de que sua família nunca seria feliz.

Quando a menina saiu de seu quarto para olhar para fora, depois que o silêncio inundou a casa, ela viu seu pai sentado no sofá, olhando para o nada. Alice nunca tinha visto Poseidon sorrir de verdade, havia nele uma escuridão sem fim e a menina tinha um pouco de medo dessa escuridão, principalmente quando ele notava sua presença e sorria de forma falsa para acalma-la.

— Desculpa, te assustei? — Seu pai era bom, tinha aquele olhar de tremendo amor por ela, mas isso não era o bastante, não era o bastante para que ele desse fim as brigas, nem desse fim a esse teatro que se estendia todas as noites.

— Pai, perdi o sono. — A menina estava cansada, era tão pequena, tão inocente. O único som que se sustentava na casa era o abafado som de choro que vinha do quarto do casal, o choro de sua mãe.

— Vêm aqui. — Poseidon chamou e a abraçou quando ela se aproximou a puxando para o quarto decorado de princesas e a deitando na cama enquanto uma pequena cantiga de ninar tomar o ambiente. Entretanto, nem ao terminar a música Roda dormiu, e sim olhou para o imenso mar escuro que seu pai havia deixado tomar seus olhos.

— Será que um dia vai parar? Os gritos? — Alice deixou algumas lágrimas descerem e Poseidon se assustou com elas, ele amava tanto aquela menina. Ele era tóxico e machucava muito aqueles que amava.

— Minha menina, minha pequena sereia. Perdão, eu prometo, prometo que de agora em diante isso vai parar.

Ela dormiu com a esperança de que ele estivesse falando a verdade. Entretanto, isso nunca aconteceu. A verdade é que eles era a família perfeita nas câmeras, pousavam de maravilhosos e estruturados. Entretanto quando a noite se estendia, seu pai saia para mais um dia na casa de outra, sua mãe bebia e chorava pelos cantos infeliz. Seu irmão, ainda novo, quebrava coisas, aumentava o som do rock pesado ao último volume quando não fugia para encontrar pessoas esquisitas e ela, a pequena doente da casa, ficava deitada, sozinha, enquanto batia o pé no colchão sem conseguir dormir. 

***

— Eu quero o divórcio. — A palavra tomou a boca de Poseidon antes que ele notasse quando mais uma noite de brigas se estendeu.

— Vai me trocar por ela? Por mais uma dessas pobretonas que você arruma na rua?! Não tem vergonha?!! Nunca irei deixar que isso aconteça.

— Porquê? Porque me prende a você, chora todas as noites por minha causa, não a razão nesse casamento. Eu só estou fazendo mal a vocês. Não quero mais briga Anfrítite! Você não precisa de mim para ser feliz. Não vê o mal que está fazendo para nossos filhos?

— Vai me abandonar?! Vai abandonar seus filhos? Seu canalha! Pois eu nunca te darei o divorcio! Nunca!!

Ela se pós a chorar, o ódio começou a correr em suas veias e a primeira coisa que fez foi pegar o vaso de planta e tacar na direção de Poseidon que por pouco se desviou, o barulho estridente do vaso quebrado tomou o ambiente e Poseidon abaixou a cabeça triste.

— Chega! Eu cansei, sua louca! Chega! Vou embora daqui hoje mesmo e você vai assinar esse divórcio quer queria quer não. Não vou mais fazer isso, não vou! CHEGA!

Poseidon abriu a porta e bateu com força e Anfritite começou a gritar alto que Poseidon ia pagar pelo o que ele fez. Tritão foi o primeiro a aparecer no outro lado da porta e começou a bater em Poseidon, com toda a sua força e com todo o seu ódio.

— Maldito! Você é um maldito! Só faz mal a gente e agora vai nos deixar por mais uma de suas piranhas. Vai a merd*! Maldito, maldito!

Poseidon deixou ele bater, não revidou, nem ao menos o fez parar, quando o menino parou de bater Poseidon o abraçou forte, deixando as lágrimas banharem a camisa que usava enquanto o menino continuava a xinga-lo e chorar.

— Perdão, meu menino, perdão. Eu só quero o melhor para vocês, eu sou um maldito erro, que ama demais a vocês para continuar fingindo e machucando vocês. Essa casa merece a paz.

Poseidon o segurou, ele era ainda muito pequeno para medir forças com o pai e o levou para o quarto onde o deitou e beijou sua testa enquanto o cobria com um cobertor, logo tomado pelo sono o menino dormiu. Sua irmã apareceu na porta e parecia decidida com uma pequena mala na mão.

— Me leva com você. — Ela pediu. — Me leva com você papai.

— Desculpa minha pequena, não posso. — Ele a encarou. — Você precisa ficar com sua mãe, com sua família. Ela precisa de vocês, de vocês dois.

— Mas eu quero ficar com você! — Ela exclamou, Poseidon fez um pedido de silêncio enquanto fazia ela sair do quarto do irmão.

— Eu quero que você fique aqui e cuide do seu irmão, preciso de você e só confio em você para cuidar deles, me promete, menina? Me promete que vai cuidar deles, se cuidar direitinho, quando for maior, eu prometo trazer você comigo.

A menina não queria, mas concordou, concordou baixinho e chorou nos braços do pai que por culpa dela foi embora de casa, ele queria que sua mãe e seus filhos fossem felizes, longe da bagunça que se formava dentro dele.

Por que a cada dia, a escuridão tomava mais espaço no coração de Poseidon e ele sabia que ruim demais para merecer aquelas crianças. 

*** 

Esse capítulo vou baseado na música e bem, ele retrata muito bem o que eu queria dizer, eu diria que a música e o capítulo se completam então ouçam e se deixem sentir. Esse é um dos capítulos que eu sempre quis postar pois foi um dos que eu mais me esforcei para escrever. 

Espero que tenham gostado e até semana que vêm! 

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