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Suzana

Suzana está sentada no carpete da casa de sua namorada, era uma tarde agradável, ela podia sentir o delicioso aroma da pipoca sendo preparada na panela com muita margarina. Estava selecionando o filme que supostamente iriam assistir, pois todos nós sabemos que isso nunca de fato acontece.
- Kat, o filme já tá pronto. Vai demorar muito? – grita a jovem enquanto observa algumas mensagens no celular.
- Hum, não. – antes que Katarina pudesse surpreendê-la com um beijo na bochecha, Suzana se vira rapidamente e lhe beija a boca. – hey, não vale. Por que eu nunca consigo te surpreender?
- Eu ouço sua respiração. Ela é pesada. – ela começa a rir puxando a amada para baixo.
- O que você escolheu pra gente assistir?
- Jogos mortais.
- O quê? Porque sempre tem que ser filme de terror? Eu fico me cagando de medo disso a noite. Eu não vou dormir direito, Su!
- Claro que vai. Isso não vai acontecer com você. Mas se você quiser, eu posso dormir com você. – lançou para Katarina um olhar malicioso enquanto mordia o lábio inferior.
- Essa ideia me agrada, sabia? Temos passado tão pouco tempo juntas de verdade ultimamente, ainda mais depois do susto que passamos com a Alice.
- Eu sei. Mas, vamos curtir o filme? – falou ela pegando um punhado de pipoca e colocando-o na boca todo de uma vez o que fez a jovem cacheada rir.
- Não sei como curtir, mal começou e eu já tô morrendo de medo.
Elas continuaram com os olhos vidrados na televisão parando algumas vezes apenas para sentirem o sabor da boca uma da outra. Suzana estava começando a ficar inquieta, parecia está nervosa. Isso não era comum, sempre gostara de filmes de terror.
Seu telefone toca fazendo com que Katarina quase dê um salto de seu lugar.
- Hey, calma. Não é a Samara que está ligando. Já volto. – ela se dirige para a cozinha o mais distante de Kat possível, e atende à ligação com um aperto no peito. – Alô?
- Suzana? Já conseguiu fazer o que tem que fazer? – a voz que vinha do telefone era masculina e estava enfurecida.
- Hã... ainda não. Mas estou perto.
- Acha que pode ficar fugindo do seu papai? – uma risada irônica rimbombou no ouvido dela. – Eu sou mais forte que você, não adianta tentar fugir, eu vou te encontrar. Acho melhor você se apressar, estamos esperando a muito tempo. Um ano, ou você não se lembra mais? Acha que sua querida Katarina aguentaria aquilo? Estou muito disposto a tentar.
A pessoa do outro lado da linha desligou. Suzana estava tremendo. Olhou para suas mãos e respirou fundo, não queria lembrar, mas lembrou, passou por sua mente muito rapidamente, no entanto, com uma nitidez que a assustou. Bebeu um pouco de água e voltou para a sala tentando não transpassar seu nervosismo.
- Tudo bem, Su? – pergunta a moça ao seu lado.
- Sim, Kat. Hey, você acabou a pipoca.
- Fazer o que? Quando estou nervosa só sei comer.
- Tudo bem, acho que vou querer sentir outro gosto agora.
- Qual? – pergunta a morena confusa.
- O doce sabor do seu gloss com uma pitada de sal da pipoca. – ao dizer isso ela esquece completamente a ligação e ficando inebriada com a paixão que o simples ato de beijar sua namorada traz.
Seu celular vibra, cortando completamente o clima entre elas, isso não deveria influenciar em nada se não fosse aquela ligação anterior. É uma mensagem de texto:

Tic-Tac senhorita.

- Quem é? – fala enquanto mordisca o lóbulo da orelha de Suzana?
- Hã... minha mãe. Eu preciso ir. Desculpa, amor.
- Mas...- fora silenciada com um selinho.
- Te ligo a noite tá bom? Se der eu venho dormir aqui, te aconselho a não continuar assistindo sozinha. Que tal um romance?
Ela já se encontrava na porta dando tchau para Katarina que ficou sem entender direito o que estava acontecendo.
Suzana também não estava entendendo direito o que estava acontecendo. Eles nunca tinham chegado a este ponto. Por quê isso agora? Ela sabia que precisava dar um jeito de mantê-los longe, e também sabia que precisava conseguir logo algum grimório, não queria de jeito nenhum ter que passar por aquilo de novo.
Um flashback surgiu em sua mente, estava na casa, aquele cheiro...era como se estivesse sentindo de novo.

-Está com fome, Suzana? – Uma voz feminina muito alta havia lhe perguntado.
- Faminta. – grunhiu – me soltem. Eu preciso voltar pra casa, comer.
- Tch tch tch. Acho que não querida. – ela pode ouvir uma lamina sendo afiada. – Será que dói?
Ao dizer isso ela puxou o braço de Suzana e fez três cortes consecutivos o que fez a garota urrar de dor.
- Ah, pare com isso. Vai cicatrizar. Pelas minhas contas... – desenhou números no ar com a faca. – Logo, logo, se você for forte.
- Por que está fazendo isso, Maria? – pergunta ela já sentindo sua pele começando a se unir, de forma lenta e tão dolorosa quanto o corte.
- O chefe pediu. – deixa a faca de lado e sai do quarto. Suzana ainda pode ouvi-la conversar com alguém – ...Ela já tá cicatrizando. Quando o sol estiver a pino, traga-a para fora e cronometre.
Sua audição nunca estivera tão boa. Ela estava confusa. O que estava acontecendo com ela?
As horas passaram. O sol chegou a pino e vieram busca-la. Soltaram-na das correntes e a levaram para fora. Sentia sua pele arder, mas afinal, quem não sente estando exposto ao sol de meio dia? Trinta minutos se passaram e em sua pele haviam se formado escoriações, como se fossem queimaduras de terceiro grau. Ela gritava e pedia por socorro. Até que tiraram-na de lá e ela voltou para a escuridão do seu quarto. Achou tão reconfortante.

- De jeito nenhum vou deixar que façam isso com você, meu amor. Eu vou encontrar. – sussurrou ao vento.

- Suzana? Está na hora de se alimentar. – uma voz masculina rimbombou no ar. – Você sente sede não é mesmo? – ele começou a destrancar as correntes que a prendiam.
- Sim. Sede de sangue.

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Olá docinhos, como vocês estão? Esperamos que bem!
O que acharam desse capítulo cheio de novidades?
Enfim descobrimos quem é a Suzana de verdade e qual segredo ela guarda, o que vocês acharam disso?
Nos contem as sensações que tiveram ao lê-lo. Adoraríamos saber.
Não esqueçam de comentar e de deixar aquela estrelinha ⭐.

Amamos vocês.
GeLaLu

PenumbraOnde histórias criam vida. Descubra agora