KATARINA
II
Já passa das três horas da madrugada e Katarina ainda não conseguiu voltar a dormir, ficava relembrando o sonho.
Aquele sonho de novo. Sempre o mesmo nas últimas semanas. Não precisava dos sonhos para ver com clareza tudo que acontecera naquele dia. Sua avó e ela estavam voltando para casa quando um sem noção de moto cortou o sinal vermelho e as acertou em cheio.
Ela não queria lembrar disso, mas era tão recente e tão distante. A garota olhava fixamente para as cicatrizes expostas em seus braços e pernas. Ainda podia sentir o desespero daquele dia e essa sensação lhe atormentava durante a noite.
Katarina teve que forçar-se a dormir. Mesmo com muito medo dos seus sonhos, pois na manhã seguinte haveria aula e ela deviria estar descansada.
No dia seguinte, ela arrastou-se da cama. Não tomou café e apenas chegou na escola sem saber como. Sua primeira aula era Química, ela estava tão cansada que não conseguia concentrar-se e seus cabelos coloridos de verde pendiam sobre sua face. A aula terminou e ela nem percebeu, estava cabisbaixa e abatida, seus amigos estavam preocupados com ela.
- Kat você está bem? - Pergunta Ricardo à amiga.
- Estou, só não dormi bem noite passada. - Responde.
- Ah tá. Acho horrível não conseguir dormir quando estou cansada. - Comenta Monique atrás da garota.
Suzana sentava na outra fileira bem ao lado dela. Olhava para ela com preocupação aparente. O professor de literatura adentrou a sala sem que eles percebessem e já estava escrevendo na lousa branca.
- O Auto da Compadecida. Vamos ler esse livro, e vocês irão fazer um trabalho sobre ele.
-Professor? - Uma mão estava erguida no canto da sala. - Posso botar que tinha bife passado na manteiga pra cachorra e pra João Grilo nem um copo de água?
A sala inteira caiu na gargalhada, inclusive o professor robusto.
- Tô cansado dessa vida de fica rico, fica pobre. - Outra voz, agora masculina no fundo da sala.
- Professor, eu espremo, espremo e nem uma gota de inteligência... - Ricardo representava a cena do filme.
- Falem até que: com a senhora a gente põe e leva chifre ao mesmo tempo. - Claudio, o professor ria junto com os alunos. Ele era considerado um dos melhores professores da escola, mas Katarina mal ria com suas piadas hoje.
O tempo passou superdevagar para a garota, que não via a hora de ir para casa. Na saída ela estava tão distraída que nem falou com os amigos, que estavam em frente à escola. Começou a caminhar, mas é interrompida por uma mão em seu ombro que a impede de caminhar.
- O que aconteceu com você hoje? - Pergunta Suzana, preocupada com a amiga.
- Já expliquei. Não dormi bem a noite. - Responde a garota secamente.
- Eu sei que não é só isso. Tem algo mais que você não está contando. - Insiste Suzana.
- Desculpa Su, mas preciso ficar sozinha. - Fala Katarina voltando a andar.
- Kat, espera. - Chama Suzana.
- Vejo você mais tarde. - responde a garota sem olhar para trás.
O almoço parecia estranhamente sem graça. Seus pais não estavam em casa, isso já era costumeiro, eles trabalhavam muito e raramente almoçavam em casa, as vezes, nem jantavam. A menina se sentia bem a maioria do tempo, mas não hoje. Sentia-se impotente, como se não pudesse se apoiar em ninguém. Sua avó era sua companheira para todas as horas, sempre estavam fazendo algo juntas, e era disso que Katarina mais sentia falta.
Deixou o prato quase intocado sobre a pia e guardou o suco na geladeira. Estava sem rumo, não queria chorar, não era de estar chorando pelos cantos. Então respirou fundo e foi até o porão, todos os pertences de sua vó estavam ali. Não tinha mais entrado lá desde a morte de sua companheira, que já fazia um ano.
A tarde passou depressa, a garota passou muito tempo lá embaixo lendo os livros antigos de Amélia. Ela só saiu de lá quando o despertador do seu celular tocou lembrando-a que teria ensaio na casa de Victória. Não estava nem um pouco afim de ir, mas eles iriam tocar no café no sábado, iriam comemorar o aniversário de Alice. Então lutou contra sua falta de entusiasmo, tomou um banho rápido, se vestiu e foi para a casa da amiga.
- Oi gente. - Cumprimentou Katarina, quando chegou à casa de Victória.
- Oi Kat, estávamos esperando por você para escolhermos as músicas. - Fala Alice.
- Não estou com cabeça para isso, o que vocês escolherem está bom. - Responde Katarina sentando-se ao lado de Suzana.
Katarina se esforçou ao máximo para acompanhar os amigos, mas seu humor não estava dos melhores e acabou sendo muito estranho ficar ali. Por isso levantou, pediu desculpas aos amigos e foi embora, deixando todos preocupados com ela.
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Olá docinhos. Esperamos que estejam gostando dos capítulos, nós estamos amando escreve-los.
O que vocês acharam da Kat? Vocês já conseguiram montar o perfil e pegar a essência dos personagens?Até agora foram dois e ainda faltam mais três, esperamos que vocês gostem deles, tanto quanto nós.
Se vocês estiverem gostando dos capítulos, não esqueçam de votar e deixar seu comentário. Nós ficaremos felizes em responder e muito obrigada pelo feedback da semana passada, foi INCRÍVEL e nós amamos.
Muito obrigada por sua leitura. Até semana que vem...
Ps; NÃO ESQUEÇAM QUE TODA SEXTA TEM CAP NOVO!!! (EBAAAAAAAA)
Bjs infinitos, até o próximo capítulo.
Amamos vocês S2
#GeLaLu
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Penumbra
FantasyFomos caçados, mutilados e mortos. Os poucos de nós que sobreviveram ao massacre fugiram e se esconderam, uns continuaram em sua cidade recusando-se a fugir, outros simplesmente emigraram. Não mantivemos contato por muito tempo, tivemos uns cochicho...