XI
ALICE
Depois do sonho esquisito Alice não conseguiu mais dormir antes que o sol começasse a aparecer pelas brechas da cortina, mas seu sono não durou muito pois uma batida abrupta a fez pular da cama. Eram seis e meia da manhã de uma segunda feira.
- Mas o que aconteceu? - ela para subitamente ao ver seu pai parado diante de si.
- Precisamos conversar.
- Ainda não são nem sete horas e o senhor já vem perturbar o meu juízo? Não temos o que conversar.
- Temos sim. E agora, Alice. - ele adentra no quarto da filha. - Você não está bem de saúde para começar, fiquei preocupado.
- Ficou preocupado? - a jovem solta uma risada debochada - devia ter se preocupado comigo quando me pôs para fora de casa sem um centavo no bolso simplesmente por estar grávida. - ela tentava manter o tom de voz neutro mesmo com a raiva lhe fervendo o sangue.
- Esse não foi o motivo. - também tentou manter a voz normal, embora a raiva já possuísse seu ser. - deixa...
- Não me interessa, vá embora, não quero mais sua pena. Eu me viro junto com a minha filha.
- Já que você quer assim, vou mandar o resto das suas coisas. Lá em baixo já tem uma caixa, o resto vem depois. - ao dizer isso saiu pisando duro e Alice pode ouvir o barulho estridente da porta sendo fechada com força.
Sem entender direito o que estava acontecendo ela pega o celular e vai em buscar do contato do Ricardo, antes que chegasse a discar, para repentinamente. Não podia recorrer a ele, só agora ela podia perceber o quanto Ricardo tinha se tornado tão importante em sua vida a ponto de ser a quem ela gostaria de recorrer, mas ele havia lhe pedido um tempo, e ela tinha que respeitar isso, mesmo que isso fizesse seu coração se encolher.
Lembrou então do seu sonho, e sabia que precisava conversar com alguém, e esse alguém seria Victória.
Mais que depressa Alice toma um banho e desce para tomar café.
- Você está bem? - pergunta Marcos, seu tio. - ouvi a discussão.
- Estou, eu acho. Pode me emprestar o carro hoje? Preciso resolver umas coisas.
- Você deveria repousar. - adverte-a.
- prometo me comportar. Só vou na casa da Victória.
- Tudo bem, eu vou para o trabalho na moto e sua tia está viajando mesmo.
***
Alice toca insistentemente a campainha, não tem como ligar para a amiga porque esqueceu o celular em casa. De repente ouve uma voz irritada de dentro da residência:
- já vai. Não tem paciência não?
- não muito. - responde.
- sério, Lice? Ás sete horas? Hoje tem aula por acaso? - fala Vicky de mal humor.
- não, que eu saiba vocês estão livres por conta da festa da colheita.
- vocês virgula. Enfim, entra. Vou tomar um banho e você - disse em tom autoritário. - vai fazer o café.
- O.K.
Menos de dez minutos depois estão as duas sentadas na mesa da cozinha bebendo café.
- então, posso saber a causa, motivo, razão ou circunstância para essa visita tão cedo? - indaga Vicky. - o bebê está bem?
- sim, sim, vim por outro motivo, é meio estranho sei lá.
- é sobre o Ric?
- não, não tem nada a ver com ele. Vai me achar maluca mas...
- primeiro que eu já sei que tu é maluca. - interrompe.
- mas...eu tive um sonho muito estranho ontem a noite, que nem me deixou dormir.
- olha, srta. Alice perdendo o sono? Coisa rara.
- há há, palhaça. Era como se eu não fosse eu e estivesse no corpo de outra pessoa. Vinelly. Não consigo lembrar o nome, é tudo meio confuso, eu tava em outra época. - explica Alice.
- tem lido muitos romances históricos e/ou de época?
- não. Eu estava lá, e tinha uns rituais acontecendo, velas coloridas, pessoas velhas, um circulo. - ela agora tinha a atenção da amiga. ¬ - eles me falaram inúmeras coisas, tinha uma mulher, Jasmine, que era tipo a mãe de todos ali presentes, eles se diziam videntes. E bem...
- e bem...?
- você sabe que eu sou toda esquisita.
- ta falando dos flashs?
- eu meio que vejo as coisas que não estão acontecendo no presente, e foi uma dessas visões que me afetou tanto esse fim de semana.
- o.k. assimilando, devagar mas assimilando. Então você meio que incorporou alguém?
- não, sim, e não sei. No começo eu estava no corpo de alguém, pois ninguém me achou estranha naquele ambiente, mas a anfitriã, Jasmine, ela falou diretamente comigo, como Alice. - ela molha a garganta com um gole de café e prossegue. - teve uma moça que me explicou sobre as velas, sobre um livro, um... grimório, que cada espécie de sobrenatural possui, ele meio que contém as histórias das famílias, alguma coisa assim.
- grimório? Tem certeza que é esse o nome? - Vicky estava espantada, tinha deixado seu café completamente de lado agora.
- sim, o sonho todo é meio confuso, mas esse nome eu lembro com toda certeza. Por quê?
- nada, é só um nome estranho, em um sonho estranho. Ele te remete a alguma coisa?
- não, até ontem a noite nunca tinha ouvido falar sobre.
- então vamos ter que descobrir isso depois, por que agora você vem comigo para a festa do vinho.
- tenho escolha? - pergunta Alice indiferente.
- não. - responde dando de ombros e indo em direção a pia. - está na hora de você entender o que é a festa da colheita pra gente, e como isso é bom pra cidade, só não vai poder provar da nossa safra anterior por conta desse baby aí.
- então tá ne? - ela ri e pega as chaves do carro. - vamos lá.
Vinte e cinco minutos depois elas se encontravam na fazenda dos Carvalho, onde aconteceria o próximo momento da festa, eles sempre arrasavam na produção, até com competições de torta, quem poderia imaginar que o filho do casal já era o ganhador a quatro anos consecutivos dessa disputa, e Alice entendeu porque o invejavam tanto, ele tinha a cintura que toda garota sentiria inveja.
Embora Vicky tentasse dá atenção a Alice, estava completamente absorta em suas atividades, sua família era responsável por muitas coisas referente a festa, quer dizer, seus pais, e ela e o irmão meio que assumiram o posto. A jovem se distancia do tumulto de pessoas correndo para um lado e para o outro tentando deixar tudo pronto até final da tarde, sentindo-se encantada com todo aquele envolvimento da população até que o viu, Ricardo, junto com uma moça loira que não desgrudava do seu pescoço, estava sorrindo, feliz. E isso partiu o seu coração.
____________________Oi, docinhos, como estão? Como vocês viram entramos em uma nova fase, o nosso último bônus foi revelador e deixou nossa personagem completamente confusa. Vocês acham que vai acontecer alguma coisa com nosso grupo de amigos? O que vocês acham da Vicky não ter falado que tem um grimório?
Muitas surpresinhas vem no próximo capítulo.
E a atitude do Ricardo?
Digam o que acharam desse capítulo e o que esperam para os próximos. Adoramos os seus feedbacks!Grande beijo, docinhos! E até semana que vem.
#GeLaLu
VOCÊ ESTÁ LENDO
Penumbra
FantasyFomos caçados, mutilados e mortos. Os poucos de nós que sobreviveram ao massacre fugiram e se esconderam, uns continuaram em sua cidade recusando-se a fugir, outros simplesmente emigraram. Não mantivemos contato por muito tempo, tivemos uns cochicho...