Oi docinhos, estávamos com saudade. Não esqueçam de comentar nosso capítulo.
XVIII
RICARDO
O fato da cidade ter se tornado em um inferno por um dia não mudou em nada na raiva do pai de Ricardo, parecia que ele tinha feito a pior coisa do mundo e não apenas deixar que o carro da família fosse apreendido. Se o pai do garoto conseguisse soltar fogo pelas narinas já teria chamuscado meia cidade apenas para chegar na delegacia e remover o veículo.
O jovem se encontrava calado por todo o caminho apenas ouvindo as broncas do pai e se controlando para não responder, pois, já estava ferrado o suficiente. Seu celular vibra no bolso da frente e ao puxar nota ser uma mensagem de Gabriela, sua irmã:
Ei, traz batatinha e marshmalow pra mim. 👐
Estou com desejo.
Ao ler isso involuntariamente sorriu, sua irmã sempre tinha esses "desejos", ele digita depressa antes que o pai volte da sala em que fora para assinar a papelada da liberação do carro:
Haha, por acaso você tá gravida? Não, né? Então não me venha com essa de desejo.
Menos de dez segundos depois vem a resposta:
Como você sabe que eu não tô gravida? E se eu tiver?😮 Vai me deixar passando vontade?😢
Ele revira os olhos:
Sim, sem sombra de dúvidas!
E além do mais, castigo vulgo sem cash.A irmã apenas envia uma carinha chorando. O pai dele retorna o fuzilando de tanto ódio mal contido, guardando o celular novamente no bolso ambos se direcionam ao estacionamento da delegacia sem dizer nada. É deixado em casa e mais uma vez o pai reforça o fato de ele está de castigo e não poder sair para lugar nenhum.
O velório havia sido como todos os outros, tristes, barulhentos e esquisitos. Ricardo conseguira ver as amigas juntas nas cadeiras um pouco mais a frente que a sua, estava com sua família e assim que tudo acabou seu pai praticamente os obrigou a sair do ginásio. Foram para um restaurante japonês bem distante de toda aquela movimentação e ele reconheceu como sendo o favorito da sua irmã. Ricardo achou estranho estarem lá, já que seus pais detestavam aquele em especial e mais ainda sushi. Mesmo desconfiando da atitude suspeita dos pais não comentou nada, não estava com moral para questionar algo.
O ambiente do restaurante era agradável, música ao vivo, saquê servido como entrada, Gabi estava feliz, era visível no seu olhar, se sentia bem. Ela e Ricardo pedem uma barca grande de sushi enquanto os pais se contentam apenas com yakisoba, as pessoas da mesa ao lado comentavam baixinho sobre o acontecimento que com certeza tinham marcado a cidade, especulavam, um até comentou sobre uma possível crise financeira, mas Ricardo não deu muita atenção porque a comida tinha chegado e para ele nada era mais sagrado do que comer.
Minutos depois o pai começa a pigarrear, tirando a atenção dos filhos da comida para ele:
— Bem, vocês devem estar querendo saber o porquê desse jantar, não é mesmo? — ele os encara buscando algum questionamento oral, como este não veio ele simplesmente prossegue: — eu estou ficando velho, vocês sabem...
— Não pai, o senhor é um coroa enxuto. — interrompe a jovem.
Ricardo observou a mãe repreender sua irmã pelas palavras com um olhar duro.
— ... e como vocês também sabem o negócio da família precisa de alguém jovem, forte e hábil para ser o responsável.
O rapaz se contorceu em sua almofada, sabia onde ele queria chegar, e já imaginava o que isso iria acarretar.
— Seu pai já não está mais dando conta das demandas e é por isso que chegou a hora do sucessor. — com a fala da mãe os filhos ficam paralisados, com um turbilhão de pensamentos martelando em suas cabeças.
— Na verdade, sucessora. — corrige o homem que beira os cinquenta anos. — Você, Gabriela, irá assumir os trabalhos, vou te passar as informações que precisa e ensinar as coisas que vai precisar para bem servir o nosso senhor. Afinal de contas Ricardo não daria conta do serviço, mal sabe trabalhar na farmácia.
A jovem não conseguia nem ao menos se mexer, Ricardo toca na sua coxa o que faz com que ela enfim saia do transe em que aquelas palavras a tinham colocado. A animação sumiu dos seus olhos.
— Ah, Rogério, não fale assim dele. — repreende a mãe. — Não se preocupe, querida. Você vai perceber que é mais fácil e simples do que imagina. — tenta acalmá-la ao perceber o desespero da visão da moça.
Não conseguiram mais tocar na comida, Ricardo pensa ser um desperdício, já que estava tão bom, mas não conseguia mais imaginar-se comendo e seu estômago revirou. O garçom chegou com a conta e quatro biscoitinhos da sorte, relutante ele quebrou e leu sua mensagem.
A sorte favorece a mente bem preparada, era o que estava escrito no seu biscoito. Ele revirou os olhos, era perfeito, até mesmo um biscoito estava lhe lembrando que era um inútil hoje.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Penumbra
FantasyFomos caçados, mutilados e mortos. Os poucos de nós que sobreviveram ao massacre fugiram e se esconderam, uns continuaram em sua cidade recusando-se a fugir, outros simplesmente emigraram. Não mantivemos contato por muito tempo, tivemos uns cochicho...