BÔNUS

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Vamos, Vinelly! Está quase na hora.
Alice acorda, e o que vê a deixa assustada. Aquele não era seu quarto e ela não fazia ideia de onde estava e a quem pertencia à voz que lhe chamava ou o mais importante, aquela não era ela, percebeu assustada.
— Hã? — Pergunta a garota, totalmente confusa. — O que está na hora?
— Vocês Vinelly são sempre lerdos assim, ou você é uma exceção? — Debocha uma moça que aparentava ter a mesma idade que Alice, ou pelo menos a aparência que ela acreditava ter.
— Desculpe, mas você pode explicar o que está acontecendo? — Pergunta Alice, agora totalmente acordada.
— Você bateu com cabeça durante o sono? — Responde a mesma garota.
— Maria, deixa isso para lá. Estamos atrasadas, esquece essa boboca. — Diz uma menina mais nova que Maria, porém, muito parecida com a mesma.
— Vão vocês na frente. Deixa que explico para Nicole no caminho. — Fala outra garota.
— Boa sorte, Teresa, porque essa aí, nem com reza brava. — Maria sai puxando a outra garota menor com ela.
— Sei que vai parecer estranho, mas onde estamos? — Pergunta Alice, porém tem medo da resposta.
— É estranho mesmo, mas você Nicole, é estranha até no nome! — Responde Teresa com um sorriso. — Estamos no ano de 1877, em uma cidade ao sul do Brasil. Você é Nicole Vinelly, sou Teresa Maslavak, da Rússia. Todos nós vinhemos de um mesmo antepassado comum. Somos todos os Videntes e neste exato momento está ocorrendo a maior reunião de videntes que se tem notícia. Os Vinelly são considerados os melhores no ramo, seus dons vão muito além de apenas prever o futuro. Lembra disso?
Alice estava atônita, tudo só poderia ser mesmo um sonho. Ninguém sai por aí em pleno século XIX falando de forma tão atual ou usando gírias, ou pelo menos pensava que não. Quem sairia chamando os demais de bobocas? Precisava saber mais. Alisou as saias armadas que vestia (céus ela estava vestida a caráter!).
— Da Rússia, diz você?
Teresa riu.
— Você me fez a mesma pergunta essa manhã! Minha mãe vidente nascida aqui mesmo no Brasil, casada com meu pai que nasceu em Novosibirsk¹ na Rússia.
Alice nem pode responder, pois, Teresa saiu puxando ela pelo braço, indo em direção ao lugar da tal reunião. A garota foi tagarelando o caminho todo, mas Alice acabou se desligando do falatório. Estava absorta observando as pessoas na rua, todas vestidas como ela. Sua cabeça parecia que ia explodir, ela só queria entender o que estava acontecendo.
— Nicole, o que te aconteceu? — Perguntou Teresa. — Você está tão estranha.
— Nada. — Respondeu Alice dando de ombros, pois, nem ela mesma sabia.
Teresa e Alice/Nicole chegam ao local da reunião. A garota observou o ambiente com olhos ainda mais sobressaltados. Estavam todos sentados formando um círculo, homens e mulheres, alguns aparentavam ser bem velhos — mais velho do que Alice achava possível —, cada um estava com uma vela na mão. No meio do círculo encontrava-se um livro aberto.

— Por que, cada um tem uma vela de cor diferente nas mãos? — Pergunta Alice à Teresa.
— Cada família tem sua cor, os Maslavaks são representados pelo azul. As pessoas reunidas aqui são representantes de uma família. — Responde Teresa.
— O que é aquele livro no centro? — Pergunta.
— Esse é o grimório dos videntes, o primeiro, cada espécie tem o seu. — Diz Teresa. — E cada família tem uma derivação desse que você vê aí no centro. Esses grimórios tem propriedades que só a família que o detém domina, como se fosse a especialidade de cada umas.
Alice volta a observar o salão, e seu olhar cai sobre uma senhora que está segurando uma vela lilás nas mãos. Curiosa ela pergunta a Teresa:
— Quem é a senhora, que está com a vela lilás na mão?
— Você realmente não está no seu juízo perfeito. — Diz ela sacudindo a cabeça. — Mas, enfim, ela é Lúcia Vinelly, sua avó e uma das mais poderosas representantes. Quando ela se for, você assumirá o lugar dela.
Lúcia olha para Alice como se pudesse ver sua alma. Alice sente um arrepio percorrer sua coluna e acaba cortando o contato visual com a senhora.
— Antes que você que comece com suas perguntas, vou te explicar uma coisa. — Diz Teresa. — É muito perigoso estarmos reunidos aqui, pois, muito poder junto chama a atenção de pessoas indesejáveis. Nós já estamos fugindo e nos escondendo há muito tempo. Precisamos arriscar se quisermos ter um futuro. Sem sacrifícios não há vitória. Os representantes erguem as mãos e começam a cantarolar algo que, de início, Alice não fazia ideia do que se tratava, mas após alguns instantes se deu conta de que estavam conjurando um feitiço.
As velas se apagam de repente e a única luz que havia no local era provida da lua, que brilhava imponente no céu.
— Pensei que conjurar feitiços, fosse coisa de bruxas. — Diz Alice.
— Não exatamente. — Explica Teresa. — Teoricamente todos podem conjurar feitiços, porém, as bruxas são especialistas nessa área. Elas dominam a arte da magia como nenhuma espécie, mas nos também temos os nossos truques. A garota abre um sorriso orgulhoso. Mesmo sem saber quem era aquela menina, Alice tinha certeza que gostaria de ser amiga dela. As velas acendem se sozinhas e no centro do círculo apareceu uma mulher. Seus eram cabelos negros e compridos, ião até o meio de suas costas. Seu vestido é mosaico de cores que se movimentavam sobre o tecido esvoaçante, era como se cada cor nele representasse uma vela. Alice não pode ficar mais encantada.
— Meus filhos. — Diz ela com um largo sorriso. — Quanto tempo.
Ela abre os braços, com esse tivesse abraçando a todos e Alice sente uma repentina onda de calor invadir seu corpo a qual ficou impressionada.
— Infelizmente o tempo que nos foi dado é curto. — Lamenta-se ela. — Vamos direto ao ponto.
Dito isto ela vira-se para Alice/Nicole e fala:
— Alice, querida, venha até aqui. Ela, por sua vez, olha assustada para a mulher.
— Eu? — Pergunta Alice apontando para o próprio peito.
— Sim. Alice caminha para o centro do círculo. Teresa, Maria e as outras garotas olham abismadas para ela.
— Quem é você e oque estou fazendo aqui? — Pergunta ela a mulher.
— Sou Jasmine, mãe de todos vocês. Sou a primeira vidente. Você, assim como os outros neste lugar,
são meus descendentes e você está aqui porque eu lhe convoquei.
— Minha mãe é Amanda Vinelly, não você! E, por que me convocou?

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